Para perceber a origem do TikTok, é necessário recuar a um tempo em que este nome nem sequer era uma possibilidade. Começou em 2014, quando a aplicação Musical.ly foi criada em Xangai. Nessa altura, a possibilidade de crescimento no mercado norte-americano ficou logo clara, e, em 2016, ByteDance lançou uma aplicação bastante semelhante com o nome Douyin. Esta somou mais de 100 milhões de utilizadores em menos de um ano no mercado asiático. O TikTok surge então como a junção destas duas aplicações, depois de a ByteDance comprar a Musical.ly. Estávamos em 2018, e começava o plano de expansão global.
Há dois fatores que fazem desta plataforma o sucesso que ela é atualmente. Em primeiro, a pandemia causada pela covid-19. Com o mundo inteiro a lidar com um vírus que obrigou as pessoas a ficar confinadas nas suas casas, a procura por entretenimento foi ainda maior do que já é costume. O TikTok ganhou bastante com esse momento. E em segundo: o algoritmo. Na maioria das redes sociais, a dificuldade passa por decifrá-lo, mas neste caso o algoritmo é o que faz tanta gente gostar desta plataforma.
O segredo passa por garantir que o conteúdo vai chegar às pessoas, independentemente do número de seguidores que cada utilizador tenha.
“O TikTok é a primeira rede social que não é uma rede social, é uma plataforma de entretenimento. O algoritmo de recomendação do TikTok é bastante eficiente ao sugerir conteúdos relevantes com base nos interesses e comportamentos dos utilizadores, facilitando a descoberta de novos criadores e tendências”, explica Luís Nolasco Martins, country manager da Primetag.
Com um alcance maior e mais acessível a qualquer pessoa – um vídeo viral é o suficiente para atingir a marca dos milhões de visualizações. O que torna a definição de influência um pouco confusa: apenas os números ditam a influência nesta plataforma?
“O TikTok é uma plataforma de entretenimento onde a qualidade do conteúdo tem mais importância do que o número de seguidores. Tornar-se influente no TikTok não está restrito a um único tipo de conteúdo, mas, sim, à capacidade de cativar e envolver o público, independentemente do formato ou tema. A autenticidade, a criatividade e a consistência são elementos-chave que impulsionam a influência na plataforma. É essencial que os criadores sejam genuínos, explorem os seus interesses e habilidades, e estejam abertos a experimentar diferentes estilos de conteúdo para alcançar a influência desejada e construir uma comunidade fiel de seguidores”, explica Luís.
O que é uma vantagem para os criadores de conteúdo acaba por ser um desafio para as marcas que com eles trabalham. Com as publicações a chegarem a um grande número de pessoas, torna-se difícil conseguir atingir um público-alvo específico. O estudo Primetag Benchmarks TikTok prova isso mesmo. “Um influenciador português tem, em média, apenas 51,33% de audiência portuguesa. Em contrapartida, no Instagram a média de audiência portuguesa é de 69,25%”, diz Luís. Ou seja, uma marca nacional terá mais dificuldade em chegar a uma grande audiência portuguesa pela forma como o conteúdo rapidamente viaja para os quatro cantos do mundo na plataforma.
Sendo assim, só as visualizações contam nesta rede social? Não, é importante ter em conta outras métricas, como a audiência (localização, género, faixa etária), tempo médio de visualização, taxa de engagement, conteúdo. Até porque nem sempre o número de visualizações conta a história completa.
“As visualizações médias no TikTok podem ser um KPI enganoso se não forem adequadamente interpretadas. Existem exemplos que podem inflacionar as visualizações médias, como vídeos virais e conteúdos promovidos. Para uma marca que deseje alcançar determinados objetivos, é essencial que este KPI seja complementado por outros indicadores-chave de desempenho, tais como a relevância do influenciador para o tema em questão e a ressonância do tema junto do público”, continua.
Apesar destas diferenças no algoritmo, acaba por não ser assim tão difícil chegar ao nicho que faz sentido para uma marca, empresa ou qualquer que seja a entidade. A avaliação é feita em duas partes: a análise qualitativa e a quantitativa.
“Numa análise qualitativa, a marca deve verificar se a comunicação do influenciador está alinhada com seus valores, se o conteúdo é relevante para o tema que a marca deseja comunicar e se a audiência do influenciador se relaciona positivamente com esse tema. Essa análise garante uma parceria autêntica e genuína. Numa análise quantitativa, a marca deve considerar indicadores relacionados com o perfil do influenciador, taxa de engagement, alcance médio dos vídeos, entre outros. Essa análise fornece uma compreensão mais detalhada do alcance e do impacto do influenciador junto ao público”, conclui Luís.
A combinação destas duas análises resulta em parcerias bem-sucedidas, mas, para os que querem saltar alguns destes passos, a lista que se segue resume aquilo que é feito no TikTok em Portugal.
Os 40 mais criativos do TikTok português
Lifestyle
@nuriaserrote: 783,4 mil
@constanzaariza: 1 milhão
@lucaswithstrangers: 1,9 milhões
@luanasantos: 720,3 mil
@laviedemariee: 765,3 mil
Viagens
@antoniocncastro: 2 milhões
@joanabranco21: 166,2 mil
@emeciii: 52,5 mil
@lifebymarg: 15 mil
@mafaldavidigal: 36 mil
Humor
@gostodebatatas: 946,9 mil
@mafaldacreative_: 800,3 mil
@ruicarlota: 9,2 milhões
@valtersousa: 1,4 milhões
@kapinhaoficial: 1,3 milhões
Moda
@rita.serrano: 354,1 mil
@kikacgomes: 186,8 mil
@tallblacktiktok1: 11,3 milhões
@luisinha_oliveira: 160,4 mil
@itsgonolivier: 2 milhões
Livros
@mj.faria: 7176
@marianasz30: 8557
@matilde.faria: 3134
@booklover.rtq: 19,8 mil
@bichodagalaxia: 1800
Beleza
@sylvesterdani: 36 mil
@maria.rodriguesx: 29 mil
@helenacoelhooo: 302,6 mil
@joana.gentil: 37,2 mil
@whatevercatarina: 638,5 mil
Música
@heldertavaares: 547,8 mil
@soraiaramoss: 603,4 mil
@miguellmagalhaes: 351,2 mil
@coastel: 18,9 mil
@dama.oficial: 77,4 mil
Educação e Tecnologia
@nunoagonia: 476,9 mil
@andremonteirobmx: 250,2 mil
@deboramonteiroc: 23,3 mil
@newtradinghorizons: 22,3 mil
@a.mensagem.podcast: 2356
Metodologia
Para a elaboração da lista dos mais criativos do TikTok, a Forbes Portugal teve em conta diversos fatores. O número de seguidores, número total de visualizações, a média de visualizações, número de vídeos publicados, taxa de engagement, gostos, comentários e partilhas fizeram parte da análise quantitativa. A nível qualitativo, a Forbes Portugal olhou para o tipo de conteúdo, criatividade, categorias, relevância fora da plataforma e presença em outras redes sociais. Dados da Primetag e Tiktok. Número de seguidores recolhido no dia 14 de agosto de 2023.