Estudo no âmbito da campanha “Viajar Responsavelmente” (“Travel Smart”, no original) que a associação ambientalista Zero integra conjuntamente com outras Organizações Não Governamentais (ONG) europeias salienta que a grande maioria dos trabalhadores nas empresas acredita que as suas entidades empregadoras têm um papel importante a desempenhar na luta contra a crise climática – 77% dos 2.500 funcionários entrevistados são dessa opinião.
A maioria dos inquiridos admitiu estar disposta a fazer mudanças nos seus padrões de viagens em prol da sustentabilidade, acreditando que tem, também, um papel importante na definição das políticas internas de viagens dos locais onde trabalham.
Os funcionários são ainda da opinião de que as empresas devem estabelecer metas corporativas de redução de voos, sendo isso um fator importante para diminuir as respetivas pegadas de carbono.
A Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), de que a Zero faz parte, e a Zero constatam que “os funcionários das empresas são apoiantes de um novo paradigma em que as metas e políticas corporativas devem ser claras e alinhadas com as suas expectativas – e este já é mesmo um fator que está a ajudar algumas empresas a recrutar e reter talento”.
Este estudo chega numa altura em que “há uma sensação crescente de que níveis mais baixos de voos empresariais vieram para ficar. De entre os que relataram viajar de avião em trabalho, 63% viajam menos como resultado da pandemia, 27% viajam com a mesma frequência e 11% viajam mais agora (mas, neste caso, podemos estar em face de um fenómeno de rebound temporário)”, comenta a associação Zero.
Na perspetiva dos ecologistas, “a pandemia mostrou a facilidade com que é possível os funcionários e a gestão das suas empresas reduzirem os voos empresariais recorrendo a alternativas de menores emissões de carbono”.
Quando questionados sobre sua preferência sobre como reduzir o impacto ambiental das viagens aéreas em trabalho, os funcionários na sua maioria disseram que preferem tecnologias e softwares de colaboração virtual (53% dos entrevistados). Viajar com menos frequência (36%) e optar por outros meios de transporte (32%) receberam cada um cerca de um terço das intenções.
Mais reuniões locais, menos reuniões internacionais
Estima-se que “a mudança e consolidação de um modo de colaboração remota tenha um grande impacto em termos de reuniões internas em empresas internacionais. A grande maioria dos colaboradores inquiridos (72%) dizem que estão menos dispostos a viajar para participar em reuniões internas, com 67% deles dispostos a planear mais reuniões locais por oposição a reuniões internacionais, evitando, portanto, viajar de avião”, considera a associação Zero.
A Federação de Transportes e Ambiente e a Zero entendem que a Conferência das Partes das Nações Unidas, que se iniciou no dia 6 de novembro no Egipto, é o momento ideal para os líderes corporativos preocupados com o clima darem o exemplo, examinando e anunciando mudanças os seus próprios hábitos de viagens aéreas. “Devem aproveitar o momento para se comprometerem a diminuir o número dessas viagens em pelo menos 50% em relação aos níveis pré-pandemia”, incentiva a Zero.
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