Os ultra-ricos nos países outrora pertencentes à União Soviética são frequentemente chamados de oligarcas, um termo de origem grega que significa, “pessoa que pertence a um grupo restrito que detém o poder ou tem preponderância no governo”, explica o dicionário Priberam.
A análise Forbes/Statista revela que esta elite bilionária russa, que vive numa base de uma grande promiscuidade entre a esfera política e económica, alimentando-se e dando a alimentar o poder político, é extraordinariamente rica, por comparação com o PIB russo. E é, especialmente, hiper rica quando se faz o mesmo tipo de análise para outras nações – ou seja, é comparando a riqueza dos bilionários de outros países face aos PIB’s dos seus respetivos países que se percebe como o poder financeiro dos oligarcas russos é avassalador.
Uma análise do Bloomberg Billionaires Index mostra que, desde o início do conflito, parte desse dinheiro desta elite ligada ao poder de Putin “encolheu” (já que os mercados de ações russos caíram significativamente com a notícia da invasão) ou “evaporou” (por via da venda de ativos russos que aconteceu em todo o mundo).
No entanto, mesmo considerando o eclodir do conflito, a riqueza bilionária da Rússia em comparação com o PIB ainda se mantinha maior em 3 de março do que a dos EUA, Canadá e vários países europeus analisados.
Uma observação às cifras de 23 de fevereiro, quando a riqueza bilionária russa estava mais intacta, o poder de capital dos oligarcas russos ainda representava quase 21% do PIB russo, uma evidencia de quão extraordinária é a posição da classe ultra-rica russa.
De acordo com relatórios do The Economist, cerca de 85% da riqueza dos bilionários russos pode ser atribuída a este compadrio, onde os associados daqueles que estão no poder político recebem posições lucrativas nos negócios ou mantêm-nas, fazendo concessões ou negócios com políticos.
O presidente russo, Vladimir Putin, usou essa classe de leais e influentes para consolidar o seu poder durante anos. São esses oligarcas, uma espécie de braço financeiro do regime de Moscovo, estão na mira das autoridades europeias.
Os índices apresentados no gráfico são baseados no Bloomberg Billionaires Index, que mostra os 500 indivíduos mais ricos do mundo, incluindo mais recentemente indivíduos com património líquido de cerca de US$ 5,4 biliões (4,9 mil milhões de euros) ou mais.
Bilionários mais ricos do que os americanos?
Os EUA também exibiram uma riqueza bilionária extraordinariamente alta, entre 14 e 15% do PIB. Mas, apesar de o fato de os Estados Unidos acolherem 35% de todos os bilionários listados no índice Bloomberg, incluindo os 9 principais indivíduos com património líquido entre US$ 97 biliões (89 mil milhões de euros) e US$ 226 biliões (208 mil milhões de euros), os bilionários russos ainda eram mais ricos em comparação com a produção económica de seu país.
França, Índia e Canadá também figuram no topo desta comparação entre riqueza de bilionários e PIB, impulsionados por indivíduos extremamente ricos que se destacam em comparação a outros bilionários nos seus países.
Estes são Bernard Arnault da LVMH (património líquido de US$ 149 biliões/137 mil milhões de euros) e a herdeira da L’Oreal Françoise Bettencourt Meyers (US$ 77 biliões/71 mil milhões de euros) na França, o presidente da Reliance Mukesh Ambani (US$ 90 biliões/83 mil milhões de euros) e o magnata das operações portuárias Gautam Adani (US$ 86 biliões/79 mil milhões de euros) na Índia e Changpeng Zhao da Binance (US$ 77 biliões/70 mil milhões de euros) no Canadá.
A segunda canadiana mais rica, Sherry Brydson, da empresa de investimentos Woodbridge, que controla a Thomson Reuters, tem um património líquido de apenas US$ 13 biliões (12 mil milhões de euros).
Outros países que não possuem esses indivíduos de elevada riqueza tendem a ter taxas mais baixas de património líquido de bilionários em relação ao PIB – por exemplo, Alemanha (taxa de 7%), Reino Unido (4%) ou Japão (1,8%).
Taxa da China ainda modesta
Apesar da enorme produção económica da China, o bilionário chinês mais rico, o magnata da água engarrafada Zhong Shanshan, tem “apenas” US$ 74 biliões (68 mil milhões de euros) em seu nome. O segundo chinês mais rico, Zhang Yiming, da proprietária do TikTok, Bytedance, tem um património líquido de “somente” US$ 45 biliões (41 mil milhões de euros), contribuindo para o modesto resultado do país de 6,4% de riqueza bilionária em relação ao PIB.
A Suécia em segundo lugar, por seu lado, tem um número descomunal de indivíduos muito ricos do mundo dos negócios e da aristocracia vivendo em um país pequeno. O dinheiro que controla negócios globais como H&M, Securitas e Tetra Pak reside aqui. As fortunas da Ikea foram dispersadas depois do fundador Ingvar Kamprad ter morrido em 2018.