EUA, Reino Unido, Europa e Canadá anunciaram que pretendem mesmo bloquear o acesso da Rússia ao sistema SWIFT de transações, como parte de um novo e mais duro pacote de sanções contra Moscovo, por causa da invasão militar à Ucrânia.
A ideia é que as medidas sejam implementadas nos próximos dias, tendo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, referido este sábado que Bruxelas propõe bloquear o acesso de “um certo número de bancos russos do sistema SWIFT”, a plataforma interbancária mundial.
O objetivo é, segundo von der Leyen, “garantir que estes bancos sejam desligados do sistema financeiro internacional e prejudicar a sua capacidade de operar globalmente”.
“À medida que as forças russas atacam Kiev e outras cidades ucranianas, estamos decididos a continuar a impor penalizações à Rússia que a isolarão ainda mais do sistema financeiro internacional e das nossas economias”, salienta a Presidente da CE.
A Comissão Europeia compromete-se ainda a impor medidas restritivas que impedirão o Banco Central da Rússia de utilizar as suas reservas internacionais de forma a prejudicar o impacto das sanções que está agora a anunciar que irá aplicar.
Ursula von der Leyen diz ainda que a Comissão Europeia pretende “agir contra as pessoas e entidades que facilitam a guerra na Ucrânia e as atividades nocivas do governo russo. Especificamente, comprometemo-nos a tomar medidas para limitar a venda de cidadania – os chamados ‘passaportes dourados’ – que permitem que russos ricos ligados ao governo russo se tornem cidadãos dos nossos países e tenham acesso aos nossos sistemas financeiros”.
Os responsáveis europeus declararam ainda o seu compromisso de lançar durante a próxima semana uma task-force transatlântica “que garantirá a implementação efetiva das nossas sanções financeiras, identificando e congelando os ativos de indivíduos e empresas sancionados que estejam nas nossas jurisdições”.
Como parte desse esforço, Bruxelas diz estar comprometida em fazer uso de “sanções e outras medidas financeiras e de execução contra outros funcionários e elites russas próximas do governo russo, bem como as suas famílias e os seus facilitadores para identificar e congelar os ativos que possuem nas nossas jurisdições. Também envolveremos outros governos e trabalharemos para detetar e interromper o movimento de ganhos ilícitos e negar a esses indivíduos a capacidade de ocultar os seus ativos em jurisdições em todo o mundo”.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 irão reunir-se de emergência, este domingo, por vídeo conferência, para debater estas sanções.
O que é o sistema SWIFT
O SWIFT é um sistema bancário internacional, que une cerca de 11 mil bancos e empresas no planeta, em 200 países. Todas as transações financeiras passam por aqui, pelo que a expulsão da Rússia desta plataforma isolará Moscovo do sistema financeiro internacional, dificultando o seu financiamento, bem como as suas compras e negócios.
As exportações e importações russas serão afetadas, pelo que esta será, igualmente, uma medida cujos estilhaços atingirão também as economias ocidentais (desde logo, as mais dependentes do gás russo), dando-se o caso de os credores ocidentais verem dificultada a devolução do seu dinheiro por parte dos russos.
A exclusão da Rússia do SWIFT faria com que a sua economia encolhesse 5%, estimou o ex-ministro das Finanças Alexei Kudrin em 2014, a última vez que a sanção foi considerada em resposta à anexação russa da Crimeia.
Contudo, a Rússia tomou medidas nos últimos anos para atenuar um impacto caso seja banido do SWFIT, tendo criado o seu próprio sistema de pagamento, o SPFS, após as sanções ocidentais em 2014, na sequência da anexação da Crimeia. Contudo, o SPFS tem um relativo número reduzido de aderentes.
Numa situação destas, a Rússia poderia ainda virar-se para o Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço da China, como alternativa ao SWIFT.