O cantor norte-americano Tony Bennett, que deu voz a clássicos como “I left my heart in San Francisco”, morreu hoje aos 96 anos, em Nova Iorque.
A morte do cantor, que tinha sido diagnosticado com Alzheimer em 2016, foi confirmada à agência de notícias norte-americana Associated Press pela agente Sylvia Weiner.
Tony Bennet ficou famoso no início dos anos 1950 com sucessos como “Because of you”, tendo relançado a sua carreira a partir de meados dos anos 1990, com duetos com figuras ‘pop’, destacando-se mais recentemente com Amy Winehouse e Lady Gaga.
A par de Sinatra, Perry Como e Dean Martin, Tony Bennett é apontado com um dos mais importantes cantores norte-americanos de origem italiana, que dominaram o panorama musical norte-americano durante décadas.
Filho de imigrantes italianos, Anthony Dominick Benedetto nasceu em 1926, em Nova Iorque, onde acabaria por morrer e foi descoberto para a música, em 1949, pelo comediante norte-americano Bob Hope.
Ao longo da carreira, venceu 18 prémios Grammy, incluindo um de Carreira em 2011, e venceu mais de 50 milhões de discos em todo o mundo.
O cantor atuou algumas vezes em Portugal, as últimas das quais em 2003, nos casinos do Estoril e da Póvoa de Varzim. Há também registo de concertos de Tony Bennet em Portugal em 1988 e em 1998.
A última aparição pública de Tony Bennett aconteceu em agosto de 2021, no espetáculo com Lady Gaga “One Last Time”, no Radio Music City Hall, em Nova Iorque, dois meses antes da edição do segundo álbum que gravou com a cantora, “Love for Sale”, que seria o último da sua carreira.
Tony Bennett passou também pela Sétima Arte, tendo-se estreado no cinema em 1966 no filme “Sucesso sem escrúpulos”, de Russell Rouse. Mais tarde voltou ao cinema, mas a fazer de si próprio, em filmes como “Uma questão de nervos”, de Harold Ramis, e “Bruce, o todo poderoso”, de Tom Shadyac.
Aos 64 anos, foi transformado num desenho animado da série “The Simpsons” e, aos 82, teve uma participação na série “A vedeta”, da HBO.
Entre os parcerias que destacou na sua carreira, está o encontro com o pianista de jazz Bill Evans (1929-1980), que resultou em algumas sessões ao vivo e nos discos “The Tony Bennett Bill Evans Album”, de 1975, e “Together Again”, de 1977, nos quais interpretaram clássicos em duo como “Some Other Time”, de Leonard Bernstein, Betty Comden e Adolph Green, “Waltz for Debby”, do próprio Bill Evans com Gene Lees, e “Days of Wine and Roses”, de Henry Mancini e Johnny Mercer.
Em 2017, numa entrevista à revista digital JazzWax, de Marc Myers, Tony Bennett lembrou a parceria e o modo como o trabalho com Bill Evans o marcou. Recordou então um diálogo com o pianista, antes de um concerto, quando este lhe disse “apenas interessava seguir a verdade e a beleza” da música e “ficar por aí”.
“Segui o conselho de Bill [Evans] e pensei nas suas palavras durante todo o concerto. Ainda hoje penso no que ele me disse naquela noite, antes de sguir em frente.”
Lusa