Donald Trump confirmou aos jornalistas que entrariam hoje em vigor a cobrança de tarifas de 25% sobre as importações de bens do Canadá e do México, refletindo as suas promessas durante a campanha eleitoral. Muitos foram os economistas que alertaram para esta posição, pois acreditam que o plano desenhado pelo agora presidente dos Estados Unidos iria sobrecarregar os consumidores.
Trump há muito que propunha o aumento das tarifas – ou impostos sobre os bens importados que as empresas que os importam pagam ao governo – e disse em novembro do ano passado que iria impor uma taxa tarifária de 25% sobre todas as importações do México e do Canadá no primeiro dia da sua presidência e ainda uma taxa tarifária adicional de 10% sobre todas as importações da China, para além de outras taxas. Revelou aos jornalistas, após a sua tomada de posse, que as iria aplicar a partir do dia 1 de fevereiro e esta quinta-feira voltou a reiterar esses planos embora tenha dito que o âmbito final das ordens ainda estava a ser determinado.
Politica comercial America First
Donald Trump também assinou uma ordem executiva que dá instruções a agências federais, como o Departamento do Tesouro e o Departamento do Comércio, para começarem a investigar formas de implementar uma “política comercial America First”, através de taxas e tarifas, e entregar um relatório até abril, dizendo nos últimos dias que ainda está a considerar tarifas mais amplas em todas as importações estrangeiras.
Já anteriormente Kamala Harris criticou o plano de Trump durante a campanha, afirmando que se tratava “de facto, de um imposto nacional sobre as vendas de produtos de uso diário e de primeira necessidade” – o que reflete também a opinião dos economistas, que previram que o plano tarifário de Trump iria aumentar os preços para os consumidores.
Embora o custo dos direitos aduaneiros possa ser absorvido por uma combinação de empresas americanas que importam bens, os clientes que os compram e as empresas estrangeiras que os exportam – que podem baixar os seus preços para compensar os direitos aduaneiros -, a Tax Foundation, de direita, concluiu que os direitos aduaneiros anteriores aplicados durante o primeiro mandato de Trump foram pagos pelas empresas e pelos consumidores americanos.
Os economistas acreditam que o plano tarifário proposto por Trump prejudicaria a economia dos Estados Unidos, infligindo danos colaterais.
Os economistas da Goldman Sachs, liderados por Ronnie Walker, projectaram, em abril, que os preços dos bens de consumo subiriam 0,1% por cada aumento percentual da taxa efectiva das tarifas e aumentariam as taxas de inflação durante um ano, referindo que, para além do aumento do preço dos bens importados, é também provável que o preço dos bens nacionais aumente, porque os fabricantes dos Estados Unidos aumentariam “oportunisticamente” os seus preços para tirar partido da menor concorrência no mercado.
Os economistas também acreditam que o plano tarifário proposto por Trump prejudicaria a economia dos Estados Unidos, com uma análise do grupo de reflexão apartidário Peterson Institute for International Economics (PIIE) a concluir que a proposta de Trump durante a campanha iria “infligir danos colaterais significativos à economia dos Estados Unidos, citando uma série de fatores, incluindo a diminuição das despesas dos consumidores, o aumento das taxas de desemprego e um pior crescimento económico.
A Moody’s projetou que o plano tarifário proposto por Trump durante as eleições – com 10% de tarifas generalizadas e 60% de tarifas sobre os produtos chineses – resultaria numa redução de 675 000 postos de trabalho e aumentaria a taxa de desemprego em 0,4%, tendo o economista-chefe da Moody’s, Mark Zandi, afirmado à CNN: “Se Trump aumentar as tarifas como propôs, a economia sofreria provavelmente uma recessão pouco tempo depois”.
Petróleo do Canadá estará ou não incluído?
Até ao dia de ontem, Trump não teria ainda publicado a ordem final para tarifar o Canadá e o México, o que significa que ainda poderá haver ajustes na taxa de 25%, sendo que o presidente disse que ainda estava a considerar se as importações de petróleo do Canadá estariam incluídas. Não se sabe ainda qual o verdadeiro impacto na economia se a tarifa aplicada for mesmo a de 25%.
Outra coisa que também ainda não se sabe é se as tarifas serão aplicadas a todos os bens importados e quais serão os bens que terão as tarifas mais alargadas.
Sabe-se, no entanto que estas propostas teriam pelo menos um impacto de cerca de 1.700 dólares (cerca de 1.640 euros) nas contas anuais das famílias norte-americanas, em impostos acrescidos, de acordo com as projeções para um aumento de 10% das taxas, realizado pela PIIE.
“Nenhum estudo sobre as tarifas de Trump encontrou qualquer prova de que as tarifas dos Estados Unidos resultem em preços mais baixos para os importadores norte-americanos”.
Este grupo também estimou que, para aqueles que se encontram na meta inferior dos escalões de rendimento, as propostas tarifárias de Trump reduziriam o rendimento das famílias após os impostos em cerca de 3,5%.“Nenhum estudo sobre as tarifas de Trump encontrou qualquer prova de que as tarifas dos Estados Unidos resultem em preços mais baixos para os importadores norte-americanos”, escreveram os economistas do PIIE na na análise. “Pelo contrário, estudo após estudo mostrou que as tarifas cobradas desde 2017 foram totalmente “repassadas” aos compradores americanos.”
(Com Forbes Internacional/Alison Durkee)