Como nasceu a marca Avatim?
Mônica Burgos – A Avatim nasceu há 21 anos, em Ilhéus no sul da Bahia, a partir do sonho que eu e o Cesar partilhávamos de investir num negócio próprio e vimos no ramo do marketing olfativo a oportunidade para o fazer. A palavra Avatim vem do tupi-guarani e significa cheiros da terra, o que representa a forte ligação que temos com as nossas raízes e a nossa cultura. O nome da marca remete à terra de onde vêm os elementos que tanto enriquecem os nossos produtos. Apesar de produzirmos produtos de cosmética e de perfumaria, o nosso negócio é focado no bem-estar. A verdadeira essência da Avatim é ser um refúgio de boas sensações.
Como tem sido a evolução no mercado brasileiro e quais os segmentos na indústria de cosméticos e perfumaria onde atua?
Mônica Burgos – Respeitando a nossa origem e a Mata Atlântica do sul da Bahia, a Avatim retira a sua inspiração da biodiversidade brasileira para desenvolver os mais de 400 produtos que temos no portfólio atual. Desde difusores de essências, perfumes para interiores, hidratantes, esfoliantes, sabonetes, colónias, até outros produtos ligados ao bem-estar, todos produzidos sem recurso a testes em animais e livres de parabenos. Atualmente, a Avatim tem 250 lojas no Brasil e uma rede com mais de três mil revendedores e distribuidores.
Em termos de produção como está estruturada Avatim?
Mônica Burgos – A nossa fábrica fica em Ilhéus, na região de Mata Atlântica, no sul do estado da Bahia. Alguns anos depois da abertura das nossas lojas no estado de São Paulo, decidimos criar um Centro de Distribuição que possibilita o envio dos produtos para outros estados das regiões sul e sudeste do Brasil. No início do ano, criamos um “Office” em Lisboa. O espaço funciona como ponto de credenciação e atendimento dos revendedores em Portugal, para além de receber o consumidor final e assegurar o stock de produtos.
Qual a estratégia delineada em termos de expansão da marca?
Cesar Fávero – Para além do Office Avatim, que acabamos de referir, contamos agora com a abertura da nossa primeira loja oficial em Portugal, localizada no Saldanha Residence, em Lisboa. Mas até final do ano, contamos abrir ainda outro ponto de venda nesta cidade. No total, para 2024, temos a expetativa de abrir mais 50 unidades, cinco delas na Europa.
A Avatim abre novo caminho na internacionalização. Porquê a entrada agora no mercado português cuja dimensão é pequena e onde já proliferam várias marcas deste segmento?
Cesar Fávero – A internacionalização da Avatim já fazia parte da nossa estratégia de expansão há alguns anos. Mas com a pandemia, os nossos planos acabaram por ser adiados e agora finalmente podemos inaugurar a nossa primeira loja fora do Brasil. Escolhemos Portugal pela proximidade cultural com o Brasil e por considerarmos o país como “porta de entrada” para a Europa. Para além disso, a extensa comunidade brasileira em Portugal, que já conhece os nossos produtos, pode ajudar-nos a divulgar a qualidade da marca.
De que forma pretendem avançar com esta presença no mercado português? Há planos para avançar com o regime de franchising ou serão apenas lojas próprias?
Cesar Fávero – A ideia é reproduzir na Europa o plano de franchising que seguimos no Brasil, mas por enquanto, a aposta é feita apenas em lojas próprias. Desta forma, sentimos o pulso do mercado europeu para traçarmos, com mais segurança, o nosso plano de expansão neste continente. E se tudo correr como previsto, a nossa expetativa é abrir mais cinco lojas em 2024, podendo elas ser lojas próprias ou franchising.
Quantos postos de trabalho vão criar?
Mônica Burgos – Nas unidades inauguradas este ano, criámos 10 postos de trabalho. Mas para além disso, potenciamos honorários para cerca de 40 revendedores, já registados em Portugal, entre Lisboa e Porto. Com a abertura de mais cinco lojas na Europa para o próximo ano, prevemos pelo menos, criar mais 25 postos de trabalho.
Quais as expectativas face a esta aposta em Portugal? Qual o investimento destino ao mercado português?
Cesar Fávero – No primeiro semestre deste ano abrimos o Office Avatim em Lisboa. O escritório funciona como ponto de captação e apoio a revendedores da marca em Portugal, além de poder comercializar os produtos para o consumidor final. Agora, inauguramos oficialmente a nossa primeira loja em Portugal, que fica no Centro Comercial Saldanha Residence, em Lisboa. O próximo passo será abrir, ainda este ano, um novo ponto de venda em Lisboa e ao juntarmos todas estas operações, a Avatim investiu aproximadamente um milhão de euros.
Qual vai ser o vosso público-alvo? E quais acreditam vão ser os produtos “estrela” junto do público português?
Mônica Burgos – O perfil do consumidor esperado para a Avatim em Portugal é semelhante ao que já temos no Brasil. Em geral, são pessoas acima dos 25 anos, interessadas por cosmética e produtos de bem-estar e que revelam preocupação com as questões ambientais. O público da Avatim é composto maioritariamente por mulheres, com uma representação de 80% dos consumidores. Entre os produtos do nosso portfólio que consideramos que vão ter destaque no mercado europeu estão o Açúcar em Óleo, a Deo Colónia Gigi – que já recebeu um prémio internacional de perfumaria –, os difusores de essências e os perfumes para interiores com as nossas fragrâncias exclusivas.
Está prevista uma campanha de comunicação nos diversos meios relativa a esta aposta em Portugal? Vão contar com caras conhecidas associadas à divulgação dos produtos?
Cesar Fávero – Já temos prevista uma estratégia ampla de comunicação para Portugal, tanto no digital como no offline. Mas por enquanto, estamos focados na cidade de Lisboa, onde estão localizadas as nossas lojas. O nosso marketing está focado no reforço do posicionamento da marca, então vamos trabalhar juntamente com influenciadores digitais e imprensa local para que a Avatim se torne conhecida no País e seja uma opção de compra, tanto para os portugueses como para os brasileiros que aqui vivem.
Além de Portugal, quais os mercados na Europa onde pretendem investir?
Cesar Fávero – A nossa estratégia foi entrar na Europa por Portugal, mas o nosso objetivo de expansão aponta para mais países da União Europeia. Os nossos próximos passos incluem lojas em Espanha e em França.
Chegam ao mercado português depois de o mundo ter enfrentado uma pandemia. De que forma o cenário de pandemia atrasou os vossos planos estratégicos?
Cesar Fávero – A pandemia adiou um pouco os nossos planos de internacionalização. Então decidimos começar pela abertura de uma distribuidora e criar o Office Avatim para revendedores. Agora que já demos esse passo, a inauguração desta loja em Portugal representa um marco importante nos mais de 20 anos de história da Avatim.
A marca pretende fazer a diferença no que toca à biodiversidade…
Mônica Burgos – A Avatim tem como fator diferencial a sua origem no Brasil e a sua inspiração na biodiversidade brasileira à qual recorre para desenvolver os seus produtos. Isso serve para criar uma relação cada vez mais próxima com os portugueses e europeus, ao apresentarmos o melhor do Brasil ao mundo. A expansão da Avatim não se reduz apenas a questões económicas, a difusão da cultura do nosso país faz parte dos nossos valores.
Qual o vosso percurso antes de serem fundadores Avatim?
Mônica Burgos – Na altura eu estava à procura de uma mudança na minha vida e, decidi abandonar a minha carreira de oito anos enquanto advogada em Itabuna, no Sul da Bahia, e fui para o Rio de Janeiro à procura de uma formação na área da moda. Como autodidata que sou, procurei aprofundar os estudos na área do marketing olfativo e entender como os aromas podiam representar uma marca e fidelizar os clientes. Então quando regressei à Bahia, já enquanto Consultora de Moda, comecei por vender porta a porta, aromatizadores artesanais comprados numa empresa localizada em Teresópolis, no Rio de Janeiro. No início, visitava as lojas das amigas na cidade de Itabuna, mas o sucesso nas vendas foi tanto, que acabei por me tornar a melhor cliente da empresa, que fabricava estas fragrâncias com embalagens simples, mas com perfumes marcantes e com boa fixação. Durante as minhas vendas, em Salvador, eu apresentava a ideia de eternizar na memória das pessoas, a identidade olfativa das marcas através dos aromatizadores e funcionava!
Cesar Fávero – E foi aí que eu cheguei! E perante todo este potencial da Mônica enquanto vendedora, convidei-a logo para pudéssemos criar juntos uma empresa no ramo olfativo. Eu sou paranaense, mas mudei-me para a Bahia há quase 30 anos, depois de abandonar uma carreira estável no Banco do Brasil. Sou licenciado em marketing pelo que rapidamente identifiquei o potencial dos produtos que a Mônica vendia e fizemos um upgrade na apresentação dos produtos. Assim, em 2002, nasceu a Avatim, que significa, em tupi-guarani, cheiros da terra.