Cloé Lacasse, ex-jogadora do Benfica, também está no Mundial 2023, ao serviço do Canadá. Depois de um empate no primeiro jogo, frente à Nigéria, a sua seleção volta a entrar em campo na próxima quarta-feira, contra a República da Irlanda.
Na altura em que se tornou a jogadora mais cara da história da Liga BPI, depois de ser vendida ao Arsenal, Cloé falou em exclusivo à Forbes sobre o novo desafio em Inglaterra. Agora fala-nos sobre o Mundial, a influência que a passagem por Portugal teve na sua carreira e os desafios que a sua seleção enfrenta fora de campo. É que o Canadá é um dos grupos que chegou ao Mundial com questões internas ainda por resolver. A luta é conjunta, da equipa feminina e masculina, em busca da igualdade de condições para ambos os géneros.
Porque é que os anos no Benfica foram tão especiais para ti?
Foi muito trabalho, muita determinação. Quando cheguei ao Benfica, tudo o que conquistei seria impossível de sonhar há quatro anos. Acho que no ano passado tudo se conjugou e foi por isso que foi uma época extremamente bem sucedida.
Como é a experiência de jogar a Liga dos Campeões?
Fantástico. Quando comecei a representar o Benfica, foi a primeira vez que joguei a Liga dos Campeões. Sabia que era ali que pertencíamos enquanto equipa, era ali que eu pertencia enquanto individual. Esta época foi um grande feito para o nosso grupo, passar novamente à ronda de 16. E também para mim conseguir terminar como segunda melhor marcadora, sobretudo com o número de jogos que fiz.
Como descreves o teu crescimento durante estes anos em Portugal?
A minha passagem por Portugal tem sido muito gratificante, não só para mim, mas também para o clube, a Federação e a Liga. Pude assistir a um desenvolvimento enorme em Portugal. Vou dar o mérito ao Benfica, porque acho que é o clube que está a investir no futebol feminino e está a obrigar os outros clubes a fazerem o mesmo e também está a garantir que Portugal é visto num palco global. Com o Benfica, Portugal subiu no ranking da UEFA, porque temos tido bons resultados na Liga dos Campeões. Acho que é preciso aplaudir esse facto.
Qual foi o papel do Benfica na tua convocatória para a seleção do Canadá?
O Benfica será sempre muito especial, porque penso que neste país o Benfica está a liderar o processo e a garantir que o futebol feminino tem um lugar aqui. Não apenas um lugar pequeno, mas querem que um dia o futebol feminino seja tão grande como o masculino. Graças a esses esforços, o futebol feminino tem sido bem sucedido não só em Portugal, mas também a nível europeu. Uma vez que temos tido um desempenho fantástico na Liga dos Campeões, isso deu-me o reconhecimento da seleção do Canadá e eles puderam ver-me.
A equipa do Canadá é uma das que tem lutado por melhores condições. Como olhas para a situação?
Tem sido, sem dúvida, um desafio, não só equilibrar a concentração no futebol, mas também negociar um contrato completo, ter conversas com advogados, com as associações de jogadores. Mas, como canadiana, estou extremamente orgulhosa por estarmos a dar este passo, porque sabemos que somos um dos países que está a liderar o futebol feminino e é importante que façamos valer o que merecemos, o que conquistámos, para que outros países possam fazer o mesmo num futuro próximo. Não vamos deixar que isso nos distraia do Campeonato do Mundo, porque temos objetivos, mas é muito importante também conseguirmos o que merecemos.
Quais são as tuas expetativas para o Mundial 2023?
A equipa do Canadá vem de ser campeã olímpica, sendo assim o céu é o limite para nós. Temos grandes objetivos, claro que queremos ganhar o Campeonato do Mundo e temos o talento para o fazer. Vamos apontar para o topo neste Mundial, sem dúvida.
Este é o primeiro Mundial da seleção portuguesa, quais são as tuas expetativas em relação a elas?
Portugal tem vindo a crescer imenso nos últimos dois anos, tendo demonstrado que merece estar neste Campeonato do Mundo. A seleção portuguesa teve um excelente desempenho no Euro e penso que a preparação para o Mundial a deixou ainda mais preparada. Têm um grupo difícil, mas penso que vão conseguir sair-se bem. Especialmente com as colegas de equipa que conheço, penso que vão lutar o mais que puderem para representar o seu país. Estão extremamente orgulhosas por serem o primeiro grupo a ir representar Portugal [num Mundial]. Acho que são, sem dúvida, uma equipa a ter em conta.
Das jogadoras portuguesas que conheces, quais é que se podem destacar neste Mundial?
É uma pergunta difícil, porque todas elas são extremamente talentosas e merecem estar lá. A Ana Seiça é uma das minhas melhores amigas, é o seu primeiro grande torneio e vai ao Campeonato do Mundo, por isso acho que é uma jogadora a ter em conta. Acho que vai ser uma jovem jogadora que vai surpreender muita gente, é isso que estou entusiasmada para ver. Eu diria Ana Seiça.