Existem programas gerais de apoio às empresas, o 2020, o PRR, agora o 2030, de inovação produtiva, de IDT, mas sem que sejam específicos da Indústria da Farmacêutica.
Em 2002 o Governo português reconheceu o carácter estratégico da Indústria Farmacêutica no desenvolvimento económico do país, mas ao longo destes anos não encontro nenhuma tradução desse reconhecimento numa adequação entre objetivos, políticas e recursos.
Não precisamos inventar a roda pelo que vejamos o que se passa na vizinha Espanha.
O Governo espanhol pelo carácter estratégico do setor definiu a IF como um dos pilares do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência aprovado em maio de 2021.
Isto não aconteceu em Portugal.
A Indústria Farmacêutica é um dos setores mais importantes da economia espanhola. Em 2022 as exportações ultrapassaram os 28 mil milhões de euros. As exportações da Indústria Farmacêutica portuguesa ultrapassam os 2 mil milhões de euros, ou seja, 14 vezes menos.
A Indústria Farmacêutica é um motor de crescimento global do PIB, tem um valor acrescentado por trabalhador mais elevado do que o setor automóvel ou aeroespcial e gera emprego mais qualificado do que a indústria eletrónica ou de sistemas informáticos.
O que não faz sentido é que esse reconhecimento não se traduza em medidas de natureza política e económica. Portugal não tem tido pensamento estratégico. Pensamento estratégico significa fazer escolhas, definir prioridades e a primeira condição para ser alguma coisa é não querer ser tudo em simultâneo. Perdemos uma grande oportunidade com o PRR.
O programa espanhol, para além de Recuperação e Resiliência incluiu o termo Transformação. Talvez seja isso que falta em Portugal, a identificação do potencial de transformação que o setor farmacêutico poderia introduzir na economia nacional.
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