“Diversidade é ser convidado para a festa. Inclusão é ser convidado para dançar”. A frase é da consultora em questões de raça, etnia, género e orientação sexual e também vice-presidente da Netflix para a estratégia de inclusão, Vernā Myers, nomeada depois da demissão do diretor de comunicação da operadora por este ter usado ofensas raciais no local de trabalho. Ter uma estratégia de diversidade e inclusão, já não é uma moda, mas é cada vez mais um fator de melhoria da gestão das organizações. É uma ferramenta de produtividade, de inovação e até de ganhos financeiros.
É um dado adquirido que pessoas com diferentes origens, formações e experiências de vida são capazes de identificar nas organizações problemas, desafios, obstáculos, riscos e soluções também diferentes.
A Partner da PwC e Diversity & Inclusion Leader, Maria Antónia Torres, não tem dúvidas que, apostando-se na diversidade, “as organizações tornam-se, assim, mais capazes de antecipar as mudanças, de analisar as diferentes vertentes de um problema e de serem mais inovadoras na descoberta de soluções”.
A Partner da PwC lembra que, “sem essa diversidade, reduzimos a nossa capacidade de antecipar tendências, de tomar decisões e de tomar boas decisões, pelos que os ganhos são, de facto, relevantes”. Numa altura em que a capacidade de captar e reter talento pode ser motivo de luta nalgumas áreas, Maria Antónia Torres sublinha que “é cada vez mais relevante as políticas de diversidade e inclusão, que são um aspeto distintivo da organização para os candidatos”.
Sobre a realidade portuguesa, Maria Antónia Torres refere que as empresas estão em diferentes graus de desenvolvimento. “Temos organizações cuja estratégia de D&I está ao nível das melhores empresas do mundo e temos, obviamente, muitas empresas às quais o tema ainda não se colocou sequer”, detalha a mesma fonte.
O executive manager da Michael Page, Vasco Salgueiro, também salienta os aspetos positivos de se ter estratégia de diversidade e inclusão sólida ao afirmar que “gera potencial para criação de novo talento, com novas perspetivas, origens e experiências e aumenta a capacidade da empresa produzir e inovar”. Vasco Salgueiro detalha que “a aposta em políticas de diversidade e inclusão é um incentivo à produtividade, que contribui para um desenvolvimento sustentável das empresas, e dos seus colaboradores”. E identifica como ganhos para as empresas o aumento dos índices de satisfação no local de trabalho, sentido de pertença, otimização do processo de aculturação, retenção, maior compromisso, dedicação, aumento dos índices de profissionalismo que impactam nos índices de produtividade e felicidade no local de trabalho.
Apesar de admitir que as empresas portuguesas estão preparadas para a integração da diversidade e inclusão nas suas estratégias, Vasco Salgueiro alerta que eventuais melhorias “podem advir mais da consciencialização e responsabilidade social das empresas e trabalhadores do que ações dos Governos”. Ainda assim, destaca que “incentivos financeiros e fiscais associados a alterações legislativas podem criar as condições ideais para impulsionar a adoção destas práticas de D&I nas organizações”.