“De certa maneira estou na Fundação Champalimaud porque há uns tempos tive um emprego, que foi o pior que tive na vida, o de ser ministra da Saúde. Porém, por causa disso, alguém se lembrou de me colocar no sítio onde estou hoje”, referiu, há pouco mais de um ano, Leonor Beleza no discurso de agradecimento da entrega do prémio My Forbes, no primeiro evento Forbes Woman Summit, realizado pela revista em Portugal. A gestora está ainda presente na lista das mulheres portuguesas Mais Poderosas nos Negócios, da Forbes Portugal, esta edição na categoria de Responsabilidade Social, devido ao seu trabalho à frente da organização.
Nada na altura daria a entender que a gestora da Fundação Champalimaud, escolhida pelo próprio filantropo, quando entregou à criação desta fundação com o seu nome uma parte da sua fortuna, gostaria de voltar à vida política ativa. Depois de várias experiências políticas – entende que todos os cidadãos devem fazer política de alguma forma, e participar na vida cívica – a de ser ministra da Saúde foi uma má experiência que não voltaria a repetir.
Ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira, Leonor Beleza tem sido uma ativista reconhecida de causas públicas, nomeadamente na área da saúde, da investigação científica e na transferência deste conhecimento para a sociedade.
Porém, o seu nome já tinha sido apontado como possível candidata às próximas presenciais, situação que sempre rejeitou. Agora, surpreendentemente, acaba de ser anunciada no 42º Congresso do PSD, a decorrer este fim-de-semana em Braga, por Luís Montenegro como a primeira vice-presidente do partido, numa direção totalmente paritária. Leonor Beleza sucede assim a Paulo Rangel. O presidente do PSD mantém apenas um dos atuais vice-presidentes – Inês Palma Ramalho –, a quem se juntam, além de Leonor Beleza, Rui Rocha, Lucinda Dâmaso, Alexandre Poço e Carlos Coelho. Hugo Soares mantém-se como secretário-geral do PSD, anunciou Montenegro.
Estará assim aberto o caminho para uma candidatura a Belém, apesar da executiva ter posto de parte essa hipótese de parte em setembro último?
Leonor Beleza: uma vida recheada e ativa
Poucas mulheres em Portugal acumulam um currículo tão brilhante e diversificado como o de Leonor Beleza. Está como presidente da Fundação Champalimaud desde a sua criação em 2004, por desígnio do próprio António Champalimaud, o empresário português que criou um império industrial e financeiros e doou parte da sua fortuna – cerca de 500 milhões de euros – para a criação desta instituição, que é hoje uma referência mundial na área da saúde. A Fundação Champalimaud faz investigação em áreas de ponta, tendo como prioridade estimular descobertas que beneficiem a vida das pessoas, nomeadamente na área da neuropsiquiatria e do cancro.
Natural do Porto, Leonor Beleza viveu em Coimbra até aos nove anos. Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa, foi professora nesta instituição durante alguns anos. Em 1982 tomou posse como secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, e entre 1983 e 1985 foi Secretária de Estado da Segurança Social, tendo sido depois ministra da Saúde de 1985 a 1990.
“A primeira vez que tive uma oportunidade pública de fazer um statement político foi sobre os direitos das mulheres”, disse Leonor Beleza em entrevista.
Depois desta passagem por três governos constitucionais, foi vice-presidente do PSD e reeleita como deputada. Foi ainda Vice-presidente da Assembleia da República. Estava como presidente do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, e como docente, quando assumiu o cargo da Fundação Champalimaud. Através do seu centro clínico, já com 10 unidades e 8 serviços, a Fundação Champalimaud desenvolve atividade na área da Oncologia e Neuropsiquiatria, vocacionada para a inovação e investigação.
Ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira, Leonor Beleza tem sido uma ativista reconhecida de causas públicas, nomeadamente na área da saúde, da investigação científica e na transferência deste conhecimento para a sociedade. Foi uma das grandes ativistas nacionais no que concerne aos direitos da mulher. “A primeira vez que tive uma oportunidade pública de fazer um statement político foi sobre os direitos das mulheres”, disse em entrevista.