Que mensagem retira destas várias horas de partilha entre mulheres de diferentes áreas, na 1ª Forbes Women’s Summit?
Solange Salvaterra Pinto: Uma mensagem muito positiva, até porque há poucos espaços onde as mulheres têm a palavra. Normalmente as mulheres têm mais palavra no âmbito doméstico, dos seus próprios trabalhos, mas assim falar para um leque de pessoas é muito mais difícil. Queria dar os parabéns à Revista FORBES por ter tido esta iniciativa de trazer o evento de tamanha dimensão para Portugal e, sobretudo, por ter conseguido reunir mulheres de vários estratos sociais, de várias sensibilidades, de vários países. Ou seja, conseguiram aqui uma transversalidade muito grande e é muito importante para quem está do outro lado a assistir ver que o poder do agora, que aquilo que o que temos em mente e queremos fazer será que conseguimos? Para mim este dia foi muito inspirador.

Que importância tem este evento simbolicamente? O que é que ainda é preciso fazer para fomentar o empoderamento feminino?
É preciso que estes eventos continuem anualmente, mas é preciso também que em cada empresa os líderes façam isso lá dentro. É preciso que se faça nas escolas, é preciso começar desde tenra idade ensinar os miúdos a questão da igualdade, da equidade e, sobretudo, a questão da representatividade. Eu, quanto mulher negra, não me sinto muito representada. E é importante chegar-se aqui e ver que há também mulheres negras no palco. Porque as nossas meninas só estão habituadas a ver as mulheres negras, ou seja, as mães, as tias, as primas, a levantarem-se de madrugada e irem fazer limpezas, e voltarem para casa à noite. E é preciso que elas vejam que há uma Neuza que é editora de uma revista, que há uma Rosaline que é estilista, que há uma Solange que é jornalista. Não pensarem que a vida delas se resume a fazer limpezas; e quando pensam assim, não querem estudar. E quando se veem mulheres negras no topo, têm vontade de estudar e têm vontade de chegar lá. Mas, sobretudo, que se empodere as meninas.
E quais são os principais obstáculos à subida das mulheres a cargos de liderança?
Houve alturas em que pensava que não nos davam oportunidades. Mas agora já penso o contrário, já doseiam. É verdade que é falta de oportunidades, mas é verdade também que nós temos medo. Medo de assumir. Vivemos muito em função do que a sociedade pensa. Temos de sacudir.