Três projetos biomédicos portugueses vão ser apoiados pela Fundação ”la Caixa”

A Fundação ”la Caixa” selecionou três projetos nacionais biomédicos no âmbito do Concurso CaixaResearch Validate 2021, que tem como objetivo promover a inovação e a transferência tecnológica para a sociedade e o mercado. Os projetos selecionados têm como objetivo a libertação de medicamentos mediada por nanopartículas para as lesões na espinal medula; a criação de…
ebenhack/AP
O Concurso CaixaResearch Validate 2021 vai apoiar três projetos portugueses da área da biomedicina para validarem as suas tecnologias e elaborarem um roteiro para a sua valorização.
Economia

A Fundação ”la Caixa” selecionou três projetos nacionais biomédicos no âmbito do Concurso CaixaResearch Validate 2021, que tem como objetivo promover a inovação e a transferência tecnológica para a sociedade e o mercado.

Os projetos selecionados têm como objetivo a libertação de medicamentos mediada por nanopartículas para as lesões na espinal medula; a criação de uma tampa inteligente para a esterilização de cateteres; e a inativação de bactérias como alternativa aos antibióticos.

O concurso destina-se a apoiar projetos de inovação que estejam em fase inicial de desenvolvimento, que recebem até 100 mil euros para validar as suas tecnologias e elaborar um roteiro para a sua valorização.

Os projetos selecionados em Portugal são os seguintes:

NanoSpin: libertação de medicamentos mediada por nanopartículas para as lesões na espinal medula
Investigador: Diogo Trigo – Universidade de Aveiro

Todos os anos, entre 250.000 e 500.000 pessoas sofrem uma lesão na espinal medula (LEM). Os sintomas são muito diversos e incluem a perda permanente das funções motoras, dor crónica ou perda do controlo dos esfíncteres.

Dado que a recuperação após uma LEM está diretamente correlacionada com o grau de regeneração, as investigações atuais focaram-se em estimular o crescimento dos axónios no lugar da lesão. No entanto, os neurónios centrais possuem uma capacidade de regeneração extremamente limitada e, até à data, nenhum estudo alcançou resultados clinicamente significativos.

Os investigadores desenvolveram um tratamento inovador, denominado NanoSpin, no qual são administradas nanopartículas carregadas com medicamentos pró-regenerativos nos neurónios afetados. Este método consiste na libertação gradual do medicamento, o que, por um lado, inibe a formação de uma cicatriz glial, que pode impedir a recuperação funcional completa e, por outro lado, ativa os mecanismos de regeneração neuronal. Atualmente, estão a trabalhar na validação pré-clínica desta tecnologia.

Tampa inteligente para a esterilização de cateteres
Investigadora: Inês C. Gonçalves – INEB – Instituto Nacional de Engenharia Biomédica

As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) são um problema grave para os sistemas de saúde em todo o mundo e, só na Europa, causam 25 mil mortes por ano. A principal causa das IACS é a contaminação com bactérias de dispositivos médicos, sobretudo cateteres.

Estas infeções dão origem a complicações com uma elevada taxa de morbilidade e mortalidade dos doentes e custos médicos muito elevados. Os tratamentos atuais não são eficazes para prevenir a infeção e, além disso, contribuem para o desenvolvimento da resistência bacteriana, que é uma grande ameaça para a saúde pública.

A SmartCap é uma tampa para cateteres com um sistema integrado e reutilizável de esterilização baseado na fotoativação de grafeno, que atua no interior do cateter e evita infeções sem causar resistência bacteriana. O objetivo dos investigadores deste projeto é otimizar a tecnologia SmartCap e introduzi-la no mercado.

Desarmar bactérias, uma alternativa inovadora aos antibióticos
Investigador: Ricardo Monteiro – i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto – Associação

A utilização excessiva de antibióticos é responsável pelo aparecimento de resistência bacteriana aos fármacos, um problema que a Organização Mundial de Saúde definiu como uma das grandes ameaças enfrentadas pela humanidade no futuro próximo.

Além de fazer aumentar o número de mortes e de incapacidades, as resistências antimicrobianas estão associadas a internamentos hospitalares mais prolongados, maiores custos com cuidados de saúde e perda da qualidade de vida dos doentes.

Nos últimos anos, tem sido explorada uma alternativa inovadora para prevenir as resistências, cuja estratégia consiste em “desarmar” a bactéria em vez da eliminação bacteriana por parte dos fármacos tradicionais. Este projeto centra-se num composto candidato que atua sobre os açúcares da parede celular bacteriana e torna a Listeria monocytogenes menos infeciosa e mais sensível aos antibióticos sem, porém, matá-la.

Esta bactéria é o patógeno Gram-positivo de origem alimentar que conta com a maior proporção de casos hospitalares e o maior número de mortes na Europa. O objetivo é conseguir a validação clínica deste composto e explorar o seu potencial como estratégia complementar para combater as infeções bacterianas, em combinação com antibióticos.

A Fundação ”la Caixa” lançou o Programa CaixaResearch Inovação em Portugal em 2019, em conjunto com a Caixa Capital Risc e com o apoio do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT Health).

A Fundação ”la Caixa” implementou o Programa CaixaResearch Inovação em Portugal no ano de 2019, em conjunto com a Caixa Capital Risc e com o apoio do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT Health). Desde então, foram atribuídos 1,8 milhões de euros a 13 projetos portugueses.

Mais Artigos