As colocações de colaboradores em trabalho temporário diminuíram 13,5% no primeiro trimestre de 2024, face ao primeiro trimestre de 2023, mantendo-se 24,3% abaixo dos valores registados em 2019, antes da pandemia. Os números foram divulgados pelo Barómetro do Trabalho Temporário, realizado pela APESPE-RH – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e de Recursos Humanos, em parceria com o ISCTE (Instituto Universitário de Lisboa).
Em números efetivos, no primeiro trimestre foram colocadas menos 4.075 pessoas em janeiro, menos 4.393 em fevereiro e menos 4.856 pessoas em março. O mesmo estudo revela que o Índice do Trabalho Temporário (Índice TT), que desde junho de 2023 apresenta um decréscimo gradual, continua a diminuir desde o início do ano, fixando-se em 0,87 em janeiro e fevereiro e 0,86 em março. Estes valores são inferiores ao índice registado nos meses homólogos do ano anterior.
Já no que diz respeito à distribuição etária, entre 26% a 27% dos colocados têm idade média acima dos 40 anos, e o ensino básico mantém-se o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas, representando entre 55% e 57%.
“O primeiro trimestre de 2024 ficou marcado por uma tendência menos positiva no que diz respeito ao número de colocações no setor de trabalho temporário. Observamos uma diminuição face a este mesmo período desde 2019, ou seja, os últimos cinco anos têm apresentado consecutivamente e consistentemente números decrescentes”, refere, em comunicado, Afonso Carvalho, presidente da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego e Recursos Humanos). Diz ainda que “existem vários fatores que podem ajudar a explicar estes valores, nomeadamente os setores de atividade que predominantemente utilizam mais ou menos trabalhadores com contrato de trabalho temporário e que, de uma forma geral, estão em baixa, a situação económica, a instabilidade que vivemos atualmente, os receios de contratação, o aumento da inflação e os excessivos custos associados à contratação de trabalhadores, independentemente do tipo de contrato, o que faz com que as empresas estejam muito mais prudentes e outras a travarem a fundo”.
Menos trabalhadores do género feminino
Relativamente à caracterização dos trabalhadores temporários, verifica-se uma ligeira diminuição da contratação de trabalhadoras do género feminino em janeiro, que representaram 44% do total, face a fevereiro e março que representaram 45%.
Já no que diz respeito à distribuição etária, entre 26% a 27% dos colocados têm idade média acima dos 40 anos, e o ensino básico mantém-se o nível de escolaridade predominante nas colocações efetuadas, representando entre 55% e 57% durante o primeiro trimestre. As colocações de ensino secundário, situaram-se entre os 31% e os 37% e os trabalhadores com licenciatura são, em média, 10% dos colocados.
Por setores, mantém-se em primeiro lugar o da fabricação de componentes e acessórios para veículos automóveis que acolheu entre 11% e 13% dos trabalhadores temporários, seguindo-se, em segundo lugar, as empresas de fornecimento de refeições para eventos e outras atividades, seguindo-se no top as atividades de serviços de apoio prestados às empresas.
Organizando os dados por classes profissionais, o primeiro lugar foi ocupado pelo segmento “Outras profissões elementares”, com 32% a 34% dos trabalhadores, seguindo-se os “Empregados de aprovisionamento, armazém, de serviços de apoio à produção e transportes” com 17% a 19%. Em terceiro lugar, no mês de janeiro estão os “Trabalhadores não qualificados da indústria transformadora”, com 8%, e nos meses de fevereiro e março, os “Assistentes na preparação de refeições”.