Zora Viana, expert em mentorias e fundadora da Universidade Corporativa Atitude Emocional (UNIAE), esteve em Portugal como oradora convidada da Forbes Women’s Summit. Antes de apresentar o seu pitch no evento, falou com a Forbes Portugal sobre o seu percurso profissional, a educação para adultos, a estratégia no digital que associa ao seu negócio e as ambições no mercado português.
Fale-me um pouco sobre o seu percurso até aqui.
Eu trabalhei sete anos no corporativo, em empresas, como trabalhadora comportamental e eu percebi que a minha alma queria mais, queria empreender, queria crescer de uma maneira mais independente. A 18 de agosto de 2013 eu comecei a Universidade Atitude Emocional. No primeiro momento do negócio, comecei como coach e a partir disso é que me fui desenvolvendo, crescendo, contratando mais pessoas, expandindo até chegarmos à estrutura que temos hoje. É uma universidade especializada em capacitar e empoderar as mulheres para empreenderem com educação para adultos. Nós formamos mentoras, consultoras, treinadoras, professoras digitais porque hoje a sala de aula virou a internet. Nós temos uma universidade especializada nisso.
Como é que define o conceito de ‘desenvolvimento de pessoas’?
Desenvolvimento de pessoas é uma área tão importante e ao mesmo tempo nova, parece que está sempre em renovação. Desenvolver pessoas é a capacidade de elevarmos as pessoas para um próximo nível, para um próximo passo, uma próxima oportunidade. A educação para adultos é muito mais prática, muito mais focada no passo a passo, no como, as atitudes que precisas de ter para passares para uma próxima página na tua vida.
Quando decide criar este projeto, porque é que escolhe fazê-lo no digital?
Hoje nós já fazemos um trabalho mais hibrido. Como a UNIAE é uma universidade para mulheres com mais de 35 anos, percebemos que elas gostam do presencial, então hoje temos uma universidade hibrida. Temos aulas presenciais que são transmitidas online, ao vivo, porque conseguimos atingir todos os públicos. Temos 40 mil alunos em 50 países já. Não abrimos mão da internet, mas também começámos a fazer uma série de atividades presenciais para poder conectar as pessoas de uma maneira mais humana, de uma maneira mais próxima. Mas a escolha da internet foi uma escolha para globalizar mesmo, para dar acesso, liberdade, estimular a diversidade. Sabemos que há muitas mulheres que não se conseguem deslocar porque estão em casa a cuidar das crianças, mas querem muito empreender. Nós acreditamos muito em não ensinar fórmula prontas, mas fazer as mulheres transformarem o que elas acumularam de conhecimento ao longo da vida num produto. Um produto de mentoria, um curso, um treino, um evento, uma palestra. Nós ensinamos a fazer isso e monetizar o próprio conhecimento.
E qual é a sua estratégia de redes sociais?
No Brasil usamos muito um formato de lifestyle junto com o conteúdo. Divulgamos o nosso dia-a-dia e junto com isso associamos um conteúdo. É uma forma muito boa de monetizar o nosso conhecimento porque as pessoas conectam-se com pessoas. O que nós fazemos é, através da partilha do nosso dia-a-dia, fazer com que as pessoas se conectem e inspirem para que tomem decisões de empreender também. Hoje usamos o Instagram, Youtube, Tiktok, e temos tanto o meu perfil pessoal, quanto o perfil da UNIAE. Um para fortalecer a marca, qualquer empresária tem que entender que a empresa tem que ser maior que ela, não é ela que é maior que a empresa, e o meu perfil que acaba por trazer essa conexão mais humanizada, calorosa, para poder inspirar as mulheres e especialmente as mães. Eu acredito muito que o empreendedorismo acaba por florescer quando somos mães. Eu empreendi antes disso, mas tenho a certeza que o meu filho foi uma mola muito precursora para eu continuar a crescer cada vez mais.
Com alunas em 50 países, têm que adaptar a forma de ensinar a diferentes mulheres?
A nossa metodologia é muito versátil e muito focada na mulher. E eu acredito muito que as dores femininas são universais, elas não mudam muito de local para local. O que procuramos fazer é uma adaptação na parte do exercício, da tarefa, em programas mais próximos, porque nós temos programas online gravados e programas de acompanhamento. Esses programas de acompanhamento são adaptados de acordo com a realidade, mas não porque ela mora em outro país, porque nós focamos na individualidade. Dentro do próprio Brasil vamos fazendo adaptações. Eu percebo que o mais diferente não é a questão do país, mas sim o momento de vida dela. Mulheres que estão para se reformar pensam e reagem de uma forma, mulheres que acabaram de ter um filho reagem de outra forma. Nós navegamos entre essas fases e temos adaptações.
O que é necessário para se ser uma boa mentora?
A primeira coisa é a pessoa importar-se de verdade. Se estiveres muito focada só no negócio e não no impacto que a mentoria vai ter, não vais crescer. O segundo ponto é a disposição para se adaptar porque para ser mentora não dá para ser rígida, vais ter que entender como é que o mundo vende agora, como é que as pessoas compram, como é que elas aprendem. Essa capacidade de adaptação é muito importante. E estrutura, nós defendemos muito que mentoria não é da tua cabeça. A mentoria precisa de ter embasamento, técnica, ferramentas. Essa estrutura é o que te vai dar segurança para venderes com qualidade e de uma maneira leve.
A Zora tem uma frase que é: “Ser poderosa é uma decisão”. Como é que se chega a essa decisão?
Eu acredito que essa é uma decisão diária de empoderamento, crescimento, evolução e principalmente de uma capacidade de olhar para a tua própria ambição. Queres impactar, inspirar e dar mentoria a pessoas? É uma decisão diárias, não há uma chave que vira, essa chave vai virando todos os dias à medida que se decide empreender com educação.
Em relação ao mercado português, quais são os objetivos da empresa cá?
Hoje a Celeste [Hagatong] estava a dizer uma coisa que me marcou muito. A falar sobre as portuguesas ela disse: “O que nos falta é ambição”. Se eu puder plantar essa semente da ambição, seja financeira, de impacto, de resultados, de transformação, para mim já valeu muito a pena. Nós queremos muito trazer os nossos cursos presenciais para Portugal, hoje já temos várias alunas em Portugal, mas tudo online. Queremos muito plantar essa semente da ambição e do crescimento. Sei que há muitas mulheres que querem, mas que acabam por deixar para depois ou não vendo uma liderança que elas realmente se identifiquem, porque o mercado de educação para adultos é um mercado muito liderado por homens e agora queremos levar essa bandeira do feminino e que as mulheres também pode trabalhar com educação.