Portugal investe em soluções de health tech e IA que já competem ao nível europeu

Portugal está a tornar-se um laboratório vivo para a nova geração de tecnologias de saúde suportadas por Inteligência Artificial (IA). Desde a análise de dados clínicos à previsão de riscos em cuidados intensivos, passando por plataformas digitais que permitem monitorizar doentes à distância, o país tem vindo a produzir soluções que começam a ganhar tração…
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As empresas portuguesas Opvance, Luz Eclética e Vitruvian Shield foram distinguidas na iniciativa europeia Hospital Innovation Challenge, que premiou três soluções de inteligência artificial aplicadas a desafios clínicos reais.
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Portugal está a tornar-se um laboratório vivo para a nova geração de tecnologias de saúde suportadas por Inteligência Artificial (IA). Desde a análise de dados clínicos à previsão de riscos em cuidados intensivos, passando por plataformas digitais que permitem monitorizar doentes à distância, o país tem vindo a produzir soluções que começam a ganhar tração internacional. A iniciativa Hospital Innovation Challenge, lançada pelo Health Cluster Portugal, no âmbito dos projetos TEF-Health e DigiHealthPT EDIH, em parceria com o Instituto Pedro Nunes (IPN) e o EIT Health Innostars, confirmou-o ao distinguir três propostas portuguesas num conjunto de desafios colocados por hospitais de referência na Europa.

A solução vencedora foi desenvolvida pela Opvance, empresa baseada na Madeira, para o Centre Hospitalier Universitaire de Rennes, em França. O segundo lugar foi atribuído à Bloom, proposta pela portuguesa Luz Eclética para o hospital universitário de Grenoble. O terceiro lugar distinguiu a Vitruvian Shield, de Aveiro, que respondeu ao desafio lançado pela Unidade Local de Saúde de São João, no Porto.

A proposta da Opvance permite que hospitais utilizem de forma segura os seus dados clínicos e os modelos de inteligência artificial já disponíveis. Assente em princípios de Zero-Trust, a solução foi concebida para garantir conformidade, auditabilidade e proteção dos doentes, ao mesmo tempo que transforma grandes volumes de dados em painéis claros e atualizados em tempo real. O objetivo é apoiar decisões clínicas mais informadas e acelerar a inovação em contextos hospitalares. O CHU Rennes procurava uma solução técnica que facilitasse a integração de modelos de machine learning nos seus sistemas, encontrando na proposta da Opvance uma abordagem robusta e escalável.

A solução Bloom, desenvolvida pela Luz Eclética, foi distinguida com o segundo lugar. Destinada ao hospital universitário de Grenoble, em França, a ferramenta recorre a algoritmos de inteligência artificial para analisar dados recolhidos rotineiramente em cuidados intensivos, incluindo TACs, análises laboratoriais, histórico de peso, variáveis fisiológicas e prescrições nutricionais. Com base nesta informação, o sistema prevê a diminuição do índice de massa muscular esquelética ou a necessidade de nutrição artificial prolongada, permitindo uma intervenção mais precoce em doentes internados na Unidade de Cuidados Intensivos.

O terceiro lugar foi atribuído à Vitruvian Shield, de Aveiro, com uma plataforma digital de saúde em modelo SaaS orientada para ensaios clínicos descentralizados, gestão de doenças crónicas e monitorização remota de pacientes. A solução foi desenvolvida para a Unidade Local de Saúde de São João, que procurava uma ferramenta de inteligência artificial capaz de otimizar o processo de doação de órgãos em pacientes internados em cuidados intensivos.

Os três vencedores recebem vouchers DigiHealthPT no valor de 2 mil euros, 1.500 euros e 500 euros, respetivamente. A iniciativa procurou aproximar startups e PMEs europeias dos desafios concretos enfrentados por hospitais, contando com a participação da Unidade Local de Saúde de São João, da Unidade Local de Saúde de Coimbra, do Grenoble University Hospital, do CHU Rennes e do Martin University Hospital, na Eslováquia.

No total, foram apresentadas 23 propostas, avaliadas por um júri composto por representantes dos hospitais envolvidos. As seis finalistas tiveram ainda oportunidade de interagir diretamente com estas instituições durante a conferência internacional Innovating Health Together, organizada pelo Health Cluster Portugal no Porto.

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