José Mendes, presidente da Fundação Mestre Casais, sublinhou que os setores da construção e da mobilidade serão aqueles que mais irão mexer com os objetivos da descarbonização, até porque são dos que mais pesam em termos de procura.
O Forbes Annual Summit 2023: Empower the Future tem lugar esta terça-feira, sendo que este é um evento que reúne decisores políticos, empresários e académicos, para debater o papel da inovação para um futuro mais justo e mais sustentável.
O painel “Transição energética” reuniu Nuno Furtado Mendonça, diretor-geral da Audi; José Mendes, presidente da Fundação Mestre Casais e Ana Calhôa, secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada.
“Construção e mobilidade vão mexer com os ponteiros da descarbonização. O que têm em comum: têm um peso importante na economia e todas as projeções apontam que até 2050, a procura nestas duas áreas de atividade vai aumentar”, alertou este responsável.De acordo com a explicação de José Mendes, “a mobilidade está assente nos combustíveis fósseis e a construção tem muito desperdício até porque a circularidade é baixíssima. Aço e cimento tem elevadíssima intensidade energética e carbónica: valem 16% das emissões globais e se fossem países seriam dos maiores emissores do mundo”.
E qual a solução? José Mendes realça que “a eletrificação é a solução para a mobilidade mas não é a única, por isso temos que encontrar combustíveis com menos intensidade carbónica. Depois, há demasiados veículos per capita e passar daí para transporte coletivo e de veículos com energias limpas ainda vamos há uma grande distância”.
Sobre a diferença em termos de investimento em investigação e desenvolvimento entre os setores da construção e mobilidade, revelou este responsável que “em 2022, o grupo Volkswagen investiu em I&D 18,9 mil milhões de euros. Para este valor ser atingido no setor da construção era preciso juntar as 25 maiores empresas de construção e matérias-primas a nível mundial”.
“No que diz respeito ao setor da construção, o Estado deve puxar os privados para a transição energética e quando o mercado começar a funcionar, tira as mãos desse mercado”, defendeu José Mendes.Ana Calhôa, secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada, falou sobre a forma como os biocombustíveis avançados são produzidos através de bioenergia avançada.
“Têm inúmeras vantagens, desde logo a economia circular. Não há necessidade de investimentos a longo prazo. Todo o investimento já está feito. Não é necessário comprar carros novos. É uma transição energética que conseguimos utilizar hoje e de uma forma imediata”, defendeu a especialista. “Hoje em dia todos os carros são obrigados a ter 7% de biodiesel e poderíamos ter metas mais ambiciosas e utilizar 10%, 15% ou 30% e no caso dos veículos pesados 100%”, destacou.
Nuno Furtado Mendonça, diretor-geral da Audi, revelou nesta conferência que a marca vai “alterar todo o nosso mix de vendas nos próximos anos. 2027 será o último ano em que vamos ter um motor a combustão nas estradas e em 2033 será uma marca 100% elétrica. Tendo em conta a procura dos nossos clientes fizemos um compromisso com a Audi em Portugal de até 2030 só vendermos carros elétricos no país”.
“Este ano 32% das viaturas que vendemos já são 100% elétricas e em 2025 já serão todas 100% elétricas. Isso permite que os potenciais clientes sintam uma atração pela marca. Queremos ir mais longe, não só vender viaturas 100% elétricas, mas temos toda uma preocupação no ecossistema. Todas as nossas fábricas até 2025 serem 100% neutras ao nível de todo o processo de produção”, destacou.