Donald Trump vai ser o 47º Presidente dos EUA, depois de vencer a eleição contra a democrata Kamala Harris. Trump já cantou vitória, sem esperar pelo anúncio oficial, num discurso a partir da Flórida, na madrugada de hoje, quando as projeções dos media norte-americanos o colocavam a apenas três votos eleitorais de alcançar os 270 necessários para regressar à Casa Branca. Entretanto, às 10,40h, desta quarta-feira, já somava 277 lugares, acima dos 270 necessários para vencer.
Para este autocrata com tiques de ditador, as eleições desta terça-feira são a cereja em cima do bolo, na medida em que, nesta altura, tudo aponta para que gerem uma concentração de poder que há décadas não acontecia nos EUA. Isto porque o Partido Republicano, de Trump, fica com a Presidência, a maioria no Senado, a maioria na Câmara dos Representantes e uma sólida maioria no Supremo Tribunal. Ou seja, fica com “carta branca” para tomar todas as medidas que entender, algo que não ocorria desde o final dos anos 1960.
“Também temos o voto popular. Foi muito simpático vencer o voto popular, um grande sentimento de amor”, disse Trump perante os apoiantes, aludindo ao resultado do voto dos cidadãos, superior a 68 milhões, contra 63 milhões para Kamala Harris. Donald Trump afirmou que a América garantiu “um mandato sem precedentes e poderoso”.
“Recuperámos o controlo do Senado (…) Temos um grande grupo de senadores”, sublinhou, após os republicanos terem recuperado a liderança da câmara alta do Congresso, declarou. “E também parece que vamos manter a liderança da Câmara de Representantes”, acrescentou, perante os aplausos dos apoiantes. “Vamos recordar este dia como aquele em que o povo americano recuperou o controlo do seu país”, referiu ainda.
A vitória de 2024 acabou por ser menos dividida do que se esperava. Esta é a segunda vez que Donald Trump ocupa a Casa Branca, depois de em 2016 ter vencido as eleições presidenciais numa corrida então disputada com Hillary Clinton e que o levaram a ser o 45º presidente da nação mais poderosa do mundo. Apesar de todos os anticorpos que semeou pelo seu estilo manipulador e ávido deturpador da realidade, Trump, que foi derrotado em 2020 por Joe Biden, consegue agora a reeleição numa disputa sobre Kamala Harris, vice-presidente desde 2021 e substituta do presidente democrata Joe Biden na candidatura à Casa Branca.
Mas que percurso de vida teve, afinal este magnata, de 78 anos, agressivo, racista, intolerante, machista, desrespeitador das minorias, com um forte discurso anti-imigração e defensor do protecionista económico e que é dono de uma fortuna estimada pela Forbes de 2,3 mil milhões de dólares que o tornam o 1438 homem mais rico do planeta?
Perfil de um autocrata
Donald John Trump nasceu em Queens, Nova Iorque, a 14 de junho de 1946. O seu pai, Fred Trump, era um promotor imobiliário de sucesso. Trump estudou na Academia Militar de Nova Iorque e na Wharton School of Finance and Commerce da Universidade da Pensilvânia.
Em 1971, assumiu o controlo da empresa imobiliária do pai, passando a designar-se Trump Organization. O negócio rapidamente evoluiu para concentrar uma variedade de projetos, incluindo hotéis, resorts, edifícios residenciais e comerciais, casinos e campos de golfe. O seu primeiro de muitos livros foi The Art of the Deal, publicado em 1987. Em 2004, lançou o reality show televisivo The Apprentice.
Em 2005, Donald Trump casou-se com Melania Knauss. Têm um filho, Barron. Trump também tem quatro filhos adultos de casamentos anteriores: Donald Jr., Ivanka, Eric e Tiffany.
Durante as primárias de 2016, Trump derrotou mais de uma dúzia de rivais para ganhar a nomeação republicana. Apesar de ter perdido o voto popular, Trump derrotou a antiga Secretária de Estado Hillary Clinton nas eleições gerais ao ganhar a maioria dos votos do Colégio Eleitoral. O slogan da sua campanha foi “Make America Great Again”.
Sem experiência política anterior, Trump utilizou métodos não convencionais para comunicar as suas prioridades. Nomeadamente, utilizou a plataforma de redes sociais Twitter como principal mecanismo de comunicação direta com o público americano, outros políticos e a imprensa.
Enquanto presidente, promulgou uma importante reforma fiscal e supervisionou a redução da regulamentação federal. As suas políticas comerciais protecionistas incluíram tarifas sobre o alumínio, o aço e outros produtos estrangeiros. A administração Trump também renegociou acordos comerciais com o México, o Canadá, a China, o Japão e a Coreia do Sul. Outras prioridades internas incluíram nomeações para o Supremo Tribunal e para o sistema judicial federal, aumento dos orçamentos militares, controlo agressivo das fronteiras e da imigração, reforma da justiça penal e redução dos preços dos medicamentos sujeitos a receita médica.
Na política externa, a administração Trump transferiu a embaixada dos EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e negociou acordos de normalização entre Israel e vários países. Em 2018, o Presidente Trump participou numa cimeira com Kim Jong Un, marcando a primeira vez que um presidente em funções se reuniu com um líder norte-coreano.
Em 2018, registou-se uma paralisação parcial do governo quando Trump se desentendeu com o Congresso sobre o financiamento de um muro fronteiriço entre os Estados Unidos e o México. O lapso de financiamento durou trinta e cinco dias antes de ser resolvido.
Em 2019, um denunciante federal apresentou uma queixa segundo a qual Trump tinha pressionado o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a investigar o filho do ex-vice-presidente Joe Biden, Hunter, que tinha feito parte do conselho de administração da Bursima Holdings, uma empresa de gás natural na Ucrânia. Mais tarde nesse ano, a Câmara dos Representantes destituiu o Presidente Trump com base em alegações de obstrução ao Congresso e abuso de poder. Em 2020, o Senado absolveu Trump de ambos os artigos de impugnação.
Durante a COVID-19, os críticos argumentaram que a resposta de Trump à pandemia foi tardia e não incentivou suficientemente as práticas de saúde pública para reduzir a propagação do vírus. Os defensores da Trump referem que o programa da administração Trump “Operation Warp Speed” ajudou o sector privado a desenvolver duas vacinas aprovadas. Facto é que, quando Trump deixou o cargo, mais de 400 000 americanos tinham morrido de COVID-19.
Trump perdeu a reeleição para o candidato democrata Joe Biden, mas alegou publicamente que uma fraude eleitoral generalizada tinha afetado o resultado. Os apoiantes do Presidente Trump viajaram para Washington, D.C. para um comício “Save America” em 6 de janeiro de 2021. Trump falou para uma grande multidão na Ellipse, perto da Casa Branca, e encorajou os participantes a protestar contra a contagem dos votos do Colégio Eleitoral no Congresso. O comício tornou-se violento quando os apoiantes do presidente ultrapassaram as forças da ordem, invadindo o Capitólio dos Estados Unidos e perturbando a contagem dos votos. Cinco pessoas morreram em resultado da violência e o complexo do Capitólio sofreu danos de milhões de dólares.
Em 13 de janeiro de 2021, as ações de Trump levaram a Câmara dos Representantes a aprovar outro artigo de destituição: o incitamento à insurreição. É o único presidente da história americana a ser destituído duas vezes pelo Congresso. Agora, está de volta à Casa Branca, ele que afirmou que só uma fraude podia impedi-lo de regressar ao cargo que muitos consideram ser o do “homem mais poderoso do mundo”.
O candidato republicano às presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump, declarou vitória, quando as projeções dos media norte-americanos o colocavam a apenas três votos eleitorais de alcançar os 270 necessários para regressar à Casa Branca.
“É uma vitória política nunca antes vista no nosso país“, afirmou o magnata nova-iorquino a milhares dos seus apoiantes reunidos no Centro de Convenções de Palm Beach, no estado da Florida, depois de ter acompanhado a noite eleitoral no seu ‘resort’ em Mar-a-Lago.
Falando junto da mulher, Melania Trump, que já apresentou como “primeira-dama”, do candidato a vice-Presidente, J.D. Vance, e do presidente da Câmara dos Representantes, o candidato republicano disse que, com esta vitória, irá “ajudar o país a curar-se”.