Fim do American Dream? Saiba em que setores mais trabalham os imigrantes ilegais nos Estados Unidos

Os últimos tempos não têm sido fáceis para quem imaginou um dia que podia viver o famoso American Dream, ou seja, o chamado sonho americano. No fundo, este é um conjunto de ideais “vendidos” pelos norte-americanos, que pretendem passar a ideia de que qualquer pessoa, seja qual for a sua raça ou classe social, pode…
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São mais de 7,5 milhões os trabalhadores ilegais nos Estados Unidos, cerca de 1,5 milhões na construção e um milhão na área da hospitalidade. Especialistas alertam que a falta desta mão de obra vai ter um efeito cascata em toda a economia. Saiba como se distribuem estes trabalhadores ilegais.
Economia

Os últimos tempos não têm sido fáceis para quem imaginou um dia que podia viver o famoso American Dream, ou seja, o chamado sonho americano. No fundo, este é um conjunto de ideais “vendidos” pelos norte-americanos, que pretendem passar a ideia de que qualquer pessoa, seja qual for a sua raça ou classe social, pode alcançar o sucesso e a prosperidade atrás do seu trabalho árduo. Foi com esta premissa que o país conseguiu atrair para o seu território inúmeros imigrantes, vindo de todas as partes do mundo, que ocuparam diversos cargos na sociedade e fundaram algumas das maiores multinacionais do mundo. Ou seja, foi este o modelo de atração de talento que elevou o país a um dos mais criativos e com as startups mais valiosas nos cinco continentes.

A força de trabalho dos EUA já diminuiu nos últimos meses – em parte devido a deportações e menos chegadas de imigrantes – à medida que a administração Trump reduziu os programas de vistos.

Porém, o arranque do ano não tem sido fácil para quem trabalha naquele país, composto por 50 estados e com dimensão de continente. Nos últimos dias, foram vários os confrontos em Los Angeles incendiados pelas operações lançadas a vários locais pela ICE – Immigration and Customs Enforcement (o serviço de alfandega e fronteiras dos Estados Unidos) em busca de imigrantes ilegais. Para calar estes protestos, Donald Trump enviou quase cinco mil militares para esta cidade. Agora, o presidente dá o dito por não dito e decidiu suspender a campanha de operações indiscriminadas contra migrantes em determinadas áreas devido à preocupação com a crescente impopularidade destes métodos. E dá a entender que a decisão de deportar imigrantes em grande escala está a prejudicar diversos setores de atividade. Já anteriormente tinha partilhado nas redes sociais que a sua política de imigração agressiva estava a prejudicar produções agrícolas e o setor da hotelaria e que prometeu uma atuação mais contida.

Os economistas preveem que a diminuição da imigração pode levar a que a escassez de trabalhadores se torne a norma, prejudicando o crescimento económico dos EUA.

Ao que parece estas indústrias são as que recebem mais trabalhadores ilegais e já começam a ser abaladas com a falta de mão de obra. A verdade é que rusgas nos locais de trabalho e anúncios de novas repressões deixaram muitos trabalhadores em casa por medo de serem detidos. A força de trabalho dos EUA já diminuiu nos últimos meses – em parte devido a deportações e menos chegadas de imigrantes – à medida que a administração Trump reduziu os programas de vistos. Os economistas preveem que a diminuição da imigração pode levar a que a escassez de trabalhadores se torne a norma, prejudicando o crescimento económico dos EUA.

Construção com 13,7% de ilegais e Agricultura com 12,7%

Mas qual é então a distribuição do número de trabalhadores ilegais por setor de atividade? Segundo um relatório publicado pelo American Imigration Council, em Outubro do ano passado, são as indústrias da Construção e da Agricultura que mais dependem dos trabalhadores ilegais. Estes imigrantes sem documentação representam 13,7% no caso da Construção – atingindo um número absoluto de 1,54 milhões de trabalhadores e 12,7% no caso da Agricultura – cerca de 244 mil pessoas. Em terceiro lugar surge a área da Hospitalidade, com uma quota de 7,1%, mas que em números absolutos ultrapassa um milhão de trabalhadores ilegais. No total, o país ocupa cerca de 7,5 milhões de trabalhadores sem documentos oficiais.

Os empregos mais impopulares para os norte-americanos, aqueles que ninguém quer fazer, são assegurando por imigrantes ilegais, como a produção de carne e as limpezas de cozinhas e hotéis.

Segundo este relatório, analisado pela multinacional de análise de dados Statista, que elaborou a infografia em baixo (disponível apenas em inglês) os empregos mais impopulares para os norte-americanos, aqueles que ninguém quer fazer, são assegurando por imigrantes ilegais, como a produção de carne e as limpezas de cozinhas e hotéis.

O relatório indica ainda que, em 2022, mais de um terço dos pedreiros, estucadores, ladrilhadores e outros funcionários da construção civil eram ilegais, e um quarto dos trabalhadores agrícolas e empregados de limpeza. O alerta fica no ar: a perda desses trabalhadores pode ter um efeito cascata em toda a economia, afetando todas as empresas.

Veja, a seguir, a tabela elaborada pela Statista sobre a distribuição de trabalhadores ilegais nos Estados Unidos.

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