Para a geração de executivos que se tornaram nómadas digitais com a pandemia, não há lugar mais acolhedor no mundo do que Lisboa. Esta é a grande conclusão de uma pesquisa da corretora imobiliária Savills Plc, que classificou 15 principais mercados residenciais pela sua capacidade de atraírem trabalhadores remotos de longo prazo. E Lisboa triunfou.
O clima ensolarado da capital portuguesa e o baixo custo de vida levaram a um afluxo de moradores que, uma vez instalados, podem agora realizar as suas tarefas, graças ao teletrabalho.
“A pandemia foi um catalisador para os executivos darem o salto para fora do escritório”, refere Paul Tostevin, diretor de pesquisa mundial da Savills, em declarações à Bloomberg. Para este consultor, “Lisboa oferece as vantagens de viver na cidade e as vantagens de estar na União Europeia”.
Lisboa lidera o ranking graças ainda à elevada qualidade de vida que Portugal oferece. Baixa poluição também é uma vantagem. Lisboa também garante boas ligações internacionais, através do seu aeroporto Humberto Delgado.
A corretora Savills refere que a velocidade da banda larga também está entre as razões pelas quais os trabalhadores remotos estão a ser atraídos para Lisboa, que se tornou um ímã para investidores imobiliários internacionais.
Os analistas realçam o facto de os estrangeiros estarem dispostos a pagar mais do dobro por uma casa em Lisboa do que os compradores nacionais, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística de Portugal.
A Bloomberg salienta os mais recentes indicadores do INE que mostram que os compradores estrangeiros pagaram um preço médio de 4.283 euros (4.576 dólares) por metro quadrado de propriedade em Lisboa no último trimestre de 2021, em comparação com 1.858 euros para os locais.
O aumento da procura elevou os preços dos imóveis na capital portuguesa em 11,4% no mesmo período, “o que significa que alguns compradores domésticos estão a ser forçados a procurar uma casa noutro lugar”, refere a Bloomberg.
“Os jovens profissionais normalmente alugam pequenos apartamentos no centro da cidade”, comenta Ricardo Garcia, responsável pelo Savills Portugal. “Enquanto as famílias procuram casas maiores em Lisboa ou Cascais, à beira-mar perto das melhores escolas internacionais”.
Algarve também em destaque
O Algarve ocupa o quarto lugar, oferecendo muitos dos mesmos benefícios de Lisboa.
Os nómadas digitais também estão, de facto, a migrar para a região sul do Algarve, em Portugal, refere ainda a Savills. Assim, já popular entre os turistas, o clima da região, as praias e as conexões fáceis com o resto da Europa estão a estimular os compradores estrangeiros a comprar casas para usar durante todo o ano.
“As pessoas estão a tornar as suas casas de férias mais permanentes”, disse James Robinson, diretor de vendas da agência no Algarve da QP Savills, à Bloomberg. “Os clientes estão à procura de espaço de escritório, que nem estava na agenda antes, e internet de alta velocidade, que temos aqui”.
Miami e Dubai
Logo atrás de Lisboa está Miami, que se posiciona em segundo lugar no índice da Savills. Uma mistura de incentivos fiscais, taxas de juros baixas e políticas de trabalho remoto tornam a cidade da Flórida um destino popular para compradores que se mudam dos estados do nordeste dos EUA.
Dubai, que é um centro de expatriados bem estabelecido, também obteve uma pontuação alta ao lado de Barbados, Barcelona e Dubrovnik. Não houve cidades asiáticas incluídas no ranking.
Ouvido pela Bloomberg, Ricardo Garcia, diretor de residencial da Savills em Lisboa, diz esperar que o fluxo continue à medida que a cidade cresce o seu estatuto como um hub de tecnologia.