A Worldcoin, projeto inovador cofundado por Sam Altman que surgiu com o objetivo de criar a maior rede financeira de preservação de privacidade do mundo, lançou esta semana o seu token.
A empresa concebeu um sistema de verificação de identidade e humanidade, chamado WorldID, a partir de uma validação feita através de umas esferas (Orbe) que reconhecem a identidade, através da íris.
Depois de termos acompanhado a fase Beta do projeto, que teve Portual como “piloto”, conversámos com Pedro Trincão Marques, manager do mercado ibérico da plataforma cripto, que nos pôs ao corrente do que se pode esperar com o lançamento oficial deste novo token WLD.
Após a fase Beta, chega a fase de lançamento do projeto Worldcoin. Quantos utilizadores se registaram?
Pedro Trincão Marques: Em Portugal, chegámos recentemente à meta dos 170 mil utilizadores registados. E à escala global, na semana passada também chegamos aos 2 milhões de utilizadores registados, portanto chegamos ao segundo milhão em menos de metade do tempo do primeiro.
Quando estamos a falar dos registos, estamos a falar do registo completo de pessoas que têm o seu World ID, utilizando a esfera da Orbe?
Sim, exatamente. O que sucede é que nós acelerámos nas sete geografias onde estamos. Portanto, estamos a expandir nesses sete mercados-chave. Portugal e Espanha na Europa, Índia na Ásia, Quénia e Uganda na África e Argentina e Chile na América do Sul, sendo que começámos a expandir para outras geografias. Estes são aqueles países onde nós temos uma pegada superior. No mês passado, entrámos na Alemanha também. Estamos a entrar no Japão, na Coreia do Sul, e a fazer uma série de expansões a nível global, porque a nossa grande visão é chegarmos a todo o mundo. E agora, neste momento, estamos a fazer o lançamento oficial. Portugal foi um dos mercados escolhidos para um período de teste.
O que podemos esperar a partir de agora?
Quando o registo é feito, nós distribuímos o nosso token, que é feito para a futura governance do protocolo. E é na prática o momento em que o token deixa de estar numa fase beta e passa a ser transacionável. A partir desse momento a moeda passa a ter um valor e a pessoa vai poder usá-la para o que quiser. Essa é uma das coisas que vai acontecer. Além disso, vamos escalar. Neste momento temos 200 órbitas no mundo e vamos escalar para 1.500, o que significa que vamos acelerar ainda mais a nossa pegada a nível global.
Vamos estar em mais de 35 cidades em 20 países. Em Portugal, por exemplo, posso dizer-lhe que vamos aumentar a nossa pegada de Lisboa para o Porto e para o Algarve já no mês de julho. Portanto, já no mês de julho vamos aumentar a pegada para o Porto e para o Algarve.
A Worldcoin estava a valer $2.1, neste dia 27 de julho.
Que uso poderão dar à Worldcoin?
Não posso especular sobre isso, é algo que eu não posso comentar. A única coisa que eu posso dizer é que vai estar disponível para as pessoas poderem acederem a ele. Atualmente as pessoas recebem um World Coin Token por semana por fazerem parte do protocolo. Desde segunda-feira é algo que as pessoas passaram a ter acesso, podendo trocar, enviar entre si, tal como as outras criptomoedas.
Vamos utilizar mais orbes no mundo e vamos lançar uma nova aplicação. À data de hoje, o que acontece é que eu, para redimir o Worldcoin, tenho que me deslocar fisicamente a uma orbe para fazer a verificação da íris. Para chegarmos a pessoas onde fisicamente nós não temos ainda uma orbe, vamos disponibilizar uma feature que permite que a pessoa possa começar a reservar o Worldcoin. Portanto, vamos imaginar que alguém é de Braga, por exemplo, e não pode ir ao Porto, onde temos espaços com Orbes e só vai ao Porto daqui a dois meses; pode começar a redimir o Worldcoin na sua aplicação. Os Worldcoins não são seus ainda, portanto é quase que uma promessa que serão seus. E depois quando vai ao orbe já tem dois meses de redimir a moeda e a partir do momento em que faz a verificação consegue receber tudo o que fez até à altura.
Que crescimento esperam? Quais são os vossos objetivos?
Nós atualmente estamos a fazer em média, a nível global, cerca de 40 mil verificações por semana e nós acreditamos que até ao final do ano chegaremos às 100 mil por semana. Em Portugal, eu diria que, atualmente, fazemos 2 mil verificações por semana, e provavelmente chegaremos às oito mil por semana até ao final do ano.
A nossa ideia será escalar, fazendo com que a disponibilidade geográfica das Orbes seja cada vez maior, para já ao Porto, mas muito provavelmente num futuro próximo a outras cidades que depois anunciaremos. Pensamos também fazer quase uma tour por várias cidades, por capitais distritos, para que geograficamente não seja um problema. Queremos que o protocolo seja o mais inclusivo possível e que todas as pessoas adiram. Sabemos que Lisboa e Porto são as áreas com maior densidade populacional no país, mas queremos chegar a todo lado e faremos um esforço para que isso aconteça, com uma equipa de comerciais locais.
Há pouco tempo anunciámos uma parceria com a Talent Protocol, que é uma startup portuguesa na área dos recursos humanos. Portanto, tenho na prática uma plataforma semelhante ao LinkedIn, mas na Web3. As pessoas têm acesso ao seu próprio currículo na blockchain. E é na prática a verificação do World ID. Para verificar que cada pessoa que está naquela plataforma é humano único, tem a verificação com o World ID. E é esse tipo de coisas que queremos continuar a fazer.
Portugal continua a ser um mercado muito importante para a World Coin, não é à toa que uma das primeiras parcerias do WorldID foi feita em Portugal, onde nós temos mais Orbes. Dos 2 milhões de utilizadores mundiais, 170 mil fizeram o registo em Portugal.
Que evolução futura poderá ter o vosso projeto?
A missão da World Coin é criar uma rede de identidade financeira a nível global que permita trazer as pessoas para o mundo digital, permitindo-lhes transacionar ativos e enviar dinheiro para o Brasil ou para o Quénia ou para a Uganda, por exemplo.
Com a escalada de tecnologias como as deepfakes [colocar em vídeo pessoas a exprimirem palavras que nunca disseram, ou mesmo substituir caras, criando situações falsas], a nossa tecnologia permite também dar uma prova de humanidade a toda as pessoas no mundo da internet. Se houver uma prova de que aquilo que eu estou a ver, aquilo que eu estou a interagir é de facto real, é significativo e acho que é game changer e parte do nosso objetivo é esse também. E há outra parte também que é, toda essa tecnologia nova vai gerar novas fontes de rendimento e vai fazer com que a sociedade tenha que se reinventar. A nossa rede e o nosso protocolo podem ser um caminho para um rendimento básico incondicional à escala global. Conseguimos garantir que todas as pessoas que estão na nossa rede têm uma carteira, têm uma entidade única e não sabemos quem são. Portanto, se essa realidade à data de hoje dependia de governos e de bancos centrais, em que é preciso saber o nome, o cartão de cidadão, o IBAN, com o nosso protocolo, é programar. A ideia é descentralizar esse processo.
Vemos um futuro em que haverá mais empresas a colaborar para o protocolo da WorldCoin que é gerido pela WorldCoin Foundation. Portanto, se houver entidades que querem colaborar e que querem, de alguma forma, ajudar o protocolo a crescer e adaptar os serviços para o protocolo, nós estamos abertos a isso. Então, é uma coisa com a qual nós vemos com muita naturalidade.
Neste momento temos as Orbes em centros comerciais sobretudo por serem espaços com muito tráfego pedonal e com fáceis acessos. Estamos a estudar várias formas de estar presentes em espaços públicos, na rua, por exemplo, com uma banca diferente, ou fazer um tour por empresas e darmos acesso ao protocolo.
Em termos de staff português, que recursos tem a Worldcoin?
Temos uma equipa ibérica, portanto, nós fazemos os dois países, Portugal e Espanha. Trabalhamos com empresas portuguesas que contratam pessoas em Portugal para fazerem a divulgação, a promoção e para operarem a Orbe. Temos mais de 50 pessoas a trabalhar connosco em Portugal. E temos também um centro de suporte no Porto, onde temos cerca de 10 pessoas. No total em Portugal, estamos a empregar diretamente e indiretamente cerca de 70 pessoas.
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