A debater o tema da longevidade, na Forbes Annual Summit 2024, estiveram Carlos Carvalho, presidente da ANJE, Vera Egreja Barracho, representante da Plataforma 55+, e Nelson Ferreira Pires, presidente Fundação Marquês de Pombal e CEO da Jaba Recordati Portugal.
A inteligência artificial foi o primeiro tema em cima da mesa e Nelson Ferreira Pires começou por dizer que “se a inteligência artificial já tem um papel fundamental nos dias de hoje, vai começar a ter um papel mais participativo naquilo que é a longevidade”. Ao mesmo tempo que realçou a necessidade de adaptação a esta nova realidade.
Segundo os dados, o ser humano ganhou cerca de 20 anos de vida. De acordo com Nelson Ferreira Pires, isso deve-se a três motivos: “Melhor conhecimento médico, melhor diagnostico e melhores medicamentos”. Só que é importante viver todos os anos com qualidade. “Como é que nós vamos melhorar a vida? Os estilos de vida. Nós não nos podemos alimentar como nos alimentamos, não podemos ser sedentários, temos de praticar desporto, deixar de fumar. E aí mais uma vez a inteligência artificial também nos pode ajudar, porque um relógio pode saber quantos passos demos, se nos mexemos da forma certa, quantas calorias ingerimos. Vamos ser controlados por um Big Brother, mas que nos pode ajudar se for bem utilizado”, refere.
Uma das plataformas que trabalha em prol desse estilo de vida, é a plataforma 55+. “Nasce de uma inquietação. O mundo mudou, nós temos de ter novas respostas e novas narrativas. O que é que a 55+ faz? É uma ferramenta que na realidade junta oferta e procura. Pega em pessoas com mais de 55 anos, que estão disponíveis por vários motivos, e podem inscrever-se na plataforma para serem prestadores de serviços pagos. A plataforma trouxe a possibilidade de manter estes talentos ativos, de valoriza-los e de garantir que eles continuam integrados na sociedade”, disse Vera Egreja Barracho. Além da presença em Portugal, a 55+ começa agora o seu processo de internacionalização, ao entrar em Barcelona.
A oportunidade
Carlos Carvalho defendeu que a melhor forma de olhar para este tema é como “uma oportunidade”. “Devemos olhar para o aumento da longevidade como uma oportunidade para o surgimento de novos negócios que possam ser de valor acrescentado”, defendeu, ao mesmo tempo que apelou a um olhar diferente para este tema da parte de, por exemplo, as universidades.
“Nós temos um problema na academia que é fazerem muita investigação para enfeitarem prateleiras. Enquanto não tivermos investigação em áreas que vão gerar serviços e valor acrescentado, não vamos estar a trazer nada de novo e nada de significativo para a nossa academia”, disse, incentivando a investigação no tema da longevidade.
O passo seguinte seria olhar para o mercado internacional. “Se olharmos, por exemplo, para o Japão, que é uma referência neste tema, vemos que eles vão inovando tecnologicamente e depois vão sendo o exemplo a seguir para os outros”, afirmou. Isso não acontece em Portugal “porque temos muito pouco planeamento”.
Num momento em que se defendia a necessidade de políticas publicas que orientem todo este processo, Nelson Ferreira Pires defendeu que deveriam ser as autarquias, e não o Governo, a ficar com essa responsabilidade. “Essas, sim, estão perto da comunidade, da sociedade, e sabem as necessidades. Lisboa não tem as mesmas necessidades que Almada ou Oeiras”, disse.
“Os silvers valorizam o ter uma ocupação, participarem na sociedade e na vida cultural da sociedade, valorizam o património. Nós sabemos o que todos querem, o que temos de fazer é provavelmente adaptar o país e aproveitar duas oportunidades”, defendeu Nelson. Uma das oportunidades passa pelo facto de esta geração ter um maior poder de compra, mas nem todos os produtos estão adaptados às suas necessidades. Pelo contrário, pensam primeiro nas gerações mais novas. A segunda parte, passa por atrair pessoas da geração silver de outros países. Sendo que, é prioritário que eles sejam incluídos na sociedade, não vale apenas ir buscá-los e esquecer que eles aqui estão.
Em contacto com os jovens
Para Carlos Carvalho, o que os jovens podem trazer para esta conversa é simples: “Novos modelos de negócio, mas também uma aptidão natural que devem ter para uma maior inclusão”.
As próprias organizações podem aliar os dois talentos. Carlos defendeu a existência de políticas que mantenham as pessoas mais velhas nas organizações, mesmo que com um horário reduzido, e a acompanhar os talentos mais jovens nos anos de entrada no mercado de trabalho. “Acho que há um ganho que a experiência pode trazer dentro das organizações”, disse.
“Acho que a questão da mentoria, e estamos a falar de todas as funções, e essa mentoria ser prestada por pessoas mais séniores e ativas durante mais tempo, é seguramente uma mais valia”, acrescentou.