Numa altura em que a bitcoin nunca valeu tanto, o Anchorage Digital Bank é o primeiro banco de criptomoedas a receber aprovação a nível federal nos Estados Unidos. A Forbes Portugal conversou com o português Diogo Mónica, co-fundador e presidente da instituição.
Texto: Paulo Narigão Reis e Nilza Rodrigues
Fotos: Victor Machado
O reconhecimento por uma carreira até aqui verdadeiramente meteórica chegou em setembro do ano passado, quando esteve entre os melhores talentos sub-40 na área financeira. Aos 33 anos, Diogo Mónica é hoje um nome incontornável no universo das criptomoedas e a recente aprovação pelo regulador federal norte-americano do Anchorage Digital Bank – o primeiro banco de criptomoedas com reconhecimento oficial – assume-se como um passo de gigante para o jovem empreendedor português: “Isto abre as portas para um novo mercado. Provámos que as criptomoedas estão ao mesmo nível de regulação que as moedas normais. Não há diferença. O Anchorage é um banco, da mesma forma que o Bank of America é um banco, que o JP Morgan Chase é um banco, que a Goldman Sachs é um banco. Não há maior demonstração de confiança por parte do regulador do que atribuir a primeira licença bancária às criptomoedas. Houve também uma série de cartas escritas pela OCC (nota: Office of the Comptroller of the Currency, a agência federal que regula e supervisiona os bancos nacionais e as filiais licenciadas de bancos estrangeiros nos Estados Unidos) a descrever este modelo de negócio. De repente, a Anchorage torna-se na primeira empresa que tem não só a tecnologia como a regulação que permite isto acontecer”. Diogo explica o projeto: “Eu descreveria o Anchorage da seguinte forma: somos uma plataforma institucional, que permite a empresas criar produtos em criptomoedas. É tão simples como isso. Só trabalhamos com empresas e outras instituições. E permitimos que empresas como a Square, a Pay Pal, bancos, “neobanks” e “challenger banks”, entrem neste mercado. Porque a tecnologia que é necessária para manter a custódia das criptomoedas é completamente diferente da tecnologia que é necessária para fazer a custódia de dinheiro. É uma tecnologia que tem requisitos de segurança muito elevados, que é o meu background, de doutoramento e mestrado no Técnico, de trabalhar em segurança – liderei a equipa de segurança na Square durante quatro anos. O Anchorage tem, por assim dizer, o diagrama de Venn do meu conhecimento deste tipo de tecnologia, que consiste em guardar chaves privadas que valem milhares de milhões de dólares. É este o primeiro fundamento, a tecnologia, que os players do mercado não conseguem construir e a Anchorage permite-lhes obter com facilidade”