Catorze meses depois de destronar Jeff Bezos como a pessoa mais rica do mundo, o patrão da Tesla e do Twitter perdeu a sua coroa esta quarta-feira – pelo menos brevemente. Mas não é Bezos quem Musk deve responsabilizar.
A ultrapassagem que Bernard Arnault fez a Musk ocorreu por duas ocasiões esta quarta-feira, 7 de dezembro, tornando-se a pessoa mais rica do mundo.
Arnault “valia” cerca de US$ 184,7 biliões, com Musk atrás dele com uma diferença de US$ 100 milhões, no valor de US$ 184,6 biliões.
No entanto, quando os mercados dos EUA fecharam, Musk tinha recuperado a liderança, com um património líquido estimado em US$ 185,4 biliões, o que traduzia US$ 700 milhões a mais que Arnault.
Musk ultrapassou Bezos…
Em 27 de setembro de 2021, Elon Musk ultrapassou Jeff Bezos, da Amazon, como a pessoa mais rica do mundo pela primeira vez. Quando instado a comentar esse dia, o CEO da Tesla enviou um e-mail à Forbes, referindo: “Estou a enviar uma estátua gigante do dígito ‘2’ para Jeffrey B., juntamente com uma medalha de prata”.
… Arnault ultrapassou Musk…
No entanto, catorze meses depois, Musk foi por alguns minutos o legítimo dono do troféu de vice-campeão. Mas não é Bezos quem ele deve “culpar”.
Por uma breve janela de tempo no final da manhã de quarta-feira nos EUA, a pessoa mais rica do mundo foi Bernard Arnault, do conglomerado francês de artigos de luxo LVMH. Depois de trocar de lugar com Bezos, terceiro homem mais rico do mundo, durante grande parte de 2021, Arnault conseguiu mesmo ficar no topo do ranking da Forbes dos mais ricos do mundo, com um património líquido de US$ 185,4 biliões (Musk “valia” US$ 185,3 biliões e os dois têm trocado de lugar periodicamente desde então).
… Musk ultrapassou Arnault
No fecho dos mercados, nos EUA, Musk recuperou o primeiro lugar. As fortunas dos dois homens são quase as mesmas – separadas por apenas US$ 200 milhões – então não será surpresa se eles continuarem a trocarem de posições no ranking da Forbes dos mais ricos do mundo.
Fortunas muito semelhantes
Arnault acrescentou algumas centenas de milhões de dólares à sua fortuna na manhã de quarta-feira, à medida que as ações do seu conglomerado de luxo subiam. Mas com as ações da LVMH estáveis este ano, Arnault deveu, fundamentalmente, o seu estatuto como a pessoa mais rica do mundo principalmente ao dramático colapso do preço das ações da Tesla. Isso fez derrubar, temporariamente, o património líquido do CEO da Tesla, que chegou a US$ 320 biliões em novembro de 2021, depois do gigante de aluguer de carros Hertz anunciar uma grande encomenda ao fabricante de veículos elétricos norte-americano.
Ações da Tesla em baixo
Foi um ano de resultados mistos para a empresa à qual Musk deve a maior parte da sua fortuna, com as ações a terem um desempenho que pode qualificar-se como horrível. As ações da Tesla caíram quase 50% no ano. Isso é quase 20 pontos percentuais pior do que o Nasdaq como um todo. Musk, que possui quase 25% da Tesla entre ações e opções, agora vale 43% menos do que o seu pico em novembro de 2021.
Desde que registou receita e lucros recordes no primeiro trimestre de 2022, abrindo caminho para Musk valer US$ 23 biliões, o desempenho da Tesla foi prejudicado por problemas na cadeia de fornecimento, principalmente devido à política zero-COVID da China. As entregas diminuíram pela primeira vez em dois anos durante o segundo trimestre e, embora a empresa tenha superado as expectativas de lucro ajustado por ação dos analistas no segundo e terceiro trimestres, ela relatou receitas abaixo dos dois trimestres.
Twitter afetou valorização da Tesla
A valorização da empresa também acabou por sair afetada com a aquisição do Twitter por Musk por US$ 44 biliões, levando à queda no preço das suas ações, as quais perderam quase metade do seu valor desde que a aquisição foi anunciada pela primeira vez em 14 de abril.
De meados de abril ao início de novembro, Musk vendeu ações da Tesla no valor de US$ 19,3 biliões (antes dos impostos), presumivelmente para financiar a aquisição do Twitter, pressionando para baixo as ações do fabricante de veículos elétricos. Além disso, os temores dos investidores da Tesla de que o Twitter seria uma distração para Musk também se mostraram bem fundamentados.
Com as ações de tecnologia afundando, Musk passou quase meio ano a tentar encontrar uma saída para a aquisição do Twitter, mas finalmente foi forçado a fechar o negócio no final de outubro.
Desde então, ele assumiu o papel de CEO como “microgestor”, implementando rapidamente uma série de mudanças na plataforma que foram recebidas com rápida reação de utilizadores e anunciantes. A principal delas: cobrar US$ 8 por mês pela verificação da conta e reduzir a moderação de conteúdo do Twitter.
Embora o Twitter provavelmente agora valha muito menos do que os US$ 44 biliões que Musk concordou em pagar em abril, a aquisição em si ainda não prejudicou muito a sua fortuna.
Depois de adquirir quase 9% da empresa com desconto no mercado público antes de divulgar as suas intenções, Musk conseguiu garantir US$ 8,1 biliões em compromissos de capital de um grupo de investidores que incluía o cofundador e ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey. Assim, Musk sobrecarregou a empresa com US$ 13 biliões em dívidas para financiar a sua participação estimada de 82%, mantendo-a fora do seu balanço pessoal.
Essas manobras compensaram principalmente o declínio estimado de 40% no valor do Twitter desde abril. Mas isso não foi suficiente para afastar Arnault na quarta-feira. Se o francês conseguirá se manter no topo é outra questão.
A Forbes continuará a atualizar a alteração da classificação.
