Os resultados de um inquérito do CEMS – a Aliança global de 34 Universidades e Escolas de Gestão, entre as melhores do mundo, da qual a Nova SBE é membro – revela que os profissionais de todo o mundo consideram a crise ambiental o desafio mais avassalador que os líderes empresariais enfrentam no século XXI.
O inquérito realizado a 4.206 profissionais, de 75 países, mostra que, em três anos, os desafios ambientais superaram significativamente o rápido avanço tecnológico como a maior ameaça global aos negócios.
Muitos inquiridos ocupam cargos de relevância na administração de empresas e outras organizações.
Troca de posições
Ou seja, em 2018, 23% dos profissionais classificaram a preocupação com o meio ambiente como um dos principais desafios enfrentados pelos líderes empresariais no século XXI, atrás da tecnologia (28%).
No entanto, o inquérito realizado em setembro de 2021 evidencia que 43% dos profissionais acreditam atualmente que o ambiente estará entre os maiores desafios, com a tecnologia a figurar em segundo lugar (27%).
Tanto o ambiente, como a tecnologia são considerados desafios muito maiores para os negócios globais do que aspetos como mudanças de poder político e económico mundial (14%), instabilidade política (6%) e até mesmo as pandemias (3%).
Resultados em Portugal mais expressivos
O estudo também tem um âmbito nacional. Do universo dos mais de quatro mil inquiridos, 291 dos profissionais ouvidos são portugueses ou identificam-se como tendo a Nova SBE como escola de origem.
À questão “Qual é o maior desafio que considera que enfrentará como líder empresarial no século XXI?”, os portugueses foram ainda mais vinculativos quanto à relevância dos desafios ambientais, com 48% a nomear o ambiente este como o desafio prioritário.
Neste estudo, 29% dos inquiridos portugueses identificaram os avanços tecnológicos, 9% as mudanças de poder político e económico mundial e 8% a instabilidade política.
Desafios como pandemias, movimento populacional em grande escala ou extremismo não tiveram praticamente expressão no inquérito respondido pelos empresários portugueses.
“Números revelam uma mudança impressionante no modo como a emergência ambiental é vista”, diz o professor Lars Strannegard.
O investigador Lars Strannegard, Vice-Presidente da CEMS Global Alliance e Presidente da Stockholm School of Economics, refere que “estes novos números revelam uma mudança impressionante no número de profissionais em todo o mundo que veem a emergência ambiental em curso, incluindo o desastre climático iminente, como o maior desafio que os líderes empresariais internacionais terão de enfrentar no século XXI”.
Strannegard acentua como “há três anos, a rapidez do avanço tecnológico era a principal preocupação dos entrevistados” e como agora “as pesquisas indicam que as pessoas já não têm tanto medo do progresso tecnológico como antes”.
Qual a explicação? “Esse facto pode advir da aceleração e disseminação da digitalização que a pandemia de COVID-19 provocou em poucos meses. Os profissionais abraçaram totalmente as formas digitais de trabalho porque não existia outra forma de lidar com a situação que se colocou”, justifica este especialista.
Lars Strannegard acrescentou que “não há dúvida de que este é um período único na história mundial, que requer líderes excecionais, que podem coletivamente apresentar soluções inovadoras para enfrentar a emergência climática iminente”.
Para Strannegard, “a par da realização do COP26”, os resultados do inquérito “acrescentam peso à necessidade de ação coletiva de empresas e governos sobre o meio ambiente agora, antes que seja tarde demais”.
“Todas as partes devem trabalhar juntas para a sobrevivência do planeta. Através do CEMS, estamos empenhados em preparar futuros líderes equipados não só com a paixão e o conhecimento necessários para enfrentar os desafios ambientais, mas também com as habilidades necessárias para transformar as organizações de dentro para fora”, afirmou, acrescentando que “em todo o mundo, vemos os nossos formandos – muitos dos quais participantes deste inquérito – levando o seu compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade da sala de aula para o mundo dos negócios, como líderes e empreendedores transformadores”.