“Enganei-me em relação às projeções que fiz para o final do ano passado”. A frase é do administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida, para salientar que as expetativas de crescimento para 2022 afinal ficaram acima das expetativas. Gonçalo Rebelo de Almeida explicou que as primeiras projeções foram feitas no rescaldo da pandemia, quando antecipava que as receitas do grupo iriam ficar 10% a 15% abaixo de 2019, o ano de referência. “Mas a partir de março/abril as coisas começaram a melhorar a um ritmo que superou as expetativas”, destacou o gestor do segundo maior grupo hoteleiro português que referiu ainda que todos os mercados europeus e o Brasil retomaram os seus fluxos de crescimento. O mercado americano também deu um contributo significativo já que, “retomou rapidamente, sobretudo em Lisboa, Évora e Douro”, detalhou a mesma fonte.
Face a este desempenho, a Vila Galé terminou 2022 com receitas na ordem dos 135 milhões de euros, o que significa 18% acima de 2019. Um crescimento que, se excluir as três unidades entretanto criadas, teria ficado pelos 12%.
O grupo hoteleiro contou com um milhão de quartos ocupados, dois milhões de dormidas, sendo que, 670 mil clientes passaram pelos hotéis em Portugal. Gonçalo Rebelo de Almeida sublinhou, durante um encontro com jornalistas, que o mercado português contribuiu para o crescimento atingindo-se um recorde absoluto de procura, sendo responsável por 44% das dormidas e 53% dos clientes. Este mercado é seguido, em segundo lugar, pelo Reino Unido, depois Espanha, Alemanha e França.
No Brasil, cuja retoma apenas aconteceu a meio do ano, “a atividade correu relativamente bem com o turista brasileiro a representar 93% da operação”, garante Gonçalo Rebelo de Almeida que disse ainda que as receitas ascenderam a 464 milhões de reais, o que traduz um crescimento de 25% face a 2019.
Feitas as contas, entre a operação portuguesa e a brasileira, as receitas do grupo totalizam 218 milhões de euros, isto depois de registar uma queda de 70% em 2020 e de 50% em 2021. Em Portugal são 27 hotéis e no Brasil dez.
O administrador da Vila Galé sublinhou que “felizmente o setor provou que tudo voltou ao que era. Não é sorte, nem há segredo”, isto para dizer que Portugal tem fatores de atração e sucesso como o clima, a história, gastronomia, as pessoas e as infraestruturas que estão ligadas ao turismo e que não se deterioraram. Além disso, há o elemento “segurança que é muito importante para que Portugal tenha sido um dos primeiros mercados a crescer”.
Para o corrente exercício uma das grandes apostas do grupo tem a ver com a área dos recursos humanos, em que está a ser implementado um plano de valorização. Neste âmbito, haverá um aumento de 11% nos salários e passa a haver um salário mínimo de 900 euros mantendo-se todos os benefícios adicionais que já existiam como seguro de saúde ou descontos nas unidades do grupo. Ainda na componente de recursos humanos, vão ser recrutados mais 150 a 170 pessoas que se vão juntar aos atuais 1350 colaboradores.
Em termos financeiros, as expectativas para 2023, nas palavras de Gonçalo Rebelo de Almeida são de “um otimismo moderado”, sendo que cautela será a palavra de ordem. Ainda assim, admite que o grupo deverá terminar o corrente exercício com resultados “mais ou menos em linha com 2022”. O gestor referiu que o desempenho do primeiro trimestre já será melhor, ainda que antecipe algum impacto tardio na quebra do poder de compra dos portugueses em resultado da subida das taxas de juro e da inflação.
Novas aberturas na calha
O presidente do grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, presente no mesmo encontro, avançou que a cadeia hoteleira tem, para este ano, a abertura de quatro hotéis, para os quais foi canalizado um investimento de 35 a 40 milhões de euros. Assim está em pipeline o Nep Kids localizado em Beja que deverá abrir no final de maio e irá aproveitar o impulso dos feriados de junho. Esta unidade é pensada para os mais pequenos e onde os adultos só entram acompanhados por crianças. Também em Beja será inaugurado, já em abril, o Vila Galé Monte do Vilar, um agroturismo vocacionado para adultos e casais e para a realização de eventos. Nesta unidade foram investidos quatro milhões de euros.
Em Tomar a cadeia hoteleira comprou o Convento de Santa Iria à Câmara e está a transformá-lo numa unidade que será inaugurado a 1 de julho para aproveitar a tradicional Festa dos Tabuleiros. A marca vai ainda estrear-se nos Açores com a abertura do Vila Galé Collection São Miguel, algures em maio.
Em curso está também um programa de reabilitação e modernização de algumas unidades já existentes, para o qual estão reservados cinco milhões de euros.
Para o Brasil estão previstos três novos projetos, cujo arranque da construção está agendado para o corrente ano.