A Salesforce, empresa tecnológica multinacional de Customer Relationship Management (CRM), divulgou o relatório Shopping Index relativamente ao primeiro trimestre do ano 2022, mostrando uma queda de 3% nas vendas digitais a nível global, o primeiro decréscimo em nove anos de relatórios Salesforce.
Espanha é o único mercado do relatório com tendência contrária, apontando para um crescimento de 6% do e-commerce no mercado ibérico, e um aumento de 3% no volume de encomendas. A restante Europa segue em queda, de 13% nas vendas online e de 17% em volume de encomendas, impulsionada pelo preço dos combustíveis e pela guerra na Ucrânia, contextualiza a autora da análise.
“O impacto deste decréscimo terá muito a ver com a inflação (com preços a subirem uma média de 11% nos EUA no mês de março), assim como com questões relacionadas com a logística e também com a insegurança económica. Estas características terão impactado o poder de compra dos consumidores, levando a um decréscimo nos gastos online após vários trimestres de um crescimento sem precedentes”, comenta a empresa.
As categorias com maiores quedas incluem brinquedos e educação (-23%) e eletrodomésticos (-12%).
Os dados da Salesforce indicam que, com o decréscimo dos gastos em 3%, com o tráfego a descer 2% e com os volumes de encomendas a descerem 12%, a confiança dos consumidores nas compras online deverá estabilizar-se ao longo do ano. A Europa, que se debate com aumentos nos preços dos combustíveis e com uma guerra no continente, registou um decréscimo de 13% nas vendas online e menos 17% no volume de encomendas.
“A inflação já se faz sentir nos gastos dos consumidores, que compram agora menos produtos em menos marcas”, explica Rob Garf, Vice-presidente e Diretor Geral de Retalho da Salesforce. “É expectável que esta não seja uma mudança de perspetiva temporária, mas sim um sinal de uma alteração comportamental mais profunda por parte dos consumidores. Para enfrentarem esta situação, as marcas e operadores de retalho têm o desafio de removerem a fricção entre os mundos digital e físico, para atraírem e reterem consumidores leais”.
“A inflação já se faz sentir nos gastos dos consumidores, que compram agora menos produtos em menos marcas”, explica Rob Garf, da Salesforce.
De acordo com a Salesforce, pagamentos flexíveis como o Buy Now Pay Later (BNPL) permitem que os consumidores possam continuar com algum poder de compra em tempos de maior incerteza, permitindo ainda que possam fazer compras necessárias de forma imediata, mas com pagamentos graduais. Estes especialistas avançam com alguns números:
- 9% dos gastos online no primeiro trimestre de 2022 foram feitos com a utilização do BNPL, um crescimento de 20% anual e 9% comparando com o trimestre anterior.
- No Reino Unido, o BNPL foi responsável por 12% das compras no primeiro trimestre de 2021 – um crescimento de 35% em relação a igual período no ano anterior.
- Alemanha, Bélgica, Austrália/Nova Zelândia e os Países Baixos assistiram ao maior crescimento na utilização do BNPL no primeiro trimestre, enquanto países como França, Itália, Espanha e o Canadá assistiram ao maior crescimento anual.
Com o aumento exponencial dos preços dos combustíveis, aumento da escassez de produtos e com o contínuo aumento da inflação a impactarem os hábitos de consumo a nível global, a Salesforce aponta para o possível início de alterações no comportamento dos consumidores em breve: “Esta conjuntura poderá ser responsável pelo decréscimo de gastos específicos ao longo do ano, forçando as marcas a equilibrarem de forma delicada a procura por produtos, otimizando margens nos seus calendários promocionais”, afirma.