O Turismo de Portugal e o Turismo do Algarve apresentaram um projeto de formação que envolverá um vasto conjunto de profissionais, preparando-os e dotando-os de competências e ferramentas que lhes permitam melhorar o seu desempenho e consequentemente os resultados da atividade turística e a perceção de valor por parte dos clientes quanto à excelência do serviço no setor.
Programa de formação “Competências do Futuro Algarve” prevê envolver 1800 profissionais do setor turístico regional.
Denominado “Competências do Futuro Algarve”, o programa de formação para os profissionais prevê realizar, com recurso às escolas de Hotelaria e Turismo de Faro, Portimão e Vila Real de Santo António, 440 horas de formação online e estima envolver 1800 participantes do setor turístico regional nas áreas da Liderança e Gestão de Equipas, Competências de Gestão, Marketing e Literacia Digital, Serviço de Excelência no Setor Turístico e Gestão Sustentável dos Recursos e Eficiência Hídrica.
“Este programa surge como resposta às necessidades identificadas pelas principais associações setoriais e tem como objetivo primordial apoiar os empresários do turismo na sua atividade, proporcionando um conjunto abrangente de ações de capacitação em áreas cruciais para o setor. A excelência no serviço prestado é um compromisso inegociável para o Algarve, e a capacitação dos profissionais é um pilar essencial para alcançar esse desiderato neste setor fundamental para a economia regional”, afirmou André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, no lançamento do programa, na sede da RTA.
Este programa de formação pretende responder aos desafios desta indústria, designadamente a escassez de mão-de-obra e o reforço de competências.
“Os resultados mais recentes relativos ao desempenho da atividade turística em 2023 atestam o sucesso contínuo do Algarve e posicionam a região como principal destino turístico do país. Com um somatório de recordes, do número de hóspedes aos proveitos do alojamento turístico, das voltas de golfe aos passageiros movimentados no Aeroporto de Faro, estes resultados são testemunho do sucesso da atividade turística do Algarve, e é de extrema importância utilizar este impulso para qualificar os recursos, capacitar as pessoas e consciencializar as organizações e empresas para o futuro posicionamento da região”, concluiu André Gomes.
Perante os desafios da personalização, da escassez de recursos humanos, do desajustamento das competências face ao mercado e da sustentabilidade, o Turismo do Algarve lançou um levantamento de necessidades de formação junto do setor empresarial, tendo em vista identificar as áreas de competência prioritárias, tendo sido também analisadas as tendências no setor.
“A excelência no serviço prestado é um compromisso inegociável para o Algarve”, refere André Gomes, presidente do Turismo do Algarve.
Seguidamente, a Rede de Escolas do Turismo de Portugal criou um conjunto de programas em diferentes áreas que poderão ser frequentados integralmente ou por blocos, consoante as necessidades. Foram então desenvolvidos conteúdos adaptados ao setor e com aplicação em diferentes áreas da atividade turística. Numa fase posterior, será avaliada a aplicação dos conteúdos em contexto profissional, visando introduzir possíveis melhorias.
O Programa “Competências do Futuro Algarve” contemplará dois intakes, a decorrer de fevereiro a maio e de outubro a dezembro – fora da época alta de atividade turística –, e quatro bootcamps presenciais nas três escolas, um por cada área temática. No final das ações online decorrerá uma sessão presencial envolvendo todos os participantes.
Risco de insatisfação laboral no turismo algarvio é maior entre os 25 e 34 anos, diz estudo
Esta iniciativa surge numa altura em que um estudo revelou que o risco de insatisfação e demissão ‘silenciosa’ dos trabalhadores no turismo algarvio é maior entre os que têm entre 25 e 34 anos e são quadros semiqualificados.
Segundo um comunicado da associação KIPT (Knowledge to Innovate Professions in Tourism), os investigadores responsáveis pelo estudo indicam que os resultados revelaram “a necessidade de estudar formas de progressão na carreira para mitigar este efeito”.
O estudo indica também que os trabalhadores no setor do turismo precisam de reconhecimento e de recompensas recorrentes, de serem ouvidos, além de mostrarem a necessidade de ter amigos e um bom ambiente de trabalho.
A ‘demissão silenciosa’ é caracterizada, segundo a KIPT, por um sentimento generalizado de insatisfação, traduzindo-se na falta de compromisso no trabalho e uma falta de intenção de ir além das obrigações mínimas.
O estudo, que se baseou numa amostra de 1.223 profissionais, concluiu que na base da satisfação surge o clima organizacional, ou seja, “a importância de processos colegiais de tomada de decisão, o acolhimento de ideias inovadoras e o reconhecimento”.
Segundo o estudo, os colaboradores com mais de 50 anos estão conformados e pouco disponíveis para mudar de emprego, muito por força do sentimento de pertença que nutrem pela empresa onde trabalham.
Por outro lado, os colaboradores com menos experiência profissional, ou estrangeiros, apresentam níveis significativos de satisfação, especialmente em relação a oportunidades formativas e perspetivas de progressão de carreira.
O estudo sublinha ainda que a valorização do trabalho é destacada como uma experiência positiva para a maioria dos colaboradores, com ênfase especial nas faixas etárias entre os 18 e os 24 anos e acima dos 50 anos.
Num debate que se seguiu à apresentação do estudo, responsáveis do setor do turismo, citados pela KIPT, defenderam a que se deve “voltar a apostar na paixão pela hotelaria” e em trabalhar a “satisfação do trabalhador como se faz com o cliente”.
“A falsa noção de baixos salários pagos no setor, a falta de habitação e uma rede transportes públicos eficaz na região, assim como a elevada pressão dos impostos e a demonização das profissões do turismo”, foram outros pontos destacados pelos profissionais do setor com impacto na captação e retenção dos profissionais do turismo no Algarve.
O KIPT é uma associação privada sem fins lucrativos, reconhecida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Agência Nacional de Inovação (ANI) como o primeiro e único Laboratório Colaborativo na área do turismo.
com Lusa