O grupo Arrow anunciou um novo posicionamento para Vilamoura. Em que se traduz esse posicionamento?
Vilamoura já era extraordinário e vai ficar ainda mais extraordinário. Além de termos a parte de Vilamoura que já era adquirida pelo grupo Arrow – , a parte da Lusotur e da marina de Vilamoura que são as empresas históricas associadas ao desenvolvimento de Vilamoura – agora com a aquisição dos hotéis Dom Pedro e dos campos de golfe Dom Pedro fica claro que o que queremos fazer é recompor um bocadinho o perímetro antigo de Vilamoura no sentido de sermos capazes de atuar sobre as diferentes vertentes do que é a experiência de Vilamoura para os nossos visitantes e para os nossos proprietários.
São transformações que já estão a acontecer…
São passos que vamos continuar a fazer no sentido de fazer uma coisa relativamente simples, mas difícil de fazer: transformarmos Vilamoura na tal experiência tão extraordinária quanto possível atuando sobre as diversas vertentes dessa experiência e isso inclui desde o aspeto mais glamoroso e urbano de Vilamoura perto da Marina, com os restaurantes, as lojas, a vida noturna também os serviços, como os bancos, quase como uma cidade. Mas também o lado mais de resort ou de férias que tem a ver com os campos de golfe, as paisagens idílicas, o parque ambiental com 10 quilómetros de trilhas para andar de bicicleta e a pé e vermos as migrações das aves. De certa forma queremos gerir esta multiplicidade de experiências do golfe à praia, passando pelos restaurantes, pela vida atividade pelos desportos de forma a atrair cada vez mais pessoas. Deixá-las absolutamente deslumbradas com a visita e claro, em último grau, transformá-los de visitantes em proprietários na medida, em que, nos comprarem as nossas propriedades imobiliárias.
E quando estará concluída a transformação?
Está tudo a acontecer muito rapidamente. A aquisição de Vilamoura pelos acionistas atuais foi há cerca de dois anos. A aquisição dos Dom Pedro concretizou-se agora. Vai haver um conjunto de outras aquisições que serão anunciadas em breve. Tudo isto é recente e, se traduz alguma coisa, é uma aceleração do ritmo com que podemos contar estas novidades. Depois vai dar-se aqui um trabalho importante de coordenação e de integração. Temos de fazer algum trabalho com alguns dos parceiros que já operam no território e dar a conhecer o muito que já está disponível para se fazer em Vilamoura. Mas também o nosso próprio investimento em novas instalações e novos serviços ou na renovação dos serviços existentes quer nos campos de golfe, hotéis quer nas próximas aquisições que faremos.
Mas há novos projetos previstos?
Há claro o trabalho de desenvolvimento mais de raiz dos novos projetos imobiliários. Neste momento, temos em comercialização três projetos imobiliários que já estão em construção: o Vilamoura Parque que é o mais perto da marina, que é o mais urbano. O The Nine que é um prédio, mais remoto já perto dos campos de golfe. E depois o Natura Village que é mais perto do parque ambiental e numa zona de paisagens mais bucólicas. Temos um pipeline de cerca de seis projetos novos, além destes, para lançar nos próximos seis meses. Na prática, o esforço é de coordenação do que já existe no sentido de lhes darmos visibilidade e projeção, a renovação ou requalificação das nossas instalações e dos nossos negócios atuais incluindo o golfe e a hotelaria. E depois há a construção de novos projetos imobiliários onde se incluem os três que já estamos a construir e os seis que vamos lançar, mas também novas amenities. Queremos muito desenvolver a oferta de desporto disponível em Vilamoura. Estamos a pensar na localização e configuração do novo centro desportivo que não só sirva para os visitantes, mas também para os compradores das nossas propriedades como para equipas e eventos que possam lá ocorrer.
Referiu que vai haver novas aquisições. Nesta fase, o que já pode adiantar?
Justamente nada. Mas rapidamente vamos ter notícias que incluem outros ativos em Vilamoura e não só.
Qual o volume de investimento que já foi canalizado e o valor que ainda está previsto?
O que já foi investido nas aquisições e nos investimentos já realizados nos projetos que já estão em curso são mais de 400 milhões de euros, o que é obviamente muito. Mas para termos uma ideia do grau de ambição que temos não só em novas aquisições, mas também nos investimentos de renovação e lançamento de novos projetos estamos a falar de valores que ultrapassarão os 500 milhões de euros. Ainda mais do que já gastámos. Se pensarmos que, com o que já gastámos, se inclui a aquisição da marina, a aquisição do banco de terras de Vilamoura, dos Hotéis Dom Pedro e dos campos de golfe é sinal de que, de facto, vamos investir muito na requalificação destes ativos, em algumas mais aquisições e no lançamento de novos projetos.
Pretendem que Vilamoura se posicione ainda mais na Europa como um destino preferencial. Para que nacionalidades estão a trabalhar?
Não só na Europa. Mas começaria pelo mais importante que é o mercado português. Vilamoura, ao contrário de outras localizações sempre teve, e se depender de nós sempre terá, um peso significativo de compradores e visitantes portugueses. A nossa intenção é que assim continue. O que queremos é acrescentar cada vez mais outros mercados de origem. Logo a seguir aos portugueses vêm os suspeitos habituais incluindo o Reino Unido, a Irlanda, os outros mercados de origem do norte da Europa. Incluindo-se também a oportunidade crescente para capturarmos mercados como os Estados Unidos, Canadá e o Brasil que também serão importantes.
Pretendem também reforçar o numero de unidades vendidas…
A par com este lançamento sucessivo de projetos imobiliários há um aumento muito grande no nível de ambição, em termos do número de unidades que queremos vender. No passado vendíamos menos até do que 30 unidades por ano. Este ano já vamos vender cerca de 100. A nossa intenção é que este número cresça sucessivamente e que, para o ano, já estejamos a vender cerca de 200 unidades anuais. Há aqui uma ambição muito grande que já está ancorada nos resultados que estamos a ter este ano, mas que queremos fazer crescer para o futuro. Com isso vamos ter de trabalhar muito e bem para continuar a atrair os compradores portugueses, mas também os compradores vindos destes destinos habituais e, na medida do possível, dos destinos em crescimento como sejam os Estados Unidos, Canadá e outros que surjam.
Para isso terão de diversificar a oferta?
Para sustentar este crescimento significativo dos números de projetos que temos em comercialização temos a plena consciência que vamos precisar ter ofertas muito diversificadas. O que vamos fazer é jogar com as variáveis que temos, em termos de configuração dos projetos, dimensão das unidades, localizações mais centrais e outras mais remotas para conseguir abranger um leque mais diversificado de compradores. Vamos continuar a ter ofertas em linha com o que temos vindo a ter no passado, mas ao mesmo tempo também vamos querer ter ofertas de maior qualidade para acompanhar o aumento de qualidade geral que queremos para o destino.
Haverá um upgrade nas tipologias que vão oferecer?
Sim, o que tem a ver com a natureza dos projetos. Temos um projeto numa localização fantástica rodeada de campos de golfe e a confinar com o parque ambiental, em que, todo o projeto tem baixa densidade e as unidades têm dimensões razoáveis. Esses obviamente vão ter preços elevados por causa destas circunstâncias únicas. Serão com a tipologia de villas e casas geminadas. Mas ao mesmo tempo vamos ter alguns projetos em zonas um bocadinho mais interiores, vão ser prédios e em que apostamos em unidades mais pequenas para reduzir o preço. Vamos ter sempre uma diversidade grande. O que vamos tentar fazer é conseguir ter neste mix diversificado ofertas também cada vez mais premium em termos da qualidade da conceção dos projetos, dos materiais e das próprias experiências que proporcionamos.
Qual o intervalo de preços que se possa referir?
Neste momento vendemos unidades que variam entre os cerca de 600 mil euros até 1,2 milhões de euros nestes três projetos que já temos em comercialização. O que diria é que não só o intervalo de baixo vai descer em que vamos ter unidades mais pequenas, em localizações mais no interior e que estão configurados para permitir vender unidades a cerca de 400 mil euros cada uma. Como vamos ter projetos em zonas mais exclusivas, em que vamos apostar em villas mais isoladas com terrenos próprios se calhar os preços vão chegar e até ultrapassar a barreira dos dois milhões.
Para quando é expectável o retorno?
O investimento está em curso.
Olhando para o setor do turismo, o que falta decidir para ajudar a impulsionar ainda mais o destino Vilamoura?
Independentemente das circunstâncias atuais o que é facto é que o turismo é um setor importantíssimo e saudável na nossa economia. Mas todos percebemos que podíamos impulsionar ainda mais o turismo se tivéssemos mais capacidade aeroportuária em Lisboa tal como no Algarve precisamos imenso de ter uma diversificação dos voos diretos para novos destinos, nomeadamente para os Estados Unidos que é uma das oportunidades crescentes para nós aqui no Algarve.
Para isso faz falta um novo aeroporto?
Seria bom que rapidamente conseguíssemos decisões e construções do novo aeroporto de Lisboa tal como um reforço ativo diversificando as rotas nos aeroportos existentes, nomeadamente em Faro, porque isso permitir-nos-ia elevar ainda mais a performance do setor e contribuir para o desenvolvimento da economia e de Portugal. Uma das coisas que às vezes nos esquecemos quando falamos do turismo e do imobiliário é de falar da justaposição desses dois conceitos que é o imobiliário turístico. O imobiliário turístico é uma oportunidade fantástica para Portugal porque não só cria valor pelo investimento direto estrangeiro na aquisição das casa e propriedades como depois estas pessoas potenciam a atividade hoteleira de arrendamento das suas casas, como porque elas próprias vêm e passam estadias prolongadas connosco e geram uma riqueza incomensurável e que as vezes é subestimada.
Como antecipa o futuro de Vilamoura?
Estamos a retomar o sonho original de Vilamoura, em que, era uma propriedade única que depois se foi desagregando. Estamos a compor esse portfólio no sentido de garantir que nunca seremos os donos integrais de Vilamoura, nem tencionamos sê-lo. Mas temos as alavancas, sob a nossa gestão, para contribuir para a tal elevação do posicionamento de Vilamoura e para garantir que continua a ser extraordinária e fique ainda mais extraordinária. Temos mais de 500 mil metros quadrados de banco de terrenos para construir.