A TAP está a ser forçada a cancelar voos pelo facto de vários elementos das tripulações estarem em isolamento devido à COVID-19, designadamente devido à nova variante do coronavírus, a Ómicron.
Só entre os dias 31 de dezembro e 1 de janeiro foram efetuados 24 cancelamentos na TAP.
O cancelamento de voos devido a infeções ou por isolamento profilático devido a contactos de risco com infetados é algo transversal a todas as companhias aéreas. O site FlightAware refere, a nível mundial, um total de 4.294 voos cancelados a nível global, apenas no dia de ontem. E por volta das 10 horas de hoje, a cifra já ia nos 3.439 voos cancelados, ainda que não sejam enunciadas as causas de todos estes cancelamentos.
A leitura dos dados facultados pelo FlightAware indicam que ontem a TAP tinha cancelado 9% de voos e hoje, até por volta das 10h, a empresa já tinha cancelado 6% de voos. Novamente, aqui não são indicadas as várias causas para esses cancelamentos, mas tudo leva a crer que uma boa parte das razões são imputáveis à COVID-19.
Operação está a ser ajustada
No caso da TAP, a empresa que “tem vindo a ajustar a sua operação para fazer face a um pico de absentismo das tripulações”, o que tem levado ao cancelamento de alguns voos, “sendo os passageiros acomodados noutros voos da TAP ou de companhias parceiras”.
No seu site, a companhia refere que “tenta cancelar os voos que possam ser afetados pela falta de disponibilidade de tripulações o mais cedo possível e protege imediatamente os passageiros em outros voos”.
Passageiros contactados por mensagem são informados sobre o novo voo.
Os passageiros de quem a TAP tem contactos receberão uma mensagem da companhia aérea informando do novo voo e, se desejarem fazer quaisquer alterações à solução encontrada pela TAP, podem seguir o link na mesma mensagem para o fazer, online.
Se o bilhete relativo ao voo cancelado foi reservado através de uma agência de viagens, a companhia pede aos passageiros que os contactem para que possam reservar de novo o voo.
Numa mensagem interna a que a agência Lusa teve acesso, a TAP pediu aos chefes de cabine que se voluntariem para desempenhar, em face da falta de pessoal, funções que, por norma, não são as suas, como as de comissários de bordo, isto em face da falta de pessoal.
Este pedido foi já criticado pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), argumentando que “existem outras medidas para fazer face às dificuldades de operação, nomeadamente a reposição do período normal de trabalho para 100%, aumentando assim também o rendimento dos tripulantes”.
Para o SNPVAC, pedir que chefes de cabine façam as vezes de comissários e assistentes de bordo, “extravasa claramente os princípios estabelecidos no acordo de empresa”, explicou à Lusa.
Na mesma mensagem interna a que a Lusa teve acesso, a TAP reconhece que “este convite extravasa claramente os princípios estabelecidos em acordo de empresa”, deixando “inteiramente ao critério individual, e em total liberdade, o sentido da resposta ao mesmo”.
A TAP apela à compreensão dos seus colaboradores “para a excecionalidade da atual conjuntura”, referindo esperar “poder ultrapassar rapidamente esta situação disruptiva e restabelecer a normalidade da operação”.
Na perspetiva do SNPVAC, a situação, que está a acarretar “graves prejuízos para a empresa, para os seus clientes e para a economia e imagem do país”, referindo que “estes cancelamentos refletem o desajuste do quadro de tripulantes de cabine face à necessidade operacional”.
TAP classificada no “Top 5” das companhias aéreas mais seguras do mundo
Toda esta agitação ocorre na semana em que se ficou a saber que a TAP integra o “Top 10” das companhias aéreas mais seguras do mundo, posicionando-se em 5º lugar a nível mundial e sendo a primeira da Europa. A classificação atribuída pela plataforma AirlineRatings, que se dedica a avaliar companhias aéreas de todo o mundo, tendo em consideração critérios como: acidentes em cinco anos; registo de incidente sério ao longo de dois anos; auditorias de órgãos governamentais e da indústria da aviação; auditorias governamentais; iniciativas de segurança líderes da indústria; idade da frota, e protocolos de segurança COVID-19.
De acordo com o editor-chefe da AirlineRatings.com, Geoffrey Thomas, “a TAP Air Portugal tem um excelente histórico de segurança e isso não é surpreendente, pois manteve a sua frota jovem e sempre procurou as melhores aeronaves e foi uma das primeiras a adotar grandes avanços em segurança. O seu registo de incidentes nos últimos dois anos tem sido um dos melhores e a companhia aérea não sofreu uma fatalidade na era moderna”.
“A TAP Portugal tornou-se uma referência em segurança aérea e os seus protocolos COVID são líderes da indústria”, conclui Geoffrey Thomas.
A TAP, que dispõe apenas de Airbus (num total de 82 aeronaves Airbus, entre A320, A330 e A330neo), tem uma frota de 8,1 anos de idade.
“Esta distinção honra-nos muito. Continuaremos a posicionar implacavelmente a segurança como prioridade máxima”, comenta a CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener.
Lançado em 2013, o AirlineRatings avalia os padrões de segurança e de produto de mais de 400 companhias aéreas, usando um sistema de estrelas, que atribui de acordo com a idade da frota, o histórico de acidentes e com parâmetros de segurança definidos pela International Air Transport Association (IATA) – no que diz respeito à certificação IOSA –, pela International Civil Aviation Organization (ICAO) e pela norte-americana Federal Aviation Authority.
Em vez de apenas considerar todos os incidentes e avaliar uma companhia aérea como fazem algumas agências de classificação, os editores de AirlineRatings.com olham para também para os incidentes graves e avaliam todas as dimensões para aferir se estão apenas ligados à companhia aérea ou a outros fatores relacionados com o fabricante da aeronave ou questões de ATC. “É fundamental entender por que o incidente ocorreu e como a tripulação reagiu”, explica Geoffrey Thomas.
A Air New Zealand lidera o ranking.
Ranking | Companhia aérea |
1 | Air New Zealand |
2 | Etihad Airways |
3 | Qatar Airways |
4 | Singapore Airlines |
5 | TAP Air Portugal |
6 | SAS |
7 | Qantas |
8 | Alaska Airlines |
9 | EVA Air |
10 | Virgin Australia/Atlantic |
11 | Cathay Pacific Airways |
12 | Hawaiian Airlines |
13 | American Airlines |
14 | Lufthansa/Swiss Group |
15 | Finnair |
16 | Air France/KLM Group |
17 | British Airways |
18 | Delta Air Lines |
19 | United Airlines |
20 | Emirates |
A AirlineRatings também identificou o “Top 10” das companhias aéreas low-cost mais seguras. Por ordem alfabética, estas foram as “low cost” destacadas: Allegiant, easyjet, Frontier, Jetstar Group, Jetblue, Ryanair, Vietjet, Volaris, Westjet e Wizz.