De 11 de janeiro a 31 de março de 2024, o renomado artista chinês Ai Weiwei vai expor o seu mais recente projeto intitulado Ai vs AI, em Londres.
Nele, o artista fez 81 perguntas à inteligência artificial e, durante 81 dias consecutivos, estas vão aparecer nos ecrãs de Piccadilly Circus, exatamente às 20:24 horas locais. Simultaneamente, as perguntas de Weiwei vão ser publicadas na plataforma de arte e cultura, CIRCA. Vários outros canais vão ser utilizados para fazê-las chegar diariamente a um público mais vasto, incluindo em billboards espalhados por Seul, Berlim e Milão.
Weiwei visa explorar os limites e os diálogos entre arte, tecnologia e filosofia humana, no que será uma exposição sem precedentes.
As perguntas que o artista selecionou variam em tema e debruçam-se sobre filosofia, política e ciência, convidando o público a refletir sobre o papel da humanidade num mundo em constante transformação. Sem que nos sejam oferecidas respostas às mesmas, os assuntos abordados tocam em noções de liberdade e ética, e no futuro da sociedade face aos mais recentes avanços tecnológicos. Algumas das perguntas incorporam humor e roçam o absurdo.
Esta exposição não só marca a primeira vez que Weiwei faz uso de IA na sua arte, como o número 81 tem um significado importante para o artista, visto ter sido a quantidade de tempo que o mesmo esteve confinado numa prisão chinesa, em 2011, a pedido do Partido Comunista Chinês.
Nesse período, Weiwei diz ter sido submetido pelas autoridades locais a uma série de interrogatórios em que as mesmas exerciam o seu poder absoluto ao manipular informação em massa.
Segundo o artista, a disparidade entre o direito de fazer perguntas e o de ter respostas é cada vez maior nesses regimes.
Acrescenta, ainda, que esta desigualdade de direitos reflete uma dinâmica de poder em que a liberdade de expressão e o direito à informação são descartados em prol do autoritarismo.
Ai Weiwei diz ter sido inspirado pela antiga prática chinesa de “questionar o divino”, afirmando que o seu processo criativo tem vários paralelos à mesma.
Note-se que, desde 2020, Weiwei vive em Montemor-o-Novo, no nosso país.