Um violino do século 18 feito por um renomeado “luthier” italiano – apelidado de “Leonardo da Vinci” dos violinos – vai a leilão pela primeira vez em décadas depois de ter sido tocado em concertos pelo seu virtuoso dono em algumas dos mais prestigiados eventos de música do mundo.
O violino em questão foi feito em 1736 pelo “luthier” italiano Giuseppe Guarneri, a terceira geração da sua família a fazer instrumentos de cordas, que trabalhou como artesão durante apenas 16 anos antes de morrer bastante jovem.
Sabe-se que apenas cerca de 150 dos seus instrumentos sobreviveram até aos dias atuais, tornando-os raros e altamente cobiçados de acordo com Aguttes, a casa de leilões francesa que intermedia a venda, que acrescentou que não se via um violino de Guarneri em leilão há mais de 10 anos.
A casa de leilões calcula que este violino pode arrecadar entre US$ 4,2 milhões (3,9 M€) e US$ 4,7 milhões (4,4 M€). Contudo, não chocará se se chegar a um lance final de até US$ 10,5 milhões (9,9 M€), de acordo com a disse a leiloeira da Aguttes, Sophie Perrin, à Reuters.
O violino está a ser vendido por Regis Pasquier, um violinista francês de renome mundial que comprou o instrumento há mais de duas décadas e desde então se apresentou com ele em concertos no Carnegie Hall, em Nova Iorque, na Ópera de Sydney, na Austrália, e na Ópera Garnier, em Paris.
Pasquier está a vender o instrumento na esperança de transmitir este violino de quase 300 anos para a próxima geração de músicos, continuando, deste modo, por mais séculos o uso do instrumento, de acordo com a Aguttes.
“Existem muitos violinos, mas este é como vender um Rembrandt, um Goya ou mesmo uma pintura de Leonardo da Vinci”, afirma Perrin à Forbes.
Guarneri – também conhecido como Del Gesùs (“de Jesus”), já que seus rótulos depois de 1731 incluíam o cristograma IHS, de Iesus Hominem Salvatore” a cruz grega trifólio – é amplamente considerado como um dos “luthiers” e artesãos de violinos mais estimados do século 18, e muitas vezes é comparado ao seu contemporâneo Antonio Stradivari.
Ao invés de Stradivari, Guarneri teve pouca influência nas cortes europeias, o que fez com que os seus violinos fossem mais populares entre os músicos comuns que exigiam um ótimo som sem o custo mais alto. Para ganhar a vida, Guarneri criou mais de 2.000 violinos, dos quais apenas centena e meia existem hoje, tornando os originais até ainda mais raros do que um Stradivari original.
Ao contrário de Guarneri, Stradivari teve uma longa carreira e acredita-se que tenha construído mais de 1.100 instrumentos de corda na sua vida, dos quais 650 sobreviveram até aos dias atuais, entre eles 450 a 512 violinos.
São, pois, valiosos e para se ter uma perceção, neste verão será colocado em leilão um violino de Stradiviari que foi destaque na banda sonora do “Feiticeiro de Oz”, estimando-se que seja vendido por até US$ 20 milhões (18,9M€), o que, a acontecer, fixaria um recorde para o violino mais caro do mundo, batendo o atual máximo, de US$ 15,8 milhões (14,9M€) – esse foi a cotação de outro violino de Stradivari vendido em Londres em 2011, tornando-o o instrumento mais caro já vendido em leilão, de acordo com o Guinness World Record.