A Siemens Portugal definiu como eixos estratégicos a diversidade, a equidade e a inclusão e conta com o DivIn, grupo de trabalho informal composto por pessoas da empresa que, voluntariamente, promovem iniciativas relacionadas com algumas das dimensões da diversidade. Em entrevista à Forbes Portugal, a diretora financeira e uma das responsáveis pela Sustentabilidade da Siemens Portugal, Margarida Alves, detalha a estratégia e as iniciativas no terreno. Uma das últimas iniciativas que resultou da realização do evento Lead Hers, dedicado à promoção da liderança inclusiva e da igualdade de género, foi a assinatura do protocolo com a Corações com Coroa, fundada pela Catarina Furtado, para atribuir bolsas de estudo a estudantes universitárias nas áreas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e que na conclusão dos estudos terão a possibilidade de integrar a empresa.
Quais as metas que a Siemens em Portugal tem definidas para se atingir um ambiente de trabalho mais inclusivo e diverso? Quais as iniciativas que estão no terreno?
A diversidade, a equidade e a inclusão são temas estratégicos para a Siemens Portugal, sendo a igualdade de género um dos pilares de atuação do DivIn, grupo de trabalho informal composto por várias pessoas da empresa que, voluntariamente, se organizaram para promover iniciativas relacionadas com algumas das dimensões da diversidade. O grupo Siemens emprega mais de quatro mil pessoas em Portugal, das quais 40% são mulheres. Destas, 38,4% ocupam posições de liderança. Não obstante os progressos significativos alcançados na representatividade de género em áreas como o Global Business Services (GBS), o nosso centro de serviços partilhados, e no Portugal Tech Hub, o nosso centro de competências de tecnologias de informação, persistem desafios a serem superados no que concerne à presença de mulheres em cargos de liderança nos setores de negócios mais tradicionais da engenharia e, inclusive, na administração. A Siemens em Portugal está comprometida em alcançar a igualdade de género na organização, criando oportunidades e uma estrutura que possibilitem o sucesso de todos. Só criando um ambiente de trabalho onde todos se sentem bem-vindos, apoiados, respeitados e valorizados é que seremos capazes de potenciar as características únicas de cada um de nós e, assim, desenvolver a organização e multiplicar o nosso impacto junto dos nossos clientes e da sociedade.
Quais as iniciativas que estão no terreno?
Neste sentido, temos diferentes atividades e programas em curso. São exemplo eventos para a promoção da igualdade de género, como o Lead Hers, que organizámos muito recentemente e do qual resultou a assinatura do protocolo com a Corações com Coroa. Este protocolo consiste na atribuição de bolsas de estudo a estudantes universitárias para que possam continuar a seguir os seus sonhos nas áreas de STEM e que, na conclusão dos estudos, terão a possibilidade de integrar a nossa empresa. Organizamos anualmente uma semana imersiva para jovens estudantes e finalistas em Engenharia no nosso Campus em Alfragide, que lhes permite interligar o conhecimento académico com o mundo corporativo e a tecnologia que desenvolvemos para a sociedade. Disponibilizamos formações sobre diversidade e enviesamento inconsciente a todos os gestores da organização e estamos certos de que, com a ajuda do grupo DivIn, conseguiremos alcançar objetivos mais ambiciosos, a curto prazo.
E apoiam também projetos no setor…
Para além destas iniciativas internas, somos signatários da Aliança para a Igualdade nas TIC e colaboramos anualmente no programa Engenheiras Por Um Dia. Este programa promove junto dos estudantes do ensino secundário e técnico-profissional a oportunidade de opção pela engenharia e pela tecnologia, desconstruindo a ideia de que estes são domínios masculinos. Cooperamos com a Women in Tech® que é a organização líder mundial que promove a inclusão, a diversidade e equidade nas áreas STEM. Promove a capacitação de raparigas e mulheres em todo o mundo, com foco em quatro pilares principais: educação, negócios e inclusão digital e consciencialização.
Já se consegue identificar os frutos que a empresa tem conseguido com esta estratégia para diversidade e inclusão?
A Siemens em Portugal emprega atualmente mais de 4000 pessoas – um marco inicialmente previsto para 2025, alcançado antecipadamente. Este sucesso na atração de talentos, de diferentes gerações, deve-se à nossa atenção às necessidades dos colaboradores, especialmente em temas como sustentabilidade organizacional, impacto e propósito dos projetos. Estamos certos de que a promoção de um ambiente diverso, equitativo e inclusivo favorecem a inovação, a produtividade e o desenvolvimento de tecnologia com propósito. Contamos com colaboradores de 67 nacionalidades diferentes, representando aproximadamente 20% do total de colaboradores. O nosso objetivo é recrutar os melhores talentos, valorizando diferentes origens, pois sabemos que isso amplia o conhecimento e as experiências, beneficiando a empresa, os nossos clientes e a sociedade.
Quais os desafios que tem pela frente para manter esta estratégia e ter sucesso com a mesma?
Devemos continuar a investir nas várias iniciativas em curso, ampliá-las através de redes de parceiros e manter a ambição de superar os nossos objetivos. Costumamos dizer que, embora não sejamos a maior região da Siemens no mundo, podemos e queremos ser a mais diversa e inclusiva. Atualmente, os nossos resultados são uma referência global e um exemplo que muitos procuram replicar.
Apesar de se falar cada vez mais de mulheres em lugares de liderança, em Portugal a igualdade de género ainda tem algum caminho para percorrer. O que falta para que a equidade de género seja uma realidade?
É fundamental reforçar a promoção da igualdade de oportunidades e eliminar a assimetria de género em todos os níveis de gestão das empresas tecnológicas. Na Siemens, continuaremos a definir metas ambiciosas e a aspirar a mais. Queremos, em parceria com outras entidades, amplificar a mensagem, os benefícios, os resultados e as iniciativas. Esta é uma missão que só poderemos alcançar em pleno, atuando em parceria enquanto sociedade.
Como é que a liderança no feminino faz a diferença nas organizações?
A diversidade de origens e experiências enriquece as nossas equipas, trazendo uma abrangência de conhecimentos e pontos de vista que impulsionam a inovação e a resiliência. Este ambiente multicultural que temos na Siemens em Portugal tem sido fundamental para o desenvolvimento de soluções tecnológicas de elevado valor, resultando no reconhecimento contínuo por parte da nossa casa-mãe. O investimento em Portugal reflete a confiança no impacto positivo que esta diversidade gera, tanto no crescimento da empresa como no retorno estratégico.
As mulheres continuam a não ter muita expressão nas chamadas áreas STEM. Como se poderá atrair mais mulheres/raparigas para estas áreas?
Iniciativas como o protocolo assinado com a Corações Com Coroa que visa possibilitar a continuação dos estudos em áreas de STEM, bem como outras iniciativas como as que promovemos e apoiamos, desde a Aliança para a Igualdade nas Tecnologias de Informação e Comunicação a programas como Engenheiras por um dia ou a colaboração com a Women in Tech® são formas de promover e mostrar às jovens estudantes que estas áreas tecnológicas são áreas nas quais podem também ingressar. Claro que nem todas as mulheres têm de trabalhar ou gostar de áreas tecnológicas, mas o nosso objetivo é que tenham a oportunidade de escolher, evitando que tomem a decisão de não ingressarem nestes cursos por acharem que não é para mulheres. Todos os seres humanos têm a capacidade de potenciar novas áreas e de definir o que querem ser, por vezes basta um apoio nesse trajeto e queremos continuar a ser uma referência.
De que forma o protocolo que a Siemens assinou com a Corações com Coroa irá impulsionar a presença de estudantes do sexo feminino nas áreas de STEM? Quais as metas que esperam atingir?
Com este protocolo, a Siemens pretende contribuir para que quatro jovens tenham as condições (financeiras, mas também de acompanhamento nos estudos) para estudar nestas áreas. Queremos sinalizar que há espaço para todos, mulheres e homens. As áreas STEM têm um papel cada vez mais fundamental na sociedade. A procura por talento nestas áreas é global e os profissionais em tecnologia cada vez mais escassos para a necessidade que existe. Como tal, enquanto país, é necessário criar condições para incentivar e melhorar a atratividade destas áreas, que são de crescimento rápido.