A Quinta do Regueiro, empresa produtora de vinhos da casta Alvarinho, nasceu há 21 anos em pleno coração do Minho, em Melgaço, pela mão do então jovem de 23 anos Paulo Cerdeira Rodrigues. A pequena produtora ganhou mercado e hoje joga na primeira liga dos grandes nomes de vinhos nacionais e internacionais.
Em entrevista à FORBES, o fundador da Quinta do Regueiro, Paulo Cerdeira Rodrigues, lembra que “na altura foi uma aventura, sendo que eu tinha 23 anos”. Mas o sonho de ser produtor de vinho não deixou esmorecer esta paixão. E hoje a gama principal da marca conta com cinco vinhos e um espumante.
Paulo Cerdeira Rodrigues recorda o percurso da empresa, em que, as primeiras vinhas foram plantadas entre 1986 e 1987, sendo que a primeira colheita é colocada no mercado em 1999 com apenas quatro mil garrafas de vinho. Ao longo de cerca de meia dúzia de anos a empresa continuou a aposta na casta Alvarinho, ainda com uma quantidade reduzida, na ordem das dez mil a 12 mil garrafas.
O fundador da empresa – que conta nesta empreitada com a sociedade com a irmã Anabela Cerdeira Rodrigues – salienta ainda que, chegado a 2007, foi tempo de “diversificar as marcas e começámos na altura com um Alvarinho de Trajadura que é uma gama de entrada”. Nesta fase, já ocupava uma área de 12 hectares de vinha (seis hectares de vinha própria e outros seis de vinha arrendada). Em 2013, já com alguma experiência adquirida e com vinhas mais velhas, aventurou-se numa nova marca, o Primitivo.
O produtor destaca ainda que, o ano de 2014 ficou marcado por nova aposta, desta feita com o lançamento do Barricas, um Alvarinho fermentado estagiado em barricas de carvalho francês de 300 e 700 litros.
Para comemorar os 20 anos da empresa, há dois anos, lançaram “um vinho inovador, o Jurássico, que consiste em lotes velhos, vinhos brancos com mais de dez aos que envelheceram em inox”. Na lista da produtora há outras referências, mas as principais estão sob a chancela da gama da Quinta do Regueiro. Conta ainda com o Foral de Melgaço, um vinho que é feito para o Continente e para exportação para os Estados Unidos. Outra gama, o Secreto, consiste numa produção pequena, em maceração, e que está em alguns restaurantes a nível nacional.
Paulo Cerdeira Rodrigues detalha que, entre todas as referências de vinho e com o espumante, a capacidade de produção oscila entre 150 mil e 170 mil garrafas por ano. E explica que a estratégia passa por ter distribuidores locais e não nacionais. “Apostamos em empresas mais pequenas do que grandes porque estas acabam por privilegiar mais as grandes marcas e acabamos por ter pouca margem de manobra”. As marcas da Quinta do Regueiro estão também nas prateleiras da moderna distribuição.
As marcas da empresa já não se cingem apenas ao território português. O fundador da Quinta do Regueiro revela que a exportação já vale 30% das vendas, sendo que, “este ano a expetativa é chegar aos 40%. Quebrou cá dentro e cresceu lá fora”. Os Estados Unidos, Holanda, Bélgica, Suíça Dinamarca, Finlândia, França, Brasil e Suécia são os principais mercados além-fronteiras. Apesar de continuar a enviar muitas amostras pelo mundo fora, ainda não foi possível fechar novos mercados devido à paragem trazida pelo cenário de pandemia.
O produtor de Melgaço explica os trunfos para conquistar a presença na primeira liga dos vinhos: “muito empenho e muita dedicação. Trabalha-se por amor a uma causa e por paixão”. Isto sem esquecer “a sorte de estarmos numa região de excelência na produção da casta Alvarinho, que é considerada a rainha dos vinhos brancos”. Paulo Cerdeira Rodrigues remata que há “um saber que se vai acumulando e sente-se mais à vontade para inovar e fazer coisas diferentes”.
Num ano marcado pela propagação do coronavírus, Paulo Cerdeira Rodrigues assume que “apanhou a empresa na melhor fase em termos de vendas e estávamos a investir forte”. A expetativa era crescer cerca de 15% nas vendas para mais de 600 mil euros. Além que estava em curso obras para melhoramentos na adega e também no enoturismo. O fundador da empresa diz que “não paramos com a obra, mas estamos a fazer num ritmo mais lento para ganharmos tempo”.
Feitas as contas, o impacto da pandemia vai ser responsável por uma quebra, no corrente ano, na ordem dos 20% face a 2019. Um desempenho que a mesma fonte considera de “bastante positivo dada a situação. O grande responsável desta quebra é o mercado interno”. Apesar de assumir que será um ano praticamente de lucro zero, ainda vai dar para aguentar a estrutura.
Em vésperas de 2021, a inovação e a vontade de criar produtos distintos vão continuar a ser um fator-chave, pelo que a empresa conta lançar dois novos vinhos no segmento premium.