Estes primeiros dois anos de presença da ELEVEN em Portugal têm nota positiva?
É uma avaliação completamente satisfatória, ou seja, como marca estamos perfeitamente implementados. Somos parceiros relevantes de conteúdos. O primeiro sinal disto foi a renovação, por mais três anos, da La Liga que anunciámos há cerca de dois meses. O mercado e o nosso parceiro reviu qualidade muito grande naquilo que fizemos. E o apoio que demos a estas organizações durante o período da pandemia que foi considerado muito adequado. No meio fizemos também em Portugal uma renovação de marca, que já estava decidida a nível internacional, que aconteceu no período da pandemia com a transformação da imagem, de logotipo e de posicionamento da oferta de uma forma consistente.
A Fórmula 1 regressa a Portugal 24 anos depois e a ELEVEN é responsável pela transmissão televisiva. É um grande feito para a operação portuguesa?
Sim. Tivemos o reconhecimento de um conjunto de parceiros internacionais alicerçados em dois eventos, um que já está realizado com grande sucesso que foi a Final 8 da Champions League. E o outro, sabendo aquilo que a ELEVEN tinha capacidade de fazer como broadcaster dos direitos locais e de todo o trabalho de redes digitais que está continuadamente a ser executado, tivemos a sorte e o merecimento de garantir uma colaboração estreita com o Autódromo Internacional do Algarve, o Governo e mais uma vez com a Liberty Media que é quem detém os direitos da Fórmula 1 a nível global de mostrar que o País, a ELEVEN e os parceiros locais têm uma confiança grande e uma qualidade de entrega maior ainda o que permite ser um garante de qualidade na execução. Mal acabou a Champions a equipa quase não parou para respirar e voltámos logo a carburar full speed num ambiente de Fórmula 1. E vamos garantir a execução do evento com a máxima qualidade ao longo destes três dias com algumas surpresas para os subscritores e telespectadores em Portugal.
Vai ser um evento memorável…
Sim porque existe a grande probabilidade de acontecer um evento único e mundial em Portugal e na Eleven que é o facto de o Louis Hamilton passar a ser o recordista de vitórias da Fórmula 1 com 92 vitórias, depois de ter já alcançado o matching com o Michael Schumacher. Agora é esperar que ocorra uma surpresa positiva em Portugal de ficarmos associados, para sempre, a um evento que vai ser lembrado para o resto dos tempos da Fórmula 1 e é para isso que estamos a colaborar com todas as entidades envolvidas.
Sentem o impacto na procura pelo facto de ser a Eleven transmitir o evento?
Claramente que estamos a assistir… É um evento que tem tradição em Portugal. A Fórmula 1 é uma oportunidade, mas tinha alguns problemas no mercado nacional e global que estamos a tentar atacar. Isto porque tem uma base de fãs alargada, mas provavelmente um pouco mais envelhecida do ponto de vista de audiências. O produto evoluiu, mas ficou com uma população envelhecida do ponto de vista de televisão. A Liberty já tem um storytelling mais digital, agora o que falta é procurar rejuvenescer as audiências de televisão. Estamos a fazer muito isso e algumas das métricas que temos no mercado europeu onde há uma população de 35 anos para cima que está mais presente a assistir televisão de Fórmula 1. Isso é muito gratificante. Estamos a trabalhar cada vez mais as componentes digitais para criar os novos heróis e permitir que as novas audiências conheçam também o que são as histórias associadas à Fórmula 1 nas várias componentes. Saber quem são os novos concorrentes do Hamilton, quem são os novos corredores de sucesso. Estamos a trabalhar toda essa maior divulgação do espectro de audiências mais nova para trabalhar o produto Fórmula 1.
Desde o regresso da competição ganharam novos subscritores?
Este produto, desde o arranque do campeonato em junho, angariámos, logo naquele momento, uma base de subscritores que são os hard core fans de Fórmula 1 e que permanecem connosco desde a corrida um até ao términus da competição. O que estamos agora a encontrar são franjas e bolsas de clientes que não são tão permanentes, mas que estão a acompanhar o evento por ser em Portugal, que estão curiosos pela situação de o Hamilton alcançar o feito inigualável na história da competição e que são clientes mais sazonais. Estes vão acompanhar mais duas ou três corridas, sendo que espero que seja um primeiro contacto com os canais da ELEVEN e possam prosseguir por termos também o acompanhamento da Champions.
A participação de portugueses na Champions é um chamariz?
Este evento, este ano, para nós tem a particularidade interessante de ter o FC Porto como representante num grupo muito interessante de equipas onde há treinadores e jogadores portugueses. Mas temos a certeza que o produto Champions já não se vende apenas pela presença de equipas portuguesas. É de facto o melhor futebol do mundo, é uma competição inigualável do ponto de vista de qualidade daquilo que são as emissões televisivas. Estamos a fazer excelentes resultados, por exemplo com a Final 8, em que, alcançámos os melhores resultados de sempre e colocámos os canais da ELEVEN, nos seis dias da competição, nas primeiras posições dos 20 canais mas vistos da televisão portuguesa. Isto para nós é uma satisfação e motivo de orgulho muito grande naquilo que foi alcançado em tão pouco tempo. Estamos muito próximos das duas centenas de milhares de subscritores. Espero que a seguir à Formula 1 possa ser um efeito a observar no mercado. E estamos num patamar de receita média por cliente que era aquilo que era a nossa ambição.
Mas os espetadores podem esperar surpresas em torno da Fórmula 1?
O que podem esperar na Fórmula 1 é ter acesso, em exclusivo, a ex-corredores e ex-campeões do mundo que vão falar para a ELEVEN. É ter uma equipa de reportagem no local que vai fazer quatro dias de uma emissão muito imersiva com um número de horas que nunca foi feito de cobertura editorial em Portugal. É utilizar algumas inovações tecnológicas de software para apresentar a corrida nas televisões dos portugueses.
Ainda assim, é o futebol que traz audiências…
O core continua a ser o futebol. Admito que se assiste a um pico de subscrição por causa da F1. Se esse pico é comparável com o da Champions, acho que não. O produto Champions é o nosso porta-aviões do ponto de vista de conteúdos. Queremos garantir um lastro de clientes que permaneçam connosco pelo menos sete a oito meses das temporadas desportivas e que não entram e saem a cada 30 dias com uma volatilidade de subscrição muito grande porque isso compromete muito a receita média por cliente. Temos um negócio que tem de ser rentável, temos de ter consciência daquilo que podemos ou não fazer ao nível de preço e daquilo que vamos executando do ponto de vista de estratégia garantindo uma rentabilidade mínima à operação, mas que nos permita manter independentes, ter autonomia de decisão e ter responsabilidade de entrega do melhor conteúdo de uma forma permanente.
Nesta fase, em que ponto está a rentabilidade da operação portuguesa?
Não podemos enfiar a cabeça na areia e achar que a pandemia não provocou impacto. Como é óbvio a pandemia, com a suspensão da faturação no mercado nacional durante três meses, provocou um impacto grande P&L e na rentabilidade que estava projetada para o final do ano dois de operação. Ou seja, a rentabilidade do ano dois ficou comprometida face ao plano original pelo efeito da pandemia. O que tivemos de fazer foi olhar para outra vez para o P&L do ano três, que é o que já está em curso, procurar adequá-lo de uma forma mais precisa do ponto de vista de custos. Ou seja, OPEX muito cortado para garantir aquilo que são os mínimos exigidos com a máxima qualidade. Algumas decisões de CAPEX adiamos para permitir uma rentabilidade adequada. Nos direitos vamos basear naquilo que já temos, sendo que uma ou outra iniciativa de competições mais reduzidas, com flavour mais local, não vamos executar numa estratégia de contenção de custos de programação. Vamos trabalhar para maximizar o número de subscritores com campanhas promocionais que sejam mais direcionadas do ponto de vista de experiência e menos direcionadas do ponto de vista de redução de preços.
Em termos de parcerias há novas cartas na manga?
Estamos à procura de novos parceiros na área do over the top. Lançámos uma ação com o grupo Santander para a promoção de cartões de crédito para clientes particulares, que poderemos atingir duas mãos largas de milhares de clientes. Vamos com certeza estabelecer mais parcerias ao longo do ano com mais parceiros desta natureza que tenham bases alargadas de negócio de B2C onde possamos, com a nossa oferta digital, acelerar a digitalização dos serviços desses parceiros ou servir de experiência complementar à atuação desses parceiros junto das suas bases de clientes nas suas plataformas digitais. Há muitas marcas com quem estamos a falar e a agitar as águas a desafiá-los para projetos desta natureza. Algumas vamos chegar a bom porto nos próximos 30 a 60 dias. E outras havemos de levar o nosso caminho a discutir e a dialogar e encontrar formas diferentes de fazer a promoção do desporto pela positiva.
A Primeira Liga está nos vossos planos no futuro ou é um campeonato onde nunca se vão meter?
Nunca digo não a nenhum desafio. Gostava muito de poder endereça-lo. Seria um pouco arriscado demais numa fase em que ainda estamos a consolidar a nossa presença no mercado nacional, no final do primeiro triénio, e preocupados na renovação dos direitos que detemos em carteira a balançar-me de imediato para a Liga nacional. Se perguntar se tenho interesse em avaliar cenários onde a Eleven possa ser parte colaborante na discussão do futebol nacional, promover os direitos internacionais do futebol nacional onde poderíamos ajudar a maximizar as receitas no mercado internacional. Era um passo interessante de discutir. Se no futuro houver espaço para entrar na discussão do futebol nacional cá estaremos. O que não poderemos fazer, por uma decisão de sustentabilidade de negócio, é cometer loucuras e achar que vamos ser um fator disruptivo do futebol nacional.