A Maisons Julien et Kelly Dassault (MJKD) é uma verdadeira empresa de família. Foi fundada em Lisboa, por Julien e Kelly Dassault, que são muito mais do que apenas sócios: também são marido e mulher. Juntos, e sempre em equipa, investem em empresas que são escolhidas a dedo por respeitarem, simultaneamente e a fundo, os seus empregados e o nosso planeta.
A MJKD é, ainda, a holding company de banda larga, que abarca outras empresas que criaram e mantêm, e que visam explorar outras áreas de interesse dos dois empreendedores: 27 Lisboa, 27 Films, 27 Studio e Santos-Dassault. É através destas entidades empresariais que Kelly e Julien operam e investem no setor imobiliário, em produção fotográfica cinematográfica, em retalho e private equity. A FORBES esteve à conversa com Kelly Dassault, que falou sobre o seu percurso pessoal e profissional, da sua estratégia e dos projetos futuros que partilham. Filha de pais portugueses, Kelly pertence à primeira geração de emigrantes em França. Mas quis “dar uma oportunidade” ao país de origem dos pais. Hoje, a empresária vive em Lisboa com a família. Investe em empresas e projetos portugueses e lidera os seus negócios. É também investidora da marca portuguesa JAK.
A Kelly tem um aglomerado de empresas, com o seu sócio Julien Dassault, e investe em vários projetos. O que despertou este seu lado empreendedor?
Kelly Dassault (KD): É verdade. Eu estudei Artes, Teatro e Cinema, nos Estados Unidos, e depois conheci o meu sócio – que acontece agora ser também o meu marido. Ele estudou Comércio, Finanças e Estratégia. Quando nos conhecemos, em Paris, ele estava a trabalhar numa empresa bastante grande na indústria da Aeronáutica e eu trabalhava como artista e fotógrafa. Decidimos rapidamente que queríamos começar um projeto comum, porque complementávamo-nos muito um ao outro. No final de 2015, mudámo-nos para Portugal. Sou filha de pais portugueses e já percebia português.
E como foi a vossa mudança para Portugal? Acabaram por deixar ‘tudo’ para trás…
KD: Exatamente. Portugal sempre foi um pequeno paraíso para nós e quando tivemos filhos queríamos dar-lhes a possibilidade de crescer num país que era ‘meu’. Os meus pais emigraram para França há mais de 50 anos. Sou primeira geração de emigrantes, mas quis dar uma oportunidade ao país que os meus pais deixaram. Quando chegámos começámos a 27Lisboa, que é uma shop online com um espaço físico na capital.
Portugal sempre foi um pequeno paraíso para nós e quando tivemos filhos queríamos dar-lhes a possibilidade de crescer num país que era ‘meu’. Os meus pais emigraram para França há mais de 50 anos. Sou primeira geração de emigrantes, mas quis dar uma oportunidade ao país que os meus pais deixaram.
E como surgiu o conceito da vossa loja?
KD: Acho que surgiu das minhas viagens à volta do mundo. Sempre viajei muito em trabalho e assistia, em primeira-mão, às tendências emergentes noutros países. Fosse em Inglaterra, nos Estados Unidos ou no México, notei que se estava a dar cada vez mais importância a rotinas de self-care orgânicas – o usar o que a Terra tem para nos dar. Na nossa loja vendemos produtos – sendo que a curadoria dos mesmos é feita em viagens que fazemos – e são sempre fiéis a esses nossos valores. Depois de abrirmos a loja, decidimos abrir o 27Studio. Um espaço dedicado a tratamentos de corpo, rosto e unhas naturais, que está a correr bastante bem. Em paralelo, eu e o meu co-chair fazemos investimentos em Portugal.
Investimentos esses em que a Kelly faz questão de ser uma parte ativa das empresas em que aposta, certo?
KD: É verdade. Nós não gostamos de ser “apenas” business angels. O nosso trabalho rege-se muito por acompanhar os empresários que estão à frente dos projetos. A ideia de investir numa empresa e de ter apenas uma reunião por ano com os fundadores é, para mim, irrealista. Faço questão de ter reuniões com eles uma vez por mês, pelo menos. Quero estar a par dos momentos em que os empreendedores alcançam objetivos, recrutam pessoal, passam por momentos mais complicados, etc. Acho que é por isto que investimos por norma em empresas com poucos outros investidores, para garantir a existência de um elo de ligação mais próximo e pessoal com as marcas que ajudamos crescer.
Nós não gostamos de ser “apenas” business angels. O nosso trabalho rege-se muito por acompanhar os empresários que estão à frente dos projetos. A ideia de investir numa empresa e de ter apenas uma reunião por ano com os fundadores é, para mim, irrealista. Faço questão de ter reuniões com eles uma vez por mês, pelo menos.
E, neste momento, a Kelly é (juntamente com o seu sócio, Julien), investidora em quantas empresas?
KD: Diria que agora temos cerca de 10 participações diretas, em empresas, e participamos em fundos de investimento diferentes. Acho importante realçar que todas as empresas em que investimos têm de concordar com a nossa cláusula ética: a de garantir que a paridade é respeitada, que as pessoas recebem ordenados que lhes permitam viver em condições decentes nos países de produção, entre outras coisas. Quer isto dizer que falamos na qualidade do poder de compra daqueles que trabalham para a empresa e não nos atemos só à responsabilidade de garantir que são pagos meros ordenados mínimos.
KD: Este nosso compromisso é aplicável tantos nos projetos como investidores, como nos nossos projetos na capacidade de empreendedores. Eu e o meu Diretor-Geral, gostamos de acompanhar marcas, de partilhar ideias, e de trabalhar em grupo. Os dois já passámos por muitas experiências e o poder partilhar-lhas com outros pode ser útil.
Mas a Kelly tem ainda outra empresa, além do 27Lisboa e o 27Studio, que é o Santos-Dassault…
KD: E o 27Films, sim. Santos era o apelido do meu pai. A Santos-Dassault é uma empresa de imobiliário que criámos. Compramos casas antigas e reabilitámo-las. Mas não o fazemos da maneira em que infelizmente muitos o fazem – respeitamos sempre a traça antiga e histórica do património. Claro que incluímos internet por toda a casa, como se quer, e melhoramos a qualidade energética dos espaços. Sabemos que energia é um bem muito precioso que não podemos desperdiçar. Quando voltamos a pôr as casas no mercado, mantemos um preço que não retire completamente a possibilidade de uma pessoa local as comprarem. Não fazemos projetos para turistas, nem cá nem em França, onde também temos projetos imobiliários.
A Santos-Dassault é uma empresa de imobiliário que criámos. Compramos casas antigas e reabilitámo-las. Mas não o fazemos da maneira em que infelizmente muitos o fazem – respeitamos sempre a traça antiga e histórica do património.
E porquê o uso do número 27 tão frequente nas vossas empresas?
KD: O número 27 sempre teve um significado muito especial para mim e para o meu marido. Casámos a 27 de Maio, dia dos anos do Julien. Eu tive o nosso primeiro filho aos 27. Ficou um número comum aos nossos projetos, uma coisa que nos define.
Como dividem, se o fizerem, as tarefas entre vocês?
KD: Faço a curadoria e a direção artística para os nossos projetos todos, além de planear a estratégia e análise de investimento dos mesmos. Claro que, sendo formada em arte, gosto especialmente de estar envolvida nessa vertente. Tenho agora uma equipa que nos acompanha na criação de conteúdo. Contudo, e não sendo formada em Gestão, sinto que agora já tenho expertise no que faço. Fazemo-nos acompanhar por uma equipa jurídica e eu e o meu sócio (e marido) tomamos decisões em comum.
Claro, o ser formada em Gestão não é obrigatório para ser começar a investir e abrir empresas.
KD: Exatamente. E durante o confinamento aproveitei muito do meu tempo para me informar e estudar sobre os assuntos em que achei que precisava de mais trabalho. Hoje em dia fazemos uma parceria ótima e tomamos juntos as nossas decisões. Somos sócios com percentagens iguais. Achei importante, como mulher empreendedora, entrar a meias com o meu sócio. E mesmo assim tive alguns percalços com pessoas com quem trabalhava…
Por ser mulher?
KD: Sem dúvida. Trabalhávamos com um gabinete de consultoria, por exemplo, na qual não me sentia levada a sério. Lembro-me de lhes dar ordens diretas para fazerem certas coisas e de me disseram que iam ligar ao meu marido para confirmar os meus pedidos. O contrário não acontecia. Isto aconteceu em pleno 2020 e não em 1712, onde estes comportamentos eram esperados. Percebi que tinha depressa de deixar de trabalhar e de apoiar pessoas com mentalidades destas. Não sou mais nem menos do que um homem. Consigo ser boa em estratégia e ter, simultaneamente, uma boa sensibilidade artística – ambas são coisas que me definem. Viajo muitas vezes como repórter fotográfica, mas mesmo na outra ponta do mundo, sou infalível no que toca a estar preparada e a horas para todas as minhas reuniões.
Trabalhávamos com um gabinete de consultoria, por exemplo, na qual não me sentia levada a sério. Lembro-me de lhes dar ordens diretas para fazerem certas coisas e de me dizerem que iam ligar ao meu marido para confirmar os meus pedidos. O contrário não acontecia.
Sentiu que até aqueles que a rodeavam não a levavam tão à séria…
KD: Sim. Senti que precisavam de uma confirmação de um homem para validar o meu trabalho. O que não é tolerável hoje em dia. Acho que é um problema muito falado e há um consenso praticamente unânime de que isto não pode acontecer; mas é preciso agir rápido quando nos vemos expostos a situações destas. Mesmo quando parecem coisas pequenas. Há muito a fazer ainda relativamente à igualdade de género…
E às vezes pode ser difícil navegar por situações em que não se sabe o que são comportamentos frutos dessas ideias e o que é ignorância ‘seletiva’ face aos mesmos…
KD: Claro. É muito importante que se perceba que – e falo no meu caso em específico por estar a falar na minha empresa – não vou para reuniões de negócios para ‘enfeitar’. Tenho autonomia plena para recrutar, para abraçar projetos novos ou iniciar conversas sobre negócios com o meu sócio. Claro que o Julien não pensa de forma antiquada. Ele faz parte do que eu chamo ‘homens 2.0’, os que já não têm tolerância para discursos da retaguarda.
Que tipo de práticas acha que deviam ser implementadas para combater estes problemas?
KD: Ultimamente tenho pensado muito na necessidade de formar mais mulheres em novas tecnologias. É um ramo em que ainda é difícil encontrar mulheres. Sei que se quiser empregar um Chief Technology Officer (CTO), a esmagadora maioria dos currículos que vou receber são de homens. Se quero ser justa no meu recrutamento e na minha forma de recrutar, quero conseguir analisar tantos currículos de homens como de mulheres. Outro ponto é a educação.
KD: Temos que sensibilizar as mulheres no sentido de que também são capazes de ser boas a matemática, por exemplo. Podem estudar gestão. Não é por terem escolhido seguir um ramo aos 20 anos que, com 25, não podem mudar de ideias. Ou aos 30 ou 50. É possível começar um novo plano de carreira mais tarde na vida. Especialmente hoje em dia.
Sim, percebo. Eu própria fiz um mestrado em Teoria Política, na London School of Economics, e eramos apenas uma mão cheia de alunas. A muito se devia o facto de ser um curso num departamento maioritariamente masculino.
KD: Exatamente. E fazermos perceber às mulheres que estudar política é importante. Temos de mudar o cenário ainda mais cedo, até no ensino secundário. A minha filha mais velha tem 12 anos e disseram-lhe que devia estudar literatura porque “mulheres têm mais sensibilidade”. Fiquei logo de pé atrás. Não quero que estraguem o esforço que me ando a empenhar há muitos anos: o de ensinar a minha filha que podem fazer o que quiser. Se uma delas quiser ser engenheira vou fazer de tudo para a apoiar e ajudá-la a conseguir estudar engenharia. E se a outra quiser ir para literatura, claro que a apoio. Mas as escolhas têm de ser delas e não escolhas condicionadas pela velha noção de que elas deveriam escolher uma área ‘boa para mulheres’.
A minha filha mais velha tem 12 anos e disseram-lhe que devia estudar literatura porque “mulheres têm mais sensibilidade”. Fiquei logo de pé atrás. Não quero que estraguem o esforço que me ando a empenhar há muitos anos: o de ensinar a minha filha que podem fazer o que quiser.
KD: Lembro-me de estar numa reunião o ano passado, em que a empresa nos dizia que lhes era muito importante a igualdade de género, etc. Tive de lhes chamar a atenção para o facto de que eramos oito pessoas à mesa e que, para além de mim, a única mulher no escritório era a que nos tinha trazido os cafés…
Daí a vossa cláusula de salvaguarda ética, que acaba por ser um dos vossos valores fundamentais.
KD: Sim. Já não é uma questão de ‘gostava de ver mais mulheres a meu redor’. Agora exijo ter mais mulheres à minha volta. Tem de haver paridade, há que ter ordenados iguais em patamares iguais, temos de assegurar que não há crianças cujos direitos não são respeitados, que as águas sejam recicladas após serem utilizadas em certos processos, etc. O cumprimento disto já não devia, hoje, constituir uma opção para um empresário. Temos de nos virar de frente para o futuro.
Os investimentos que fazem são, portanto, escolhidos a dedo de maneira a cumprirem os vossos requisitos sociais e ambientais, também.
KD: Sim. Proteger o ambiente é-nos imperativo também. No escritório faço questão de comprar material sustentável. Só todos juntos é que conseguimos moldar o futuro.
E tem algum projeto que seja dedicado exclusivamente a causas sociais?
KD: Sim. Recentemente juntámo-nos ao board de uma empresa, na qual somos os principais investidores, dedicada a ajudar pais e mães solteiros. Hoje em dia dois em cada três casais separam-se. E, entre a separação e o recomeçar de uma vida, existem fases muito difíceis. Seja o terem de voltar para casa de familiares por deixarem de viver com o pai/mãe dos filhos, ou por terem de ajustar os filhos à nova dinâmica familiar… Este projeto acaba por oferecer uma comunidade, baseada num co-living, com pessoas que estejam a passar pelo mesmo. No nosso projeto está integrado, por exemplo, um serviço de babysitting na comunidade e tentamos assegurar que os pais possam fazer as comprar no mesmo local, por forma a garantir estabilidade aos filhos. Tentamos centralizar os serviços necessários numa separação, de maneira a ajudar todos, na família.
KD: Também investimos na JAK Shoes (ver artigo da Forbes aqui), que faz questão de incluir no seu modelo de negócios práticas do foro social. Também somos partners de uma empresa de produtos de higiene íntima para mulheres. A empresa acompanha mulheres desde o primeiro ciclo delas. Temos uma caixinha muito bonita para a primeira menstruação das mulheres. Já ofereci uma à minha filha. Vem com um caderno educacional, em banda desenhada, que explica o processo todo. É tudo feito online e os produtos são entregues em casa.
Um projeto que não só apoia mulheres, como desmitifica uma coisa natural.
KD: Sim, e ainda há muito trabalho pela frente. Eu, que só tenho 35 anos, ainda me lembro que na escola tinha de manter em segredo que tinha o período. Ninguém podia saber, escondíamos tudo. Hoje, no escritório, há sempre alguém com o período. Tem de ser desmitificado porque faz parte da nossa vida. Também fazemos parte de outro projeto, cuja Presidente trabalhou há muitos anos na 27lisboa, e ela criou uma plataforma educacional com conteúdo sobre igualdade de género, pós-parto, etc. Chama-se On Susane.
Para quem não tem guidance (seja em forma de alloparenting) sobre estas fases da vida, é importante ter acesso a este tipo informação.
KD: Sim. Antigamente a comunidade familiar era diferente. Muitos destes temas já não são falados entre membros da família, até porque famílias se separaram geograficamente e uns vivem em aldeias e outros em cidades, por exemplo. Aquela união local, geográfica, já se reconfigurou.
Antigamente a comunidade familiar era diferente. Muitos destes temas já não são falados entre membros da família, até porque famílias se separaram geograficamente e uns vivem em aldeias e outros em cidades, por exemplo.
Mudando de tema: as vossas empresas todas – 27 Lisboa, 27 Films, 27 Studio e Santos-Dassault – são administradas pela vossa holding company, a Maisons Julien et Kelly Dassault (MJKD).
KD: Sim, a MJKD é a nossa empresa-mãe. Os nossos investimentos são feitos em nome desta. Eu e o Julien somos os únicos sócios da empresa.
A Kelly também mencionou o facto de, às vezes, fazer trabalhos como repórter.
KD: Sim. Nós temos uma produtora focalizada em produzir curtas-metragens de jovens realizadores. Recentemente produzimos um projeto (realisado por Thibaut Buccellato) com uma atriz americana, a Leyna bloom, que foi a primeira mulher transgénero a posar para a Sport Illustruted. Também co-produzimos um clip da Cecile Chabert para o artista Thylacine. Assumi o papel de produtora executiva. Quando era atriz, fiz parte de vários projetos que nunca chegaram a ver a luz do dia por falta de investimentos. Hoje, sempre que posso, tento disponibilizar uma certa quantia para ajudar realizadores a crescer.
KD: Quando estudei em Nova Iorque numa escola de fotografia, dei início a um projeto intitulado Zona Norte, sobre uma localidade dentro da cidade de Tijuana, no México, na fronteira com os Estados Unidos. Fotografei populações de migrantes que ficavam nessa zona à espera de tentar passar a fronteira para os EUA, de forma a oferecer às suas famílias vidas melhores.
Quando era atriz, fiz parte de vários projetos que nunca chegaram a ver a luz do dia por falta de investimentos. Hoje, sempre que posso, tento disponibilizar uma certa quantia para ajudar realizadores a crescer.
E dessa sua experiência, nasceu um livro.
KD: Sim. Em 2019 publiquei um livro e, em 2024, espero organizar uma exposição para celebrar os 10 anos do tal projeto, na capital, a Cidade do México. O livro está disponível na 27 Lisboa, online no nosso site, no Le Bon Marché, em Paris, no site da 27 films, e na Amazon, claro.
Existe outro assunto de que também já tínhamos conversado, e acho relevante falar um pouco mais sobre isso, porque não é a primeira pessoa que me fala o tema: o facto de a maneira como se veste ter um forte impacto na maneira como o seu trabalho é visto por outsiders. É interessante porque outra entrevistada minha, a Mafalda Rebordão, falou-me do mesmo problema…
KD: Exatamente. Noto que acontece várias vezes. Quando chego a reuniões, particularmente em Portugal, de sapatos rasos, camisa e blazer, as pessoas tratam-me de maneira diferente de quando apareço de vestido, com batom encarnado e de cabelo arranjado. Nesta última instância, acaba por ser assumido que faço parte da MJKD por me ter casado. Ou seja, que foi por casamento. Quando, na verdade, sigo uma rotina diária de empresária. Acordo às seis da manhã, viajo em trabalho (este ano já estive no Líbano, no México, nos Estados Unidos, na conferência de Davos, etc.), faço questão de não faltar a nenhuma reunião, e sei que o meu trabalho artístico de maneira nenhuma incapacita a minha competência na gestão e visão das minhas equipas. Nenhuma.
KD: Volto a reforçar: uma mulher pode usar batom, fazer a escolha de ser mãe, ou não, e assumir a liderança de vários projetos. Quero dar esse exemplo aos meus filhos. Quero transmitir a noção de que uma mulher consegue como um homem. Quero que eles percebam que mãe deles trabalha, tem objetivos, passa tempo com eles, faz deles o centro da vida, etc. Eu não trabalho para o meu marido – eu trabalho com o meu marido.
Eu não trabalho para o meu marido – eu trabalho com o meu marido.
Sim, uma distinção importante. Sei, também, que no seu 27 Studio, os seus clientes têm a uma coleção de livros que podem levar para casa e devolver quando voltarem ao espaço.
KD: Exatamente. Dei a minha coleção de livros sobre igualdade, gestão de dinheiro enquanto casais, grandes viagens, direitos humanos, entre outros temas, ao 27Studio. A minha equipe foi, também, comprar livros em português, e de autores locais, para completar o espaço. Acabámos por criar um bookclub para os nossos clientes. Podem levar e trazer os livros quando nos visitam. E são todos bem-vindos a vir conhecer o nosso empenhamento!