Francisco Nogueira e Frederico Stock são fundadores da startup Glooma, que surgiu com a missão de salvar vidas. Os dois jovens, premiados com o selo Forbes 30 Under 30, estiveram presentes no primeiro Forbes Health Care Summit, que decorreu no hotel Doubletree By Hilton Lisbon, e fizeram a apresentação da sua empresa perante uma audi~encia interessada.

Francisco Nogueira, CEO, foi o porta-voz da dupla e começou por explicar à audiência que a missão da Glooma está bem definida: a deteção precoce do cancro da mama, para assim reduzir a percentagem de cancros que são detetados tardiamente.

E contou a história da sua prima Filipa, que ao fazer a autoapalpação não teve confiança no autoexame e desvalorizou a situação, sendo mais tarde diagnosticada com cancro da mama. Filho de um médico e de uma enfermeira, Francisco sentiu necessidade de procurar uma solução tecnológica para ajudar mulheres que não sentem confiança no seu autoexame. Surgiu assim a Sense Glove, um dispositivo médico doméstico e portátil que detecta e monitoriza anomalias na textura do tecido mamário ao combinar os sensores de pressão inteligência artificial, conectados a uma aplicação móvel.

A Sense Glove já apresentou resultados: ao fazer a prova de conceito no Hospital das Descobertas acertou em 88% dos diagnósticos, obteve 12% de falsos positivos e não registou nenhum falso negativo.

“Conseguimos replicar o exame passo por passo e ao combinar historial com os sensores e com a inteligência artificial criamos um sistema único que nos permite não só detetar anomalias, mas de acompanhar todas as alterações ao longo do tempo”, explica Francisco Nogueira.

O mesmo empreendedor refere que “estamos a tentar melhorar os níveis dos cuidados de saúde, queremos melhorar o autoexame da mama convencional, não substituindo os exames complementares diagnóstico. Queremos pôr nas mãos das mulheres a experiência de milhares de médicos com a ajuda da inteligência artificial reduzindo depois a incerteza e o risco da deteção tardia”.

E apresenta resultados: ao fazer a prova de conceito no Hospital das Descobertas acertou em 88% dos diagnósticos, obteve 12% de falsos positivos e não registou nenhum falso negativo.

“Fizemos estudos clínicos em cinco hospitais portugueses, recolhemos dados de 236 participantes e, neste momento, estamos a fazer uma pausa nesses mesmos estudos clínicos para fazer o melhoramento do dispositivo”, refere. Adiantou ainda que está a desenhar dois pilotos com duas empresas, a Sonae e a PLMJ, e têm novos pilotos pagos com mulheres que já utilizam a luva em casa e estão a dar o seu feedback.

Primeira reunião na FDA já aconteceu

Francisco também anunciou que, no passado mês de agosto, a empresa teve a sua primeira reunião com a FDA, organismo que regula a saúde nos Estados Unidos, o que representa o primeiro passo para ter a certificação necessária para entrar no mercado americano. A certificação europeia deverá ser mais demorada e acontecer apenas em 2026.

O seu modelo de negócio sustenta-se na venda direta do produto, também online, com uma subscrição mensal ou anual, de forma opcional, e que nessa versão as mulheres terão acesso a todas as funcionalidades da aplicação e com manutenção e substituição gratuita da luva. A venda passa também por possíveis parcerias com seguradoras, o que poderá acontecer nos Estados Unidos, que utiliza este modelo com sucesso.

“Esta é uma ferramenta simples, mas com capacidade de salvaguardar a vida da mulher, o que pode conduzir a que haja um futuro em que a longevidade, a qualidade de vida e o bem-estar possam andar de mãos dadas”, remata Francisco

Para alavancar a empresa no continente americano, a startup está a recolher financiamento: a ronda pre-seed recolheu 500 mil euros no final do ano passado, ganharam ainda alguns prémios monetários, o que apoiou o investimento, e acabaram de anunciar um financiamento do FEDER de 690 mil euros.  Numa próxima ronda pretende recolher 2,5 milhões de euros para concluir a entrada nos Estados Unidos.

“A simplicidade é o último grau da sofisticação, como diz Leonardo Da Vinci, e é isso que estamos a tentar fazer. Esta é uma ferramenta simples, mas com capacidade de salvaguardar a vida da mulher, o que pode conduzir a que haja um futuro em que a longevidade, a qualidade de vida e o bem-estar possam andar de mãos dadas”, remata Francisco Nogueira.