Milionários: Número de pessoas com mais de um milhão de dólares caiu 2,1% na Europa

Não há dúvida de que a riqueza acumulada a nível mundial não para de crescer. Nunca como agora as empresas cotadas valeram tanto, tornando bilionários os seus maiores detentores, alcançando níveis estratosféricos inimagináveis há algumas décadas. O estudo World Health Report, realizado pelo Research Institute, da Capgemini, revela que, em 2024, os Estados Unidos lideraram…
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Segundo um estudo da multinacional Capgemini, sobre a riqueza mundial, a Alemanha perdeu 41 mil milionários, a França 21 mil e o Reino Unido 14 mil. Em contrapartida, os Estados Unidos ganharam 562 mil indivíduos detentores de mais de um milhão de dólares em ativos.
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Não há dúvida de que a riqueza acumulada a nível mundial não para de crescer. Nunca como agora as empresas cotadas valeram tanto, tornando bilionários os seus maiores detentores, alcançando níveis estratosféricos inimagináveis há algumas décadas. O estudo World Health Report, realizado pelo Research Institute, da Capgemini, revela que, em 2024, os Estados Unidos lideraram o crescimento da população de milionários – indivíduos com mais de um milhão de dólares em ativos -, um acréscimo que atingiu os 7,3%. Em números absolutos, existiam no final do ano passado mais 562 mil indivíduos de elevado património líquido (HNWI) neste território, atingindo um total de 7,9 milhões de pessoas. Em tendência oposta esteve o Velho Continente, que viu a sua população de ricos cair 2,1%, tal como o Médio Oriente, cuja quebra se situou no mesmo rácio.

De uma forma geral, o estudo aponta que, em todo o mundo, o número de indivíduos com elevado património líquido tenha crescido 2,6% em 2024.

O World Wealth Report 2025 abrange 71 países, representando mais de 98% do rendimento nacional bruto global e 99% da capitalização bolsista mundial. De uma forma geral, o estudo aponta que, em todo o mundo, o número de indivíduos com elevado património líquido terá crescido 2,6% em 2024. A 29º edição do relatório mostra que este crescimento médio foi impulsionado pelo aumento do número de multimilionários – indivíduos com mais de 30 milhões de dólares de património – que cresceu 6,2%. A explicação reside no bom desempenho dos mercados bolsistas, motivado pelo otimismo gerado em torno da Inteligência Artificial, gerando um interessante retorno nas carteiras de investimento. Investimentos alternativos como as private equity e as criptomoedas representam 15% do portefólio destes HNWI.

Ambiente favorável das taxas de juro impulsiona milionários nos Estados Unidos

No caso particular dos Estados Unidos, o aumento da riqueza deste grupo de abastados foi potenciado pelo ambiente favorável das taxas de juro conjugado com o forte desempenho do mercado bolsista norte-americano. A par com os Estados Unidos, também a região da Ásia-Pacífico viu o número de pessoas abastadas aumentar, em média, 2,7%, sendo que o comportamento dos vários países foi díspar. A Índia e o Japão registaram ambos um aumento de 5,6%:  a Índia registou um acréscimo de novos 20 mil milionários e o Japão mais 210 mil. A China, por outro lado, teve uma quebra de 1% de milionários.

Na Europa, a Alemanha foi o território que perdeu mais milionários, atingindo os 41 mil indivíduos, seguida da França, que perdeu 14 mil.

Por outro lado, a Europa, a América Latina e o Médio Oriente registaram quebras devido aos desafios macroeconómicos que experienciaram durante o período a que reportam os dados. Na Europa, a Alemanha foi o território que perdeu mais milionários, atingindo os 41 mil indivíduos, seguida da França, que perdeu 14 mil. O Reino Unido perdeu cerca de 14 mil indivíduos com mais de um milhão de dólares. A América Latina sofreu uma quebra de 8,5%, devido à desvalorização cambial e à instabilidade fiscal vividas ao longo de 2024 e o Brasil e o México registaram as maiores quebras, atingindo os 13,3% e 13,5% respetivamente. Já o Médio Oriente perdeu 2,1% do número de HNWI que detinha em 2023, sobretudo devido à queda do preço do petróleo.

Nova geração de milionários procura apoio na gestão de património

Nos próximos 20 anos vai dar-se um movimento conhecido como a Grande Transferência de Riqueza, estimando-se que esta passagem de testemunho alcance os 83,5 biliões de dólares (cerca de 72,3 biliões de euros). Este movimento dará origem a uma nova geração de milionários que procurarão empresas de gestão de património alinhadas com as suas prioridades de investimento. A Grande Transferência vai ocorrer em três fases: 30% herdarão as suas fortunas até 2030, 63% até 2025 e 84% até 2040.

Nos próximos 20 anos vai dar-se um movimento conhecido como a Grande Transferência de Riqueza, estimando-se que esta passagem de testemunho alcance os 83,5 biliões de dólares (cerca de 72,3 biliões de euros).

Certo é que a nova geração está disposta a assumir mais riscos para aumentar as suas fortunas: 61% dos milionários das Gerações Millenial e Z focam os seus investimentos em classes de ativos com maior potencial de crescimento e em produtos de nicho. “Esta grande transferência dos patrimónios será um momento determinante para o setor. Apesar do crescimento global que as fortunas têm registado, 81% dos herdeiros revelaram que planeiam mudar de empresa de gestão de património no prazo de um a dois anos após receberem a herança. Perder estes clientes insatisfeitos representa um risco significativo para o setor”, afirmou, em comunicado, Kartik Ramakrishnan, CEO da Financial Services Strategic Business Unit da Capgemini e membro da comissão executiva do grupo.

O mesmo responsável adianta que “A nova geração de HNWIs tem expectativas muito diferentes das dos seus predecessores. É necessário que o setor abandone as estratégias tradicionais para satisfazer as novas necessidades destes clientes. As empresas de gestão de patrimónios/fortunas devem também dotar os seus consultores com os recursos e as competências digitais necessárias, possivelmente suportadas por IA generativa ou IA agêntica, para mitigarem o risco de perder clientes e colaboradores”.

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