Low profile, Luís Manuel Vicente é um empresário discreto que prefere estar longe dos holofotes da fama. Porém, não é por isso que deixa de estar presente na lista dos maiores patrimónios nacionais, ranking elaborado pela revista Forbes Portugal, que o coloca na 39ª posição, com uma fortuna avaliada em cerca de 295 milhões de euros. É dono do Grupo Luís Vicente, dedicado à produção e comércio de frutas que está na origem da sua fortuna e que faz parte, atualmente, do Grupo Nuvi, que inclui já várias áreas de atividade, na sua maioria em Angola.
O seu pai, igualmente Luís Vicente, iniciou, no final da década de 60, a operação de produção e comércio de pera rocha do Oeste, a partir da zona de Torres Vedras, instalando, nos anos 70, o primeiro armazém na Freixoeira. Expandiu-se para os Açores em 1984 e iniciou, três anos depois, o comércio de frutas tropicais, que atualmente já se estende a Portugal, Espanha, Holanda, Brasil, Costa Rica, Angola, entre outros.
Colocado na 39ª posição da lista dos 50 milionários nacionais, Luís Vicente é detentor de uma fortuna avaliada em 295 milhões de euros, cuja maior parcela está em Angola.
Em 1997 o grupo constituiu a Globalfrut, uma organização de produtores, que comercializa pera rocha, maçã royal gala, nectarinas e ameixas, e que conta com 63 associados, numa área de perto de 500 hectares. Ao longo dos anos, o pequeno grupo, já liderado pelo filho – que entretanto foi comprando parcelas às suas duas irmãs – , foi crescendo e foi somando marcas como a Plump, para a fruta tropical, a Frubis, de fruta desidratada, a Maria, marca de fruta portuguesa, e a Kibala, legumes para o mercado angolano.
Do Grupo Luís Vicente faz ainda parte a Nuvi Industrial, criada em 2006, com o objetivo de produzir fruta fresca cortada, tendo hoje também a fruta desidratada no portefólio, e a Sunfruit, uma unidade produtiva em Ferreira do Alentejo. Em 2018 adicionou à lista a Abrunhoeste. Atualmente o negócio hortofrutícola está agregado no Grupo Nuvi, que tem uma atividade já diversificada para outras áreas, tais como as bebidas, o retalho, a higiene do lar e alimentar, a logística, a construção civil e o catering.
A aposta no mercado Angola
Depois de detetar oportunidades em Angola, Luís Vicente instala no continente africano a maior parte dos seus negócios. Na área das bebidas, o grupo investiu numa parceria e criou a Refriango, uma das maiores indústrias de Angola, para a produção de sumos, águas e cervejas, e é detentora de marcas como o refrigerante Blue, os sumos Nutry, a cerveja Tigra, a água Pura, entre muitas outras, num total de 15 marcas. A empresa tem uma capacidade de produção de 1,9 mil milhões de litros ao ano e detém 24 linhas de enchimento que correspondem a mais de 150 produtos.
Também em Angola detém ainda a marca Mega Cash&Carry, que opera a partir de Luanda desde 2010, insígnia da qual saiu a rede de retalho alimentar Bem Me Quer, que assenta em franchising, e detém mais de 300 lojas. Também no retalho, mas na área do mobiliário e lar, o empresário investiu na criação das lojas Kinda Home, negócio que começou em Angola e chegou a Portugal em 2018, com um investimento de 20 milhões de euros na primeira unidade, instalada no Porto. A marca abriu quatro espaços em Portugal, mas anunciou o ano passado que estava a desinvestir no país, tendo intenção de fechar as lojas da cadeia.
Em 2023, o Grupo Nuvi anunciou uma joint-venture com a Jerónimo Martins para a produção de fruta, mais especificamente mandarina, nectarina, pêssego e ameixa, unindo-se a um dos maiores impérios nacionais.
Conheça aqui o top ten da lista da FORBES Portugal dos 50 portugueses mais ricos.