Há oito anos os irmãos alemães Johannes e Michael Siebers fundaram a empresa Holidu, após umas férias de surf no Baleal, em Peniche. Hoje em dia, a Holidu também oferece soluções para anfitriões através da Bookiply, uma das empresas com maior crescimento na Europa no ramo de alojamentos locais e que, recentemente, recebeu 100 milhões de euros numa ronda de financiamento.
A Bookiply, que conta com dois escritórios em Portugal, Lisboa e Faro, avança com alguns dados do ano de 2022 e fornece uma perspectiva para 2023.
Mesmo antes da pandemia, o mercado de Alojamento Local era um dos mercados de maior crescimento dentro da indústria de viagens. Após a primeira quarentena em 2020, a procura de casas e apartamentos de férias explodiu. Esta tendência é também evidente em Portugal.
Guido Brunelli, Country Lead Portugal na Bookiply, explica: “Embora os hóspedes tenham reservado com menos antecedência nos dois primeiros anos de COVID-19, as pessoas estão agora a reservar novamente com antecedência”.
Cerca de metade das reservas em 2022 tiveram lugar entre 3 e 6 meses antes do início da viagem. Ainda, 15% das estadias durante a época alta foram reservadas com mais de meio ano de antecedência.
Como vai ser 2023?
Relativamente a 2023, “apesar da procura ser elevada, muitos anfitriões ainda não tornaram as suas propriedades reserváveis para o próximo ano. Menos de 70% das casas de férias no Algarve não podem ser reservadas atualmente para o verão de 2023”, afirma Guido Brunelli.
Das 10 cidades mais procuradas em Portugal com uma data de check-in em 2023, sete estão no Algarve. Lisboa, Porto e Funchal completam a lista. Em conjunto, representam mais de 65% do total das pesquisas de destinos dentro do país.
Johannes Siebers, CEO e fundador da Holidu, afirma que “Portugal é um dos países mais visitados e um mercado imensamente importante para toda a indústria de viagens“.
Com a elevada procura, alguns anfitriões aumentaram os preços dos seus alojamentos. Segundo a Bookiply, em julho de 2022, uma casa de férias em Portugal custava em média 144 euros por noite. No Algarve, os preços eram, ainda, mais elevados (191 euros). Já na Madeira os preços eram de 111 euros e noutras regiões da costa de Portugal rondava os 125 euros, estando, assim, abaixo da média.
De acordo com a análise da Bookiply, os preços aumentaram 19% num espaço de dois anos. E agora, tanto a inflação como os custos mais elevados da energia farão com que os preços, provavelmente, aumentem. “Alguns anfitriões já aumentaram moderadamente os seus preços. Estes têm de calcular as suas receitas e despesas de acordo com o seu negócio. No entanto, os aumentos de preços são frequentemente muito inferiores ao que outras indústrias praticam, de forma a manter o negócio a funcionar”, refere Guido Brunelli, da Bookiply.
Turistas estrangeiros regressam ao nosso país
De acordo com a análise desta empresa, a percentagem de visitantes internacionais está de volta aos níveis pré-pandémicos. “Cerca de metade das reservas em 2022 foram feitas por turistas estrangeiros, como foi o caso em 2019. No primeiro ano da pandemia, em 2020, a quota foi de apenas 25%”, disse Brunelli. Em 2022 vieram de Espanha, do Reino Unido, Holanda e Alemanha. As reservas anteriores para 2023 foram feitas principalmente por britânicos, holandeses e alemães.
Com o novo visto para os nómadas digitais, a tendência do workation vai aumentar, estimam os responsáveis da Bookiply.
Passar férias numa casa alugada já estava na moda antes da pandemia. “Contudo, o grupo alvo tornou-se muito mais amplo desde então. Para além das famílias, cada vez mais viajantes individuais, casais e jovens adultos adquiriram um gosto por estas propriedades”, explica Guido Brunelli.
Na perspetiva deste empresário, Portugal tornou-se uma “Meca nómada digital” ao longo dos últimos dois anos. “Esta tendência deve continuar com o novo visto para viajantes nómadas a ser lançado pelo governo. A grande vantagem é que cerca de 85% das casas de férias, em Portugal, estão equipadas com WiFi”, aponra a Bookiply.
Para a maioria das propriedades, os turistas procuram especificamente propriedades com piscina, seguidas por “animais de estimação permitidos” e “internet”.
“Os anfitriões reagiram a esta nova procura e oferecem ligações WiFi de alta velocidade e estáveis nas suas casas de férias”, salienta Guido Brunelli.
Além disso, 40% das propriedades oferecem, aos hóspedes, a sua própria piscina e 35% dos alojamentos locais são adaptados e seguros para as crianças.
Em 18% dos alojamentos, os animais de estimação podem ser trazidos consigo.