A utilização da fatura eletrónica em Portugal teve um crescimento significativo entre o primeiro semestre de 2021 e o primeiro semestre de 2020. As empresas passaram de uma situação em que emitiram 3.281.432 documentos eletrónicos no primeiro semestre de 2020 para 6.106.070 no mesmo período em 2021. Ou seja, um aumento de 86%.
Ou seja, feitas as contas durante o primeiro semestre de 2021, Portugal emitiu mais 2.824.638 de faturas eletrónicas relativamente ao mesmo período de 2020.
Os dados constam do “Estudo sobre a Fatura Eletrónica em Portugal”, da SERES, empresa especialista em serviços de intercâmbio eletrónico de documentos, que acrescentam que Lisboa foi o distrito a registar o maior aumento de emissão de faturas eletrónicas: mais 20,61%.
Emissão de faturas eletrónicas
Este acréscimo reforçou Lisboa como o distrito com maior percentagem de emissão de faturas eletrónicas (81%), de acordo com a SERES.
Na segunda posição por distritos em termos de volume de faturas emitidas surge Faro e o terceiro posto é ocupado pelo Porto. Na quarta e quinta posição em emissão encontram-se Aveiro e Setúbal, respetivamente.
“O estudo contou com a participação de mais de 34.500 empresas de diversos setores de atividade, dimensão e localização geográfica, e mostrou que Lisboa é a cidade que tem maior percentagem de emissão de faturas”, refere Tiago Cancela, Sales Manager & Corporate Liaison da SERES Portugal.
Receção de faturas eletrónicas
Quanto à receção de faturas eletrónicas, Lisboa, Faro e Leiria lideram o ranking, seguidas por Aveiro e Setúbal.
A análise da SERES acrescenta que mais de 56% das empresas emissoras de faturas eletrónicas e 32,57% das recetoras pertencem ao setor secundário ou à indústria.
Por seu lado, o setor dos serviços destaca-se na receção de faturas eletrónicas, com uma quota superior a 60%. “O setor primário apresenta um nível de utilização de fatura eletrónica muito mais moderado, mas ainda assim, mostram sinais de crescimento e implementação progressiva”, diz a análise.
Processo mais lento do que previsto inicialmente
Tiago Cancela afirma que “nos últimos anos as empresas portuguesas têm vindo, de uma forma geral, a começar os seus projetos de transformação digital, embora a implementação da faturação eletrónica em Portugal esteja a ser mais lenta do que inicialmente previsto”.
Em termos de dimensão da empresa, os maiores emissores e recetores de faturas eletrónicas são as grandes empresas, com 35,74% e 62,78% respetivamente, o que explica o facto de Lisboa ser a cidade com melhores resultados.
Efeitos da pandemia
A crise pandémica da COVID-19, durante 2020, “aumentou exponencialmente a utilização da fatura eletrónica (B2B e B2G), e consequentemente, para que a procura por serviços de faturação eletrónica tenha igualmente aumentado consideravelmente”, declara a SERES no estudo.
A necessidade de terem tido de implementar o teletrabalho, “resultou na contratação de soluções e serviços tecnológicos por parte das empresas, que anteriormente eram deixados para segundo plano, não sendo considerada uma prioridade”, diz a SERES.
Outra mudança salientada por esta empresa foi a implementação da assinatura digital, que assumiu “um papel bastante significativo, tendo sido inclusive, em muitos casos o primeiro passo para a digitalização de muitos negócios, nomeadamente na adesão à fatura eletrónica”.
O estudo sublinha que devido à utilização de mecanismos eletrónicos, as empresas registaram poupanças superiores a 47 milhões de euros em despesas de gestão o que equivale a 13 anos laborais.
“Os dados apresentados mostram que estamos a atravessar um período de transição tecnológica em que ainda assim continua a existir uma certa resistência à mudança. No entanto, é expectável que dentro de dois ou três anos, a utilização da faturação eletrónica estruturada se massifique”, aponta.