O Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) esteve reunido para analisar o impacto económico da guerra na Ucrânia e sobre a possível assistência financeira acelerada para os países afetados.
O FMI destaca que as consequências económicas já são muito graves, com os preços da energia e das commodities – incluindo trigo e outros grãos – a subirem, aumentando as pressões inflacionárias de interrupções na cadeia de fornecimentos e a recuperação da pandemia de COVID-19.
“Os choques de preços terão impacto em todo o mundo, especialmente nas famílias pobres para as quais os alimentos e os combustíveis representam uma proporção maior das despesas. Se o conflito aumentar, os danos económicos serão ainda mais devastadores. As sanções à Rússia também terão um impacto substancial na economia global e nos mercados financeiros, com repercussões significativas para outros países”, advertem os economistas.
O FMI declara que, em muitos países, a crise está “a criar um choque adverso tanto para a inflação quanto para a atividade [económica, n.d.r.], num contexto de pressões de preços já elevadas”.
Na perspetiva do organismo que procura assegurar a estabilidade do sistema monetário internacional, as autoridades monetárias precisarão de monitorizar “cuidadosamente a transposição do aumento dos preços internacionais para a inflação doméstica, para calibrar as respostas apropriadas”.
Ainda segundo o FMI, a política fiscal precisará de apoiar as famílias mais vulneráveis, para ajudar a compensar o aumento do custo de vida.
“Na Ucrânia, além do custo humano, os danos económicos já são substanciais. Portos marítimos e aeroportos estão fechados e foram danificados e muitas estradas e pontes foram danificadas ou destruídas. Embora seja muito difícil avaliar com precisão as necessidades de financiamento nesta fase, já está claro que a Ucrânia enfrentará custos significativos de recuperação e reconstrução”, aponta o FMI.
“Esta crise criará compensações políticas complexas, complicando ainda mais o cenário político à medida que a economia mundial recupera da crise pandémica”, salienta a organização dirigida pela búlgara Kristalina Georgiev.
O FMI esclarece que a Ucrânia já solicitou um financiamento de emergência de 1,4 biliões de dólares (1,2 mil milhões de euros) o Instrumento de Financiamento Rápido do FMI, pedido que será avaliado pelo Conselho Executivo do FMI durante esta semana.
De acordo com a avaliação do Fundo Monetário Internacional, as sanções anunciadas contra o Banco Central da Federação Russa restringirão severamente o seu acesso às reservas internacionais para apoiar a sua moeda e o sistema financeiro.
Impacto da exclusão do SWIFT
“As sanções internacionais ao sistema bancário da Rússia e a exclusão de vários bancos do SWIFT interromperam significativamente a capacidade da Rússia de receber pagamentos por exportações, pagar por importações e realizar transações financeiras transfronteiriças. Embora seja muito cedo para prever o impacto total dessas sanções, já vimos uma queda acentuada nos preços dos ativos, bem como na taxa de câmbio do rublo”, aponta o organismo.
“Se o conflito aumentar, os danos económicos serão ainda mais devastadores”, alerta o FMI.
O FMI salienta que os países que têm laços económicos muito próximos com a Ucrânia e a Rússia correm um risco particular de escassez e interrupções no fornecimento, além de serem os mais afetados pelo crescente fluxo de refugiados. A Moldávia solicitou um aumento e reformulação do seu atual programa de apoio do FMI para ajudar a cobrir os custos da atual crise e os funcionários do FMI estão a discutir opções com as autoridades moldavas.
Claro para o FMI é que “a guerra em curso e as sanções associadas também terão um impacto severo na economia global”.
Apesar dos países que têm laços económicos próximos com a Ucrânia e Rússia correrem riscos maiores de interrupções no fornecimento de bens, toda a economia global será afetada, diz o FMI.
O Fundo diz que aconselhará os países membros sobre como calibrar as suas políticas macroeconómicas para gerir a variedade de repercussões, inclusive por meio de interrupções no comércio, preços de alimentos e outras commodities e mercados financeiros.
“O FMI continuará a avaliar a evolução da situação e fornecer assessoria política oportuna, apoio financeiro e assistência técnica aos nossos países membros, conforme necessário, em estreita colaboração com os nossos parceiros internacionais”, remata.