A Via Montenapoleone, em Milão, onde as rendas aumentaram quase um terço nos últimos dois anos, ultrapassou a Quinta Avenida, em Nova Iorque, para ser “coroada” com o título da localização de comércio mais cara do mundo, de acordo com a 34ª edição do relatório “Main Streets Across the World” da Cushman & Wakefield. O Chiado, em Lisboa, permanece como a localização mais cara em Portugal e figura novamente no Top 30 mundial das zonas comerciais mais valiosas, apesar de ter descido uma posição em relação a 2023, ocupando agora o 30.º lugar no ranking global.
É a primeira vez que uma rua europeia lidera a classificação global no relatório de retalho de referência da consultora. Sinónimo de moda e luxo, a Via Montenapoleone tem vindo a subir na classificação nos últimos anos, tendo alcançado o segundo lugar em 2023. As rendas aumentaram 11% para €20.000/m²/ano nos últimos 12 meses, enquanto as rendas na Quinta Avenida (€19.537/m²/ano) permaneceram estáveis pelo segundo ano consecutivo. Além da forte procura por parte dos retalhistas num contexto de oferta limitada, a Via Montenapoleone também beneficiou da valorização do euro face ao dólar americano.
A New Bond Street de Londres ultrapassou a Tsim Sha Tsui de Hong Kong e ficou em terceiro lugar, apesar do crescimento positivo das rendas desta última.
Em Portugal, a renda prime na zona do Chiado atingiu o seu máximo histórico, com valores que rondam os €1.620/m²/ano, colocando esta zona comercial a ocupar o 9º lugar no Top 10 do aumento de rendas a nível mundial, com uma subida homólogo de 8%. Nos últimos dois anos, o Chiado tem registado um elevado volume de novas aberturas, num total acima de 5.800 m² de área útil em cerca de 50 novas aberturas. Mais de metade desta área corresponde ao setor da restauração, seguido da moda com 20%.
De acordo com João Esteves, Partner, Diretor de Retail Agency da Cushman & Wakefield Portugal “a posição que o Chiado ocupa, quer no ranking global quer no Top 10 de subida de rendas a nível mundial, é um reflexo da enorme procura das marcas por localizações de topo. No Chiado e em outras localizações prime em Portugal, sobretudo em Lisboa e Porto, a elevada taxa de ocupação e a diminuta rotatividade acabam por justificar este aumento de preços, sendo algo que o mercado aceita com alguma naturalidade, de acordo com o que temos vindo a verificar.”
Robert Travers, Diretor de Retalho EMEA da Cushman & Wakefield, refere que “estas localizações icónicas a nível global caracterizam-se por uma intensa competição na procura por espaço e uma oferta extremamente limitada, mesmo nas atuais condições desafiantes do mercado de retalho. As marcas, desde o luxo até ao mass market, estão a duplicar as suas lojas físicas nas localizações de topo, uma vez que a disputa pela atenção do consumidor leva à necessidade de proporcionar uma excelente experiência de compra e de exposição de produto. Embora o comércio eletrónico desempenhe um papel importante na estratégia omnicanal, é com a personificação física da marca que os clientes se relacionam. Em resultado, as taxas de desocupação permanecem excecionalmente baixas, refletindo as rendas que os retalhistas estão dispostos a pagar para garantir e manter o seu espaço.”
Classificação mundial 2024 | Classificação mundial 2023 | Localização | Renda (USD/pés quadrados/ano) | Renda (EUR/m²/ano) | YOY (LCY) |
1 | 2 | Via Montenapoleone, Milão | $2.047 | € 20.000 | 11% |
2 | 1 | Upper 5th Avenue (49th to 60th Sts), Nova Iorque | $2.000 | € 19.537 | 0% |
3 | 4 | New Bond Street, Londres | $1.762 | € 17.210 | 13% |
4 | 3 | Tsim Sha Tsui (lojas da rua principal), Hong Kong | $1.607 | € 15.697 | 7% |
5 | 5 | Avenue des Champs Élysées, Paris | $1.282 | € 12.519 | 10% |
6 | 6 | Ginza, Tóquio | $1.186 | € 11.582 | 25% |
7 | 7 | Bahnhofstrasse, Zurique | $981 | € 9.585 | 1% |
8 | 8 | Pitt Street Mall, Sydney | $802 | € 7.832 | 0% |
9 | 9 | Myeongdong, Seul | $688 | € 6.719 | 3% |
10 | 10 | Kohlmarkt, Viena | $553 | € 5.400 | 5% |
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30 | 29 | Chiado, Lisboa | €1.620 | 8% |
A pressão competitiva por um espaço limitado levou a que se registasse um aumento das rendas em 57% (79) das 138 localizações analisadas, uma descida em apenas 14% (19) dessas localizações e estabilidade nas restantes 29% (40). Isto resultou num aumento médio global das rendas de 4,4%.