A OrCam Technologies, empresa israelita especialista em tecnologia baseada em inteligência artificial para pessoas que são cegas ou visualmente incapacitadas, obteve em Portugal um volume de vendas na ordem dos 130%, superando assim a meta prevista para 2020, segundo avançou à FORBES, Fabio Rodríguez, regional manager da empresa para Portugal e Espanha.
Presente em terras lusas desde outubro de 2019, a Orca ultrapassou a as expetativas de lucro neste mercado, tornando Portugal num dos melhores mercados para a empresa, em termos relativos à sua população.
“Portugal tem sido um importante mercado e temos ficado muito satisfeitos em ver o número de utilizadores a crescer em todo o país, mas também temos noção que existem muitas oportunidades de melhorar as vidas de milhares de portugueses com problemas de visão”.
A empresa desenvolveu dois grandes dispositivos que tem ajudado milhares de pessoas em todo o mundo com deficiência visual e auditivas, nomeadamente, o OrCam MyEye, um aparelho que permite ao utilizador executar funções do dia-a-dia como ler, reconhecer cores, produtos de supermercado, dinheiro e caras, convertendo esta informação em áudio enquanto o OrCam Read ajuda as pessoas com dificuldades de visão, com dislexia (dificuldades de leitura e de escrita)
“O conceito da OrCam Technologies é explorar o potencial da visão artificial, incorporando tecnologia pioneira em dispositivos wearable, de modo a melhorar as vidas de indivíduos cegos e amblíopes, com dificuldades visuais, de leitura ou de reconhecimento facial”, explica Fabio.
O responsável faz um balanço da atividade da empresa em 2020 que, segundo diz, foi fruto das estratégias adotadas, entre as quais sobressai a parceria com o “astro” do futebol Leonel Messi, por meio da qual o argentino se tornou, o ano passado, no embaixador global da OrCam Technologies. “Essa parceria aumentou a nossa brand awareness a uma escala global e está a permitir chegar a mais utilizadores e stakeholders que podem beneficiar dos nossos dispositivos inovadores”, garantiu.
Por outro lado, Fabio Rodríguez reconheceu que o feedback dos produtos OrCam tem sido “muito positivo”, não só em Portugal, mas também em outros países, tanto por parte dos utentes como de entidades médicas e governamentais e, inclusive, acrescenta, têm surgido iniciativas para além das suas expetativas.
Recordou que em abril de 2019, por exemplo, o produto foi aprovado para ser utilizado como ajuda nas eleições em Israel, para que os eleitores cegos pudessem votar, pela primeira vez, sem necessidade de acompanhante.
Adiantou ainda que no país a empresa tem colaborado com algumas instituições como a Biblioteca Nacional de Portugal – que tem um OrCam Read disponível para utilização na Sala de Leitura, especificamente na Área de Leitura para Deficientes Visuais (ALDV), o Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, um serviço privilegiado de apoio à comunidade na área da acessibilidade digital que disponibiliza um OrCam Read para ser testado pelas pessoas com deficiência visual e baixa visão.
Atualmente, a start-up israelita está avaliada em mais de mil milhões de dólares, tem presença em cinco continentes e é uma das 38 empresas de saúde mundiais consideradas unicórnio.
Entre os desafios, a empresa pretende lançar outros produtos no mercado, nomeadamente o OrCam Hear, o primeiro aparelho de inteligência artificial com a capacidade de se integrar com os aparelhos auditivos, melhorando o seu funcionamento. Ainda sem data, prevê também lançar o OrCam MyMe, que se tornará na primeira plataforma de inteligência artificial a funcionar como um companheiro de reconhecimento facial, fornecendo detalhes importantes acerca da pessoa que se encontra à frente do utilizador.