Pedro Lopes, Secretário de Estado da Economia Digital de Cabo Verde e Conselheiro do World Economic Forum, revelou na “Forbes Annual Summit 2023: Empower the Future” que Cabo Verde vai ter um parque tecnológico (TechPark) em 2024, com condições fiscais favoráveis para atrair investidores.
Este governante explica que o país está “a construir um parque tecnológico para toda uma região”, na zona de Achada Grande Frente, nas imediações do Aeroporto Internacional da Praia ‘Nelson Mandela’, sublinhando as potencialidades criadas pela localização estratégica de Cabo Verde que colocam os investidores dentro de África e perto dos EUA, pois este é “o país africano mais próximo dos EUA”.
Destacando que Cabo Verde fez uma grande aposta no reforço dos valores democráticos e da estabilidade, com “uma liderança política comprometida”, Pedro Lopes sublinha o investimento “forte nas infraestruturas” para que Cabo Verde, embora seja uma nação pequena (de cerca de 500 mil habitantes), ofereça grandes condições até para atrair a diáspora que é o triplo da população local residente.
Neste momento – afirma Pedro Lopes – os cabo-verdianos têm acesso a praças digitais (“Konektas”) que permitem aos cidadãos o acesso gratuito à Internet sem fios a partir de pontos estratégicos e das praças públicas municipais.
Segundo Pedro Lopes, o acesso à Internet em Cabo Verde é o dobro da média africana, tendo sido instalado o Accelerator Lab Cabo Verde, com talento cabo-verdiano e focado em três pilares chaves da economia e do desenvolvimento do país: Economia azul, Economia digital e o Turismo.
Para o futuro está prevista a assinatura de várias parcerias, uma das quais com a Microsoft, para ajudar a construir uma economia digital, uma “oportunidade”, na perspetiva do secretário de Estado.
Quando falamos de economia digital fala-se em capital e em mercado. Nós temos mercado, o africano”. Para Cabo Verde atrair o capital, Pedro Lopes está convicto de que o caminho será investir em força no capital humano: “O talento vem primeiro e depois virá o capital”.
“Queremos que a diáspora regresse e que as pessoas de outros países venham para Cabo Verde. Queremos atrair talento para Cabo Verde”, diz o governante que pretende que as pessoas associem Cabo Verde a um “país do futuro”.
“Queremos transformar este país através do digital”, diz.
Foi nessa lógica, aliás, que Cabo Verde esteve na Web Summit, com a maior representação de países africanos no evento tecnológico de Lisboa.
“Quem quer viver em Nova Iorque com aquele trânsito?” quando pode estar a trabalhar em Cabo Verde, afirmou, com uma pitada de boa disposição, declarando que o as ligações aéreas serão algo, igualmente, a reforçar. O governante declara que “esta nova geração não é só movida a dinheiro; é movida a propósito”, havendo outros valores relevantes em cima da mesa.
Segundo Pedro Lopes, os “portugueses também podem contribuir para este ecossistema [de desenvolvimento digital] de Cabo Verde.
O objetivo é tornar Cabo Verde num país relevante num mundo, mostrando que as periferias podem tornar-se relevantes, dando o exemplo da Estónia, na Europa, e do Ruanda, no continente africano, como casos que demonstram que a aposta de Cabo Verde é possível.
O secretário de Estado indicou que tem vindo a ser implementada uma estratégia de formação para reconverter jovens desempregados em programadores: “Queremos ser um centro de excelência em Cabo Verde. O digital tem de ser falado como ferramenta de escala social”, lembrando a oportunidade criada pelo digital, designadamente, para o rosto do desemprego que é jovem e feminino”.
Assumindo que o projeto de transformação digital visa levar as soluções tecnológicas “made in Cabo Verde” para a África Ocidental, Pedro Lopes diz que o objetivo “não é dividir o mundo analógico do digital” e que mesmo profissões tradicionais, como carpinteiros ou pedreiros poderão beneficiar da digitalização, através da criação de domínios e plataformas dos seus negócios. O governante lembra, inclusive, que há ums start-up cabo-verdiana que desenvolveu uma plataforma para dar escala a estas profissões: “Não podemos deixar para trás ninguém”, sendo importante “envolver empresas e pessoas mais velhas também”: a digitalização “tem de ser inclusiva”.