Foi na passada sexta-feira que o grupo espanhol deu início à sua dispersão em bolsa, tornando-se de imediato um dos mais importante IPO deste ano na Europa. A multinacional de origem espanhola, presente em 32 países, é dona de 17 marcas de moda e cosmética, entre próprias e licenciadas, sendo que entre elas estão as luxuosas marcas Carolina Herrera, Jean Paul Gaultier, Nina Ricci e Rabanne. Estas quatro são marcas próprias e contribuíram com mais de mil milhões de euros de vendas. O grupo tem ainda licenças para a Louboutin, para o setor da cosmética, Banderas e Adolfo Dominguez, na área dos perfumes. Detém ainda participações minoritárias em marcas como a Isdin, Granado e Scent Library.
Marc Puig e o seu primo Manuel Puig Rocha (são cerca de 14 os descendentes da terceira geração), são os únicos presentes atualmente no conselho de administração da empresa espanhola.
A Puig angariou cerca de 2,6 mil milhões de euros no dia do arranque da negociação, tendo iniciado a cotar os 24,50 euros. Hoje, segundo dia de negociação, está a cotar a 24,64 euros. A avaliação bolsista da empresa no arranque da operação situava-se em mais de 13 mil milhões de euros. Fica de fora do índice IBEX35, porque não pode entrar nos primeiros seis meses, mas se estivesse ocuparia o 15º lugar em termos de capitalização bolsista após a sua admissão à cotação.
Família detém parcela de cerca de 10 mil milhões de euros
Segundo os analistas da plataforma online XTB este poderá ser o IPO mais importante do mercado espanhol desde a operação da Acciona Energia em 2021, e uma das operações mais relevantes na Europa desde o início do ano. A decisão de abrir o capital pela empresa liderada por Marc Puig Guasch, membro da família fundadora, surgiu após resultados recorde em 2023, com vendas que ascenderam a 4,3 mil milhões de euros, o que representou 18% acima do ano anterior. O lucro atingiu os 465 milhões de euros e o EBITDA os 775 milhões de euros. Ou seja, a empresa deverá rever as suas projeções para 2025, já que tinha previsto atingir os 4,5 mil milhões de euros nessa data, sendo que praticamente foram alcançados em 2023. Aliás, o grupo tinha previsto atingir os 3 mil milhões em 2023 e ultrapassou-os muito antes disso.
Empresa ultrapassou todas as previsões e faturou 4,3 mil milhões de euros em 2023, muito acima do estimado.
Segundo os analistas de XTB, é importante definir os dois tipos de ações detidas pela Puig, pois nem todas têm os mesmos direitos de voto: as ações A, detidas pela família Puig têm direito a cinco votos na assembleia geral de acionistas, enquanto as ações B, emitidas no âmbito do IPO, terão apenas um direito de voto. A família deverá manter cerca de 77% das ações e mais de 90% dos direitos de voto.
Esta valorização atribuiu à família, composta por diversos elementos, uma parcela de cerca de 10 mil milhões de euros de valor bolsista do gigante do luxo. A família estará entre as mais ricas de Espanha, embora não ainda esteja presente no ranking dos bilionários da Forbes Internacional.
Conheça a família Puig
Fundado por Antonio Puig Castelló, em Barcelona, há 110 anos, o grupo é controlado maioritariamente pelos seus descendentes. Nasceu com o foco na cosmética, tendo criado o primeiro batom em stick de Espanha, o Milady Lipstick, em 1922, e em 1940 lançava a famosa Água de Lavanda Puig e oito anos mais tarde surge o L’Air du Temps, de Nina Ricci. A segunda geração, os quatro filhos do fundador, entra na companhia em 1950. O grupo cresceu sobretudo pela aquisição de empresas, que se mantiveram lideradas pelos seus fundadores, incentivando o trabalho em conjunto, concedendo-lhe assim maior convergência de interesses e maior solidez financeira.
Licenciado em Engenharia Industrial, na Universidade da Catalunha, Marc Puig Guasch é neto do fundador e está ao leme da empresa desde 2004. Fez um MBA em Harvard e entrou na companhia da família como diretor da Antonio Puig S.A.. Marc é filho do falecido Mariano Puig Planas, que geriu a pequena empresa criada pelo seu pai e a transformou no império que é atualmente. Mariano esteve presente na condução dos negócios desde 1957, tendo um dia admitido que não tinha «nariz para os perfumes», mas provou que tinha faro para os negócios. Deixou a gestão em 1998, e faleceu, aos 93 anos, em abril de 2021. Deixou mulher e cinco filhos: Marc, Mariam, Ana, Ton e Daniel, e ainda nove netos.
Marc e o seu primo Manuel Puig Rocha (são cerca de 14 os descendentes da terceira geração), são os únicos presentes no conselho de administração da empresa, e Marc anunciou já que não deverão entrar mais elementos nos próximos tempos. Apesar de ser apenas o número dois do grupo, Manuel Puig é o maior acionista da família, com uma fortuna individual calculada (antes desta valorização) pela Forbes Espanha em 1,2 mil milhões de euros, colocando-o entre os 32 mais ricos do país. Marc e os seus irmãos detinham, à data da avaliação da revista espanhola, uma parcela de cerca de 400 milhões de euros cada um.