Depois de um declínio mundial no número de indivíduos com um património líquido superior a 30 milhões de dólares (cerca de 27,5 milhões de euros), incluindo o valor da residência principal, em 2022, este voltou a crescer o ano passado. O crescimento foi de cerca de 4,2%, tendo o número passado de 601 mil para 626 mil a nível mundial, segundo dados do The Wealth Report, um estudo levado a cabo anualmente pela consultora imobiliária Knigth Frank. De acordo com este estudo o número de indivíduos ultra-ricos a nível mundial deverá aumentar 28,1% nos próximos cinco anos, até 2028. Embora positiva, esta taxa de expansão é visivelmente mais lenta do que o aumento de 44% registado no período de cinco anos até 2023. “A melhoria das perspetivas das taxas de juros, o desempenho robusto da economia dos EUA e um forte aumento nos mercados de ações ajudaram à criação de riqueza em todo o mundo”, explica Liam Bailey, diretor mundial dos estudos da Knight Frank.
Segundo este estudo, o grupo de indivíduos ricos, que está a aumentar, vê com bons olhos o investimento no sector imobiliário: quase um quinto, 19%, planeia investir em imóveis comerciais este ano, enquanto 22% pretende comprar imóveis residenciais.
Portugal com crescimento de 23 novos ultra-ricos
Em Portugal, o número de ultramilionários passou de 777 indivíduos em 2022, para os 800 em 2023, e a estimativa deste relatório é que atinja os mil até 2028, o que representará um crescimento de 25%. “Estes valores confirmam a tendência que temos vindo a sentir nos últimos anos, nomeadamente em Lisboa, Cascais e Comporta, onde a procura por imóveis de luxo tem aumentado significativamente”, diz Francisco Quintela, CEO da Quintela e Penalva, parceiro em Portugal da Knight Frank desde 2021. Acrescenta ainda que esta realidade “é maioritariamente corroborada pelo interesse e concretização de negócios por investidores estrangeiros, com elevada capacidade de investimento”.
Os responsáveis pelo estudo explicam que a recuperação da criação de riqueza foi apoiada pelo crescimento económico mundial e pela melhoria da rentabilidade dos principais setores de investimento. Apesar da atual contração das taxas de juro e do aumento das taxas de rendibilidade das obrigações, as ações, no primeiro semestre de 2023, subiram devido ao entusiasmo em torno da Inteligência Artificial. Mesmo com esta tendência a esmorecer na segunda metade do ano, a descida da inflação e a antecipação de cortes mais rápidos e substanciais nas taxas de juro deram um novo impulso aos mercados acionistas. A rentabilidade do mercado residencial foi crucial para estes resultados, com a rentabilidade no investimento do mercado residencial a crescer 3,1%. Houve ainda outros setores a apresentar resultados positivos a nível global, como o ouro, que subiu 15%, e as bitcoin, que subiram 155%, invertendo grande parte das perdas sofridas em 2022.
Ásia deverá ser a região que mais vai crescer
América do Norte lidera no crescimento, com um incremento de 7,2% de novos ultramilionários, seguido do Médio Oriente com um crescimento de 6,2%. Já o continente africano ocupa a terceira posição nos crescimentos, com 3,8%. A Turquia é o país que mais cresceu neste ranking, com 9,7%, seguida dos Estados Unidos, com 7,9%, e da Índia, com 6,1%. A Coreia do Sul, com 5,6% posiciona-se em quarta posição, e a Suíca, em quinto lugar, com um crescimento de 5,2%. A América Latina é a única região que viu a sua população de ultramilionários cair, com uma diminuição de 3,6%.
Segundo o The Wealth Report, a Ásia será a região com maior crescimento previsto, nomeadamente a Índia, com um incremento de 50%, a China continental, com 47%, a Malásia com 35% e a Indonésia com 34%. Para além da Ásia, o forte crescimento estará concentrado no Médio Oriente, na Australásia e na América do Norte, com a Europa a ficar para trás. A África e a América Latina serão, provavelmente, as regiões com o crescimento do número de ultramilionários mais fraco.