A economia portuguesa deverá entrar em contração no próximo ano, seguindo assim a trajetória de outras economias do euro. Os especialistas da Allianz Trade, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, mantêm a estimativa de um crescimento de 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal neste ano de 2022. Contudo, para o próximo ano antecipam agora uma contração de 0,3%, quando, em julho, acreditavam que a economia nacional poderia expandir 1,7% em 2023.
Quanto à inflação, a Allianz Trade reviu em alta as suas previsões, estimando que a inflação em Portugal se situe nos 7% neste ano e nos 4,3% em 2023. Anteriormente, a estimativa era de uma inflação de 5,6% em 2022 e de 3% no próximo ano.
A guerra na Ucrânia, a escalada dos preços da energia e a quebra de confiança das empresas e famílias continuam a penalizar a evolução das economias, o que levou a Allianz Trade a rever também as suas estimativas para o crescimento na Zona Euro.
Os economistas da acionista da COSEC, no recente estudo Lights out! Energy crisis, policy mistakes and uncertainty, estimam que a economia do euro avance 3,1% neste ano e registe uma contração de 0,8% em 2023.
No início do verão, a seguradora de créditos previa que o PIB do bloco da moeda única avançasse 2,8% neste ano e 1,5% no próximo.
“A Zona Euro entrará em recessão no próximo ano e a médio prazo as perspetivas económicas não são muito animadoras. Os preços da energia devem continuar elevados, a limitação no fornecimento de gás natural, conjugada com a incerteza geopolítica persistente e com as limitações ao nível das políticas, fazem aumentar os receios de um prolongamento da recessão em 2024. A Alemanha, que tem uma economia assente numa indústria fortemente exportadora, será uma das geografias que vai enfrentar um contexto económico desafiante”, afirma Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz.
As previsões da acionista da COSEC apontam para que a Alemanha cresça 1,6% em 2022 e para uma contração económica de 1,3% em 2023.
A França, também um importante mercado para as exportações nacionais, deverá registar um crescimento económico na ordem dos 2,5% neste ano e uma contração de 0,6% no próximo ano. A Espanha, outro parceiro comercial importante para as empresas portuguesas, deverá ver o seu PIB avançar 4,3% em 2022 e contrair 0,3% no próximo ano.
Inflação superior a 8%
Os economistas da Allianz Trade estimam que a Zona Euro termine o ano de 2022 com uma inflação de 8,3%, o que representa uma revisão em alta face à previsão revelada no início do verão. Para 2023, a líder de seguro de créditos prevê que a taxa de inflação se situe nos 5,6% no bloco do euro.
“Na Zona Euro, a inflação pode atingir o seu pico, próximo dos 10% no quarto trimestre de 2022 e manter-se acima dos 4% no último trimestre de 2023. Ainda assim, são cada vez mais os sinais de que as dificuldades nas cadeias de abastecimento mundiais, bem como, as expectativas de preços das empresas já atingiram o seu ponto mais alto à medida que a procura por bens está a enfraquecer rapidamente. Como resultado disso, acreditamos que excesso de inventário no setor transformador e na construção podem ajudar a baixar a inflação em 2023”, admite Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz.
Entre as quatro principais economias do euro, a Alemanha deverá ser uma das que estará a braços com uma das taxas de inflação mais elevadas: 8,5% neste ano e 6,2% em 2023.
No caso da economia francesa, este indicador deverá atingir os 5,5% em 2022 e 4,3% em 2023.
Já a Espanha deverá fechar este ano com uma taxa de inflação de 9% e no próximo ano atingir os 5,7%.
À escala mundial, as previsões apontam para que a taxa de inflação neste ano seja de 7,9% e de 5,3% em 2023.
Os Estados Unidos da América, a maior economia do mundo, deverão apresentar uma inflação de 7,8% em 2022 e de 2,9% no próximo ano.
Já a China, a segunda maior economia do mundo, deverá terminar o ano com uma subida dos preços na ordem dos 2,1% e de 2,2% no próximo ano.
Economia mundial deverá crescer 1,5% em 2023
Os efeitos da guerra na Ucrânia e a elevada taxa de inflação estão a ter efeitos sobre a maioria das economias mundiais. Neste sentido, as estimativas para a evolução do PIB mundial foram revistas em baixa pela Allianz Trade. Os economistas perspetivam que a economia mundial avance 2,7% em 2022 e 1,5% em 2023.
Já a economia norte-americana deverá crescer 1,4% em 2022 e contrair 0,7% no próximo ano. O PIB da China, a segunda economia mais forte do planeta, deverá escalar 2,9% em 2022 e 4,5% em 2023.