A Worldcoin está a tomar medidas para reforçar a segurança dos dados dos utilizadores e permitir que estes apaguem os seus registos de íris da plataforma. Através da eliminação permanente do código de íris que a Worldcoin gera ao registarmo-nos na app, vai ser possível ‘desverificar’ a nossa identidade da plataforma. Mas esta é apenas uma das duas atualizações que a empresa norte-americana anunciou, recentemente.
Vai ser possível ‘desverificar’ a nossa identidade da plataforma.
Agora, também é necessário deslocarmo-nos a um stand da Worldcoin, em pessoa, para que a empresa confirme a nossa data de nascimento. A plataforma, que se vê envolta em polémicas, visa garantir que todos os seus utilizadores são maiores de idade.
A Worldcoin vai garantir que todos os seus novos utilizadores têm mais de 18 anos.
Lembre-se que a Worldcoin emergiu como um projeto inovador que usa tecnologia biométrica baseada nas características únicas dos padrões da íris dos nossos olhos, para verificar a identidade única de cada utilizador que se regista na plataforma. Não só é uma nova criptomoeda, a WLD, como a Worldcoin tem uma aplicação, a World App, que passa a servir como um “passaporte digital” para conseguirmos verificar a nossa identidade em ocasiões em que tal seja preciso. Este passaporte é conhecido como World ID.
A empresa, liderada por Sam Altman, da OpenAI, tem sido alvo de controvérsia devido aos vários debates éticos inerentes à “troca” dos nossos dados biométricos por criptomoedas. A Forbes explorou, em detalhe, algumas das questões éticas suscitadas, aqui.
Ao apagar a nossa identidade digital da plataforma – dados estes recolhidos através das orbs que fazem um scan à nossa íris em stands da Worldcoin – a representação numérica da textura única dos nossos olhos, um código, é eliminado permanentemente dos registos da empresa.
Uma vez solicitada a sua eliminação, a identidade digital do utilizador (isto é, o nosso ID) tornar-se-á inválido.
Se quisermos voltar a re-verificar a nossa humanidade, é preciso esperar 6 meses para o fazer. A Worldcoin assim o exige para evitar quaisquer tentativas de fraude. É, também, apenas uma vez terminado esse período de meio ano, que o nosso código de íris é eliminado e irrecuperável.
Esta nova opção em pouco nos surpreende – as críticas à Worldcoin exigiram que assim fosse. Vários especialistas em privacidade e segurança juntaram-se para a tornarem possível, incluindo a start-up BayLDA, a autoridade supervisora da Worldcoin na União Europeia.
Nos locais em que existem as tais orbs (necessárias para a controversa verificação da nossa identidade), vão estar presentes funcionários externos – que não pertencem à Worldcoin, supostamente – que vão verificar a idade de todos aqueles que querem entrar nos stands de verificação da empresa.
A reação de alguns governos face às exigências biométricas desta nova criptomoeda e ‘passaporte digital’, tem sido de alto ceticismo e grande preocupação.
Meses antes da moeda ter sido lançada oficialmente ao público, a própria BayLDA terá dado inicio a uma investigação à Worldcoin devido a preocupações inerentes à privacidade dos seus utilizadores.
Em 2023, a Worldcoin foi obrigada a suspender as suas atividades na Índia e no Quénia. Neste último, o governo queniano interrompeu todas a atividades locais associadas à plataforma. A Worldcoin diz querer reintroduzir os seus serviços na Índia ainda este ano, e está a tentar retomar operações no Quénia.
O mês passado, a Worldcoin suspendeu temporariamente as suas operações em território português, uma decisão assumida pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). Em Espanha, a Worldcoin também foi suspensa. Os franceses e os alemães começaram as suas próprias investigações. Em dezembro de 2023, o Brasil, a Índia, e a França, já tinham deixado de permitir os serviços da Worldcoin nos mesmos.
Em resposta direta a estes mais recentes desenvolvimentos, a Worldcoin reafirmou o seu compromisso para com a ética e a transparência em todas as suas operações.
Estas novas medidas alinham-se com os esforços da Worldcoin em mitigar as (várias) preocupações do público, ao mesmo tempo que continua a promover a sua visão de um futuro em que a nossa identidade digital (e, portanto, a nossa humanidade, uma vez verificada) é essencial nesta nova era de inteligência artificial.
Como a Forbes Portugal referiu anteriormente, a suspensão temporária da Worldcoin, cá e noutros países, serve como um lembrete vívido da importância de uma abordagem responsável e transparente no que toca ao desenvolvimento (e à implementação) de soluções tecnológicas inovadoras. É necessário equilibrar inovação com uma intocabilidade nos princípios fundamentais de privacidade e segurança dos nossos dados.
Os debates a que temos assistido ultimamente, longe de resolvidos, desafiam-nos a (re)pensar sobre o futuro da identidade digital. A Worldcoin, que em muito lidera o início deste nosso novo capítulo, insere questões de ética e transparência em contextos pouco antes explorados.