O homem mais rico do mundo, Elon Musk, finalmente concluiu o seu acordo de US$ 44 biliões (cerca de 43,6 mil milhões de euros) para assumir o Twitter e rapidamente começou a trabalhar na reconstrução da empresa de acordo com a sua visão, demitindo executivos como o CEO Parag Agrawal.
Musk está já a colocar o seu dedo na gestão da empresa e até publicou um vídeo no Twitter em que se vê o executivo a transportar um pesado lavatório de casa de ganho, com um ar muito sorridente. Nesse post escreveu: “Entering Twitter HQ – let that sink in!”, uma frase idiomática que quer dizer algo como “A entrar na sede do Twitter – pensem no que isto significa”.
Entering Twitter HQ – let that sink in! pic.twitter.com/D68z4K2wq7
— Elon Musk (@elonmusk) October 26, 2022
Mas, afinal, que mudanças já aconteceram e que outras novidades se podem esperar?
Expulsão de executivos: Uma das primeiras medidas de Musk foi abrir a porta a vários executivos de alto escalão, de nível C, incluindo Agrawal e o CFO Ned Segal, avançou a CNBC pela primeira vez na noite desta quinta-feira.
Demissões em massa: Musk planeia demitir cerca de 75% dos funcionários do Twitter quando assumir o poder, de acordo com documentos e entrevistas obtidos pelo Washington Post na semana passada, indicativos do relacionamento muitas vezes hostil de Musk com o Twitter e das críticas contundentes às suas políticas de moderação de conteúdo, acusando anteriormente a sua equipa de ter um “forte viés de esquerda” (Musk teria dito à equipa do Twitter na quarta-feira que o número de 75% é impreciso). “O pássaro [símbolo do Twitter, n.d.r.] é libertado”, escreveu Elon Musk na sua conta do Twitter.
Alterando a experiência do utilizador do Twitter: Musk pretende lançar várias mudanças no site, incluindo a cobrança de uma pequena taxa para utilizadores comerciais e governamentais, reduzir o número de contas falsas e spam do site, alterar o algoritmo de conteúdo para aprimorar a “liberdade de expressão”, afrouxar as suas regras de moderação e adicionar um botão editar para todos os usuários.
Possível retorno de Trump (e Kanye): Musk disse em maio que planeia restaurar a conta no Twitter do ex-presidente Donald Trump, que a plataforma baniu em janeiro de 2021 “devido ao risco de mais incitação à violência” após o motim do Capitólio que resultou em perdas de vidas, embora Trump afirme que não voltaria a juntar-se e permanecerá na sua n ova plataforma Truth Social – Musk também já tinha apoiado Kanye West, chamando o rapper de “amigo” antes de o Twitter banir West no início deste mês por ameaçar violência contra judeus.
Implicações na Tesla: o analista da Wedbush, Dan Ives, estimou na semana passada que Musk pode precisar de vender outros US$ 5 a US$ 10 biliões em ações da Tesla para financiar o negócio de compra do Twitter, somando-se aos cerca de US$ 30 biliões que ele já vendeu este ano. As ações da Tesla caíram mais de 40% desde 4 de abril, quando Musk divulgou a sua participação de 9% no Twitter, em grande parte devido a preocupações com o negócio de Musk e a eventualidade de a aquisição da empresa de redes sociais poder desviar a sua atenção da gestão do fabricante de veículos elétricos.
App X: Musk disse que pode utilizar o Twitter para construir o que ele chama de “aplicação tudo” X, uma App que pode reunir uma variedade de serviços não relacionados, como redes sociais, mensagens, entrega de alimentos e pagamentos sob o mesmo guarda-chuva, no modelo do WeChat da Tencent na China.
Musk e o Twitter tinham um prazo fixado pelo tribunal (de até sexta-feira) para fechar a aquisição ou enfrentar um julgamento. Musk aparentemente confirmou que o acordo avançaria quando ele mudou a frase na sua biografia no Twitter para “Chief Twit” e compartilhou um vídeo dele na sede da empresa. A Bolsa de Valores de Nova Iorque suspendeu as negociações no Twitter para sexta-feira em antecipação ao fecho do negócio.
Episódios da “novela”
Depois de equacionar opôr-se, o Twitter aceitou a OPA de Musk pela empresa em abril, avaliando a empresa em US$ 54,20 por ação, um prémio de cerca de 30%.
Em julho, Musk tentou formalmente desistir do acordo, alegando que a empresa o enganou conscientemente sobre a presença de bots no site, levando o Twitter a entrar com uma ação no Tribunal de Delaware para forçar a aquisição. Musk disse ao Twitter em 3 de outubro que seguiria em frente com o acordo nos termos originais, evitando o julgamento de Delaware originalmente previsto para começar em 17 de outubro.
Uma reportagem da Bloomberg na quinta-feira passada sobre o facto de o acordo de Musk para ficar dono do Twitter poder enfrentar uma possível revisão de segurança nacional devido à amizade de Musk com a Rússia assustou brevemente os investidores, embora a Casa Branca negue que tal revisão esteja em curso. Twitter e Musk não responderam imediatamente ao pedido de comentário da Forbes.
Overpaid que fica para a história
“O preço de US$ 44 biliões do Twitter cairá como uma das aquisições de tecnologia com um sobrepagamento [overpaid foi a expressão usada, n.d.r.] maior na história dos negócios de fusões e aquisições”, comentou o analista da Wedbush, Dan Ives, numa nota aos clientes, estimando um valor de mercado real de US$ 25 biliões para o Twitter.
Tomando por base os US$ 54,20 por ação dados por Musk, os investidores que apostaram no negócio estão agora “eufóricos”, incluindo o bilionário Carl Icahn, que segundo o Wall Street Journal deve lucrar até US$ 250 milhões depois de comprar mais de US$ 500 milhões em ações do Twitter por cerca de US$ 35 neste verão.
Avaliação FORBES
Estimamos que o património de Musk valha US$ 221,5 biliões, tornando-o a pessoa mais rica do planeta em US$ 62 biliões. A fortuna de Musk caiu mais de US$ 100 biliões este ano, quando as ações da Tesla perderam valor em relação ao pico da pandemia.